domingo, agosto 13, 2017

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Por que há deficientes?



Por Hermes C. Fernandes

Sou pai de uma linda menina portadora de necessidades especiais. Rayane, hoje com vinte e quatro anos, sofreu uma lesão cerebral ocasionada pela falta de oxigenação na hora do parto, afetando tanto a fala, quanto o desenvolvimento motor e cognitivo. Graças à uma intervenção divina, ela veio andar aos seis anos, contrariando o prognóstico médico. Sinto-me privilegiado por ter sido escolhido por Deus para ser pai deste ser maravilhoso que tanto me tem ensinado acerca do amor e da força de vontade em superar limites. Definitivamente, eu não seria o mesmo sem Rayane.

Pesquisando pela internet, percebo quão raro é encontrar literatura cristã tratando do assunto. Seria este um tabu entre os cristãos? Quantas mensagens já ouvimos sobre o tema em nossos púlpitos? Por que outras tradições religiosas como o espiritismo kardecista se debruçam sobre ele sem qualquer recato, enquanto as igrejas preferem varrê-lo para debaixo do tapete?

Pior do que ignorar é oferecer respostas carregadas de preconceitos e pressupostos simplistas. Enquanto uns preferem espiritualizar a questão, atribuindo qualquer deficiência à atuação demoníaca, outros preferem fazer uma leitura moralista, como se o portador de necessidades especiais fosse um castigo divino aos erros de seus progenitores.

O que as Escrituras têm a nos dizer?

Começando pelo Antigo Testamento, a primeira coisa que percebemos são as restrições à participação dos deficientes físicos ou mentais em atividades sacerdotais. Para alguns, fica a impressão de que o Deus dos hebreus não tem qualquer apreço por estas criaturinhas indefesas. Veja, por exemplo, o que diz Levítico 21:16-24:
“Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo: Fala a Arão, dizendo: Ninguém da tua descendência, nas suas gerações, em que houver algum defeito, se chegará a oferecer o pão do seu Deus. Pois nenhum homem em quem houver alguma deformidade se chegará; como homem cego, ou coxo, ou de nariz chato, ou de membros demasiadamente compridos, ou homem que tiver quebrado o pé, ou a mão quebrada, ou corcunda, ou anão, ou que tiver defeito no olho, ou sarna, ou impigem, ou que tiver testículo mutilado. Nenhum homem da descendência de Arão, o sacerdote, em quem houver alguma deformidade, se chegará para oferecer as ofertas queimadas do Senhor; defeito nele há; não se chegará para oferecer o pão do seu Deus. Ele comerá do pão do seu Deus, tanto do santíssimo como do santo. Porém até ao véu não entrará, nem se chegará ao altar, porquanto defeito há nele, para que não profane os meus santuários; porque eu sou o Senhor que os santifico. E Moisés falou isto a Arão e a seus filhos, e a todos os filhos de Israel.”
O que será que Deus teria contra esses indivíduos? Por que os proibiu de ser sacerdotes? Seria este um juízo moral?

Alguns exegetas afirmam que a perfeição física exigida aos sumo-sacerdotes apontaria para a perfeição moral de Cristo, o Sumo-Sacerdote da Nova Aliança. Uma vez que, segundo Paulo, a Lei contenha a sombra de uma realidade que só se revelaria sob os auspícios da Nova Aliança, há de se supor que tal interpretação possa estar correta. Porém, não encerra toda a verdade.

Primeiro, devemos ressaltar que estas regras só se aplicavam ao cargo de Sumo Sacerdote. Somente o ele poderia atravessar o véu e chegar-se ao altar para oferecer o sacrifício. Àquela época, ninguém se tornava sacerdote por escolha própria. Apenas os descendentes de sacerdotes podiam exercer o sagrado ofício. Portanto, independente de sua condição física, um descendente de Arão era alçado à posição sacerdotal. Todavia, se possuísse qualquer deficiência física ou mental, não poderia ser um Sumo Sacerdote. Um anão, por exemplo, não conseguiria abater um animal oferecido em sacrifício, nem tampouco alcançaria as hastes da Menorah que media mais de três metros de altura para acender as luzes do lugar santo, atividades que ele deveria exercer sem apelar para ajuda de ninguém. Imagine agora um sacerdote coxo tendo que ficar de pé entre sete e catorze horas encabeçando o ritual de abatimento de animais. E como um cego poderia identificar as veias certas do animal a ser degolado, evitando um sofrimento desnecessário? Como alguém com defasagem intelectual poderia julgar os delitos cometidos pelas pessoas?

Portanto, tais regras não visavam excluir os portadores de deficiência, mas poupá-los de um trabalho para o qual não estavam habilitados devido à sua condição.

Ninguém, em sã consciência, confiaria a um cego a direção de um carro. Porém, isso jamais deveria ser pretexto para que subestimássemos a capacidade dos portadores de necessidades especiais. Se não podem exercer uma ou outra atividade, certamente são plenamente capazes de tantas outras. Alguns chegam mesmo a nos surpreender, desenvolvendo habilidades notáveis.

Permita-me usar os termos “deficientes” e “portadores de necessidades especiais” de maneira intercambiável, sem qualquer juízo de valor e sem me preocupar em ser politicamente correto. Minha preocupação é de ser compreendido. Por isso, vou evitar termos técnicos e conceitos desconhecidos pelo senso comum. 

Em todas as sociedades, tais indivíduos sempre foram alvo de preconceito. Em algumas delas, como a grega, apesar de seu avanço no campo da filosofia e das artes, os deficientes eram descartados assim que nasciam, por serem considerados um peso extra. Se não pudessem lutar pela cidade numa eventual invasão inimiga, logo, não tinham o direito de viver.

Basta uma olhada mais atenciosa no Antigo Testamento para verificar que, graças às instruções contidas na lei, o povo hebreu experimentou um avanço na compreensão da dignidade que deveria ser atribuída ao deficiente. O respeito com que deveriam tratar os deficientes revelaria o grau de temor e reverência que tinham para com Deus. Repare a ênfase do mandamento:
“Não amaldiçoes o surdo, nem ponhas tropeço diante do cego, mas temerás o teu Deus. Eu sou o Senhor.” Levítico 19:14
Era como se Deus dissesse: Quem mexer com eles vai se ver comigo! Ainda que o surdo jamais ouça os xingamentos e maldições lançados sobre ele, nem o cego veja o tropeço posto em seu caminho, Deus toma tais ofensas como se dirigidas a Ele próprio. Como todo mandamento, há sanções aplicadas àqueles que desrespeitam o deficiente: “Maldito quem desviar o cego do seu caminho” (Dt.27:18).

É característica do justo o tratar bem o portador de necessidades especiais. Por isso, Jó declara, ao relembrar de seus tempos áureos, que costumava ser “os olhos do cego e os pés do coxo” (Jó 29:15), o que evidenciava a pureza de seu caráter.

Apesar dos avanços patrocinados pela lei entregue por Deus a Moisés, ainda restava um ranço de preconceito contra os deficientes entre os hebreus. Prova disso é o injustificável ódio que Davi nutria contra esses indivíduos durante uma fase de sua vida. Tente não sentir-se constrangido diante do relato abaixo:
“Em Hebrom reinou sobre Judá sete anos e seis meses, e em Jerusalém reinou trinta e três anos sobre todo o Israel e Judá. E partiu o rei com os seus homens a Jerusalém, contra os jebuseus que habitavam naquela terra; e falaram a Davi, dizendo: Não entrarás aqui, pois os cegos e os coxos te repelirão, querendo dizer: Não entrará Davi aqui. Porém Davi tomou a fortaleza de Sião; esta é a cidade de Davi. Porque Davi disse naquele dia: Qualquer que ferir aos jebuseus, suba ao canal e fira aos coxos e aos cegos, a quem a alma de Davi odeia. Por isso se diz: Nem cego nem coxo entrará nesta casa.” 2 Samuel 5:5-8
Como alguém dotado de sensibilidade ímpar como Davi seria capaz de odiar indivíduos indefesos? Que bom que, como todo ser humano, Davi teve a oportunidade de rever sua postura extremamente preconceituosa.  Tanto que ao tomar conhecimento da existência de um filho deficiente de seu saudoso amigo Jônatas, mandou buscá-lo em casa e o constituiu príncipe em seu reino. Davi sustentou a Mefibosete até o fim de sua vida, mesmo sendo neto de seu arquirrival Saul (2 Sm.9:13).

Davi jamais poderia imaginar que séculos depois, um deficiente visual que mendigava à margem da estrada foi o primeiro a enxergar o que ninguém parecia ter notado: Aquele jovem galileu que arrastava multidões por onde andava era ninguém menos que o Descendente prometido por Deus a Davi e que assumiria seu trono para sempre.

É um consolo ler que as Escrituras buscam resgatar o valor do deficiente. Porém, isso não responde a mais das intrigantes perguntas: por que existem deficientes?

Esta pergunta também intrigava os discípulos de Jesus. O que os levou a perguntar a razão pela qual um homem era cego desde que nascera. Ecoando crenças difundidas entre os judeus, indagaram a Jesus se sua cegueira teria sido causada por seus próprios pecados ou pelos pecados cometidos por seus pais. Sem titubeios, Jesus lhes respondeu: “Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus” (Jo.9:3).

A crença articulada pelos discípulos atribuía qualquer deficiência física ou mental congênita ao pecado,  quer por parte do próprio portador (talvez numa vida anterior), ou por parte dos seus progenitores (neste caso, a deficiência seria uma espécie de maldição hereditária). Jesus desfere um golpe neste tipo de raciocínio raso e perverso. A graça por Ele revelada subverte a lógica do carma.

Em vez de um juízo moral, Jesus prefere enxergar naquela deficiência a oportunidade para a manifestação das obras de Deus.

Ora, que “obras” Deus poderia manifestar ao mundo através desses indivíduos? Nesse caso em particular, Jesus restaurou-lhe a visão.  Será que tais obras se limitariam à realização de milagres? Caso seja, então, por que nem todos os cegos são curados? Por que a maioria dos deficientes segue em sua débil condição mesmo depois de conhecer o amor de Cristo revelado no Evangelho?

São questões inquietantes, responsáveis pela postura equivocada adotada por muitas igrejas. Se o milagre não acontece, logo, conclui-se que a glória de Deus não se manifestou, restando-lhe uma alternativa: atribuir aquela condição à falta de fé do indivíduo ou daquele que intercedeu. Para eles, a glória de Deus só se manifesta se o paralítico saltar da cadeira de rodas e sair andando, se o mudo soltar a língua e falar, se o surdo ouvir perfeitamente e o cego puder descrever a aparência do pregador. É lamentável ver quantos destes deficientes já foram vítimas de todo tipo de sensacionalismo por parte dos que se apresentam ao mundo como a solução de todos os problemas.

Recentemente deparei-me com um anúncio publicado no facebook em que um autodenominado apóstolo se apresenta como ex-síndrome de down, que teria ido ao inferno sete vezes e morrido cinco vezes. Como se não bastasse, o sujeito cobra uma considerável quantia em dinheiro para assistir às suas palestras e receber sua oração. É este tipo de coisa que atenta contra a credibilidade da igreja atual. Quanta esperança falsa está sendo alimentada no coração dos incautos. Espero que da próxima vez que ele for ao inferno, ele fique por lá. Mas parece que nem o diabo caiu no seu conto e resolveu devolvê-lo com casca e tudo. Perdoem-me o sarcasmo. Mas só assim para aturar este tipo de coisa sem dizer impropérios. Ele deveria estar na cadeia.

Que Jesus segue curando, não tenho a menor dúvida. Minha filha é uma prova disso. Desenganada pela medicina, ela passou a andar em pleno culto dominical, sem que ninguém mandasse. Porém, ela não deixou de ser portadora de necessidades especiais.  Se quiser saber com detalhes, assista ao vídeo em que relato o testemunho de como conheci a graça de Deus através da minha filha. O vídeo está disponível em meu canal do youtube e na lateral do meu blog.

Todavia, as obras de Deus não se manifestam nestes indivíduos apenas através de um eventual milagre.

Vejamos, por exemplo, o caso de Mefibosete. Este era paraplégico. Não de nascença, mas por causa de uma queda sofrida quando ainda era um bebê. Que “obra” Deus manifestou ao mundo através dele? Que milagre o Senhor teria feito? Nele, nenhum. Pelo menos, não um milagre físico e aparente. Mas através dele, Deus operou um grande milagre no coração de Davi. Como vimos algumas linhas acima, Davi odiava “cegos e coxos”. Para que pudesse ser, de fato, um homem segundo o coração de Deus, Davi teria que aprender a amar o que Deus ama, sem jamais desprezar o que Deus não despreza.  Convidar a Mefibosete para que ocupasse lugar de honra em seu reino foi um enorme salto na vida de Davi. Ouso dizer que o preconceito que teve que vencer em si mesmo foi um gigante muito maior do que Golias.

Portanto, concluo que os portadores de deficiência são canais através dos quais a graça de Deus nos é ministrada. A maneira como lidam com suas limitações nos enternece o coração e nos desafia a enfrentar nossos próprios limites.

Vejamos, ainda, o caso de Moisés.
“Então disse Moisés ao SENHOR: Ah, meu Senhor! eu não sou homem eloquente, nem de ontem nem de anteontem, nem ainda desde que tens falado ao teu servo; porque sou pesado de boca e pesado de língua. E disse-lhe o SENHOR: Quem fez a boca do homem? ou quem fez o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o SENHOR? Vai, pois, agora, e eu serei com a tua boca e te ensinarei o que hás de falar.” Êxodo 4:10-12
Já ouvi argumentos afirmando que Deus não seria responsável pelo nascimento de pessoas especiais. Porém, nesta passagem, Deus toma para Si a responsabilidade. Foi Ele quem as criou, e as fez com um propósito.

Não sabemos ao certo qual seria a deficiência de Moisés. Cogita-se que ele fosse gago. Ainda assim não sabemos se sua “gagueira” teria origem emocional ou neurológica. Mas Deus o envia ao homem mais poderoso da Terra, a fim de confrontá-lo e libertar Seu povo da escravidão.

Ele faz uso de pessoas com deficiência, seja física ou mental, para dar exemplo de vida para quem aparentemente é saudável (Leia 1 Co.1:25-29). Quantos exemplos de pessoas que mudaram radicalmente sua postura, depois de ver ou ouvir testemunhos de superação de pessoas com algum tipo de deficiência. Emocionamo-nos quando percebemos o legado de pessoas como Stephen Hawking, o famoso físico que do alto de sua cadeira de rodas ocupa a cátedra que um dia foi ocupada por ninguém menos que Isaac Newton. Emocionamo-nos quando tomamos ciência de que algumas das mais lindas sinfonias foram compostas por um deficiente auditivo. Refiro-me a ninguém menos que Ludwig Van Beethoven.

A pior deficiência não é a de ordem física ou mental, mas a de caráter que se manifesta principalmente através do preconceito.

Consola-nos saber que tais deficiências não se constituem numa sentença irrevogável.  Nossas limitações, sejam quais forem, são temporárias. Paulo diz em 1 Coríntios 15:53 que “é necessário que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade.” Um dia, quando Cristo despontar no horizonte celeste, os deficientes serão plenamente restaurados. “Então os olhos dos cegos serão abertos, e os ouvidos dos surdos se abrirão. Então os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará; porque águas arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo. E a terra seca se tornará em lagos, e a terra sedenta em mananciais de águas; e nas habitações em que jaziam os chacais haverá erva com canas e juncos. E ali haverá uma estrada, um caminho, que se chamará o caminho santo; o imundo não passará por ele, mas será para aqueles; os caminhantes, até mesmo os loucos, não errarão” (Isaías 35:5-8).

Enquanto não chega este dia, convém-nos lutar pelos direitos da pessoa portadora de qualquer deficiência, sem subestimar seu potencial de superação, mas também respeitando suas limitações sem jamais nos esquecer de nossas próprias. 

Se você tem um destes seres especiais em sua casa, sinta-se um privilegiado. Deus só dá pessoas especiais para famílias especiais. Trate-os, não apenas como portadores de necessidades especiais, mas como portadores de uma mensagem do céu para você, sua família e toda a humanidade. 

9 comentários:

  1. Trate-os, não apenas como portadores de necessidades especiais, mas como portadores de uma mensagem do céu para você, sua família e toda a humanidade

    Perfeito!!!

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  2. Eu tinha uma irmãzinha que sempre morou com os meus pais. Depois da morte do meu pai, em 2004, passou a ser a companheira da minha mãe. Ela tinha o síndrome de autismo.
    Tinha o espírito de união: gostava de ver a família sempre reunida aos domingos, na casa da minha mãe. Percebíamos sua tristeza quando íamos embora. Às vezes até chorava.
    Era uma pessoa extremamente amorosa e hospitaleira. Tinha prazer de receber em casa parentes, amigos, vizinhos... Recebia à todos com alegria e ternura. Era muito amada pelas pessoas.
    Mas, nos últimos meses, começou a se manifestar uma certa enfermidade em seu corpo. Foi ao médico, que lhe indicou um tratamento medicamentoso com o qual obteve uma certa melhora.
    Porém, passado alguns dias, sua situação começou a se agravar... e nesses dias tenho uma visão do mundo espiritual ao seu respeito:
    Uma noite, me deito para dormir, fecho os olhos e vejo, insistentemente, um coveiro tirando a terra com uma pá, como que fosse para fazer uma cova. Logo em seguida vejo minha irmãzinha deitada, dormindo numa cama, parecida com as camas dos hospitais, com um avental branco e uma coberta da cintura para baixo.
    Depois dessas duas visões, já a contemplo em um outro lugar: no seu quarto, deitada em sua cama, quando de repente surge um ser de luz, quase translúcido, que paira sobre ela. Nisso, vejo uma espécie de névoa branquinha, iluminada, sair de dentro dela e ir de encontro a esse ser. Esse anjo recebe e ampara o espírito da minha irmãzinha. Depois vejo os dois subindo e desaparecendo logo em seguida.
    Essas cenas se desenrolam na minha mente como filmagens de slides. De repente, as visões param. Sinto que era um aviso, que minha irmã ia partir em breve.
    Passado uns dias, minha irmãzinha teve que ser internada. Fica no hospital uns 3 dias. Vou visitá-la no segundo dia, mas meu cunhado vai no primeiro dia e tira uma foto dela, dormindo. Chegando em casa, nos mostra a foto: era igual a visão que tive dela no hospital.
    Teve alta, veio para casa e ficou alguns dias conosco. Uns dias antes da sua morte, começa a inchar muito e mal consegue andar.
    Quando foi no dia 05.10.2011, às 4:30 hrs da madrugada, meu telefone toca. Era a minha outra irmã em prantos, em voz alta, avisando que minha irmãzinha tinha acabado de falecer. Faleceu em casa, na sua cama.
    No dia seguinte foi o seu funeral. Na hora de enterrá-la, vejo o coveiro removendo a terra, e me lembro da visão.
    Sei que o meu anjo voltou para o seu verdadeiro lar. Veio na Terra para nos ensinar a lição sobre o amor. Foi isso que ela deixou marcado em nossos corações.
    Sei que sempre a amarei para toda eternidade...

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  3. Acredito que os maiores deficientes ♿ são aqueles que com perfeita saúde não conseguem se mover, ajudar, ser compassivo com o outro ou tentar, pois é isso que vejo os deficientes físicos fazendo, eles tentam todos os dias e vencendo seus limites são maiores que muitos.

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  4. Como portador de necessidades especiais eu percebo duas vias perigosas no trato deste assunto: a via da demonização e exclusão do deficiente, e a via da sacralização que ignora tb a realidade da queda alcançou gnt como nós(uma espécie de coitadismo espiritual que em última instância tb se torna religião de mérito), pq precisamos de tratamento igual, onde todas as nossas potencialidades inclusive para pecar sejam reconhecidas. O texto foi bom pois me despertou o desejo de escrever tb um texto da. Perspectiva de um deficiente sob a ótica da tríade criação-queda-redenção...

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    1. Por favor quando escrever seu texto me faça saber. Sou mae de dois adolescentes autistas e esposa de um deficiente fisico. Abs

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  5. Concordo, Deus só permite a companhia desses seres angelicais a pessoas muito especiais. É um aprendizado mútuo, um se beneficia do amor do outro para o crescimento espiritual. Parabéns pelo texto, tocou fundo em meu coração.

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  6. Regina Ferreira3:24 PM

    Também tenho uma filha de 22 anos com paralisia cerebral, teve comprometimento dos membros inferiores, mas é linda, terminando a faculdade de comunicação social, ela é minha paixão, aprendi a amar a Deus de uma forma tão diferente depois do diagnóstico, as barreiras são grandes, sofremos e sorrimos juntos porque cada vitória dela é nossa também. Não é fácil ter um filho especial mas aprendemos a ver a vida com os olhos de Deus.

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  7. Anônimo9:54 PM

    Bem tenho uma deficiência. Nao subo escadas . Fui em varias Igrejas Evangélicas nenhuma tem rampa ou elevador. A unica que tinha rampa, resolveram que eu tinha que ficar curada. Foi um constrangimento Tive que sair. A coisa no meio evangélico passa mesmo por pecado ou maldição. A sua presença na Igreja denúncia que Deus não é tão poderoso que nao possa curar uma paralisia. Então fazem tudo pra você ir embora inclusive te segregar. Grande abraço.

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