sexta-feira, agosto 15, 2014

0

Qual o prazo de validade daquilo que você está construindo na vida?




Por Hermes C. Fernandes

Obviamente, é mais conveniente construir com palha, pois a mesma é encontrada com abundância na natureza. Trata-se daquilo que um dia era verde, tinha raízes, frescor,e agora está seco, porém com  relativa resistência.

Os antigos egípcios faziam seus tijolos a partir da mistura de barro com palha. Quando Moisés anunciou a Faraó a firmeza de seu propósito em tirar seu povo do Egito para adorar a Deus no deserto, este ordenou que os oficiais egípcios privassem os hebreus da palha com que fabricavam os tijolos.

“Portanto deu ordem Faraó, naquele mesmo dia, aos exatores do povo, e aos seus oficiais, dizendo: Daqui em diante não torneis a dar palha ao povo, para fazer tijolos, como fizestes antes: vão eles mesmos, e colham palha para si. E lhes imporeis a conta dos tijolos que fizeram antes; nada diminuireis dela, porque eles estão ociosos; por isso clamam, dizendo: Vamos, sacrifiquemos ao nosso Deus.” Êxodo 5:6-8

Agora, eles teriam que providenciar sua própria palha, sem deixar que a produção diminuísse. Para Faraó, aquelas ideias abolicionistas eram fruto de mentes ociosas. Por isso, para evitar um levante, era necessário mantê-los mais ocupados. Portanto, procurar por palha servia como distração. Algo como "pão e circo", lema usado pelos romanos para manter o povo ocupado demais para pensar. 

Todos os sistemas erigidos pelo gênio humano são feitos de palha. Podem até durar uma ou mais gerações, mas eventualmente serão reduzidos a nada. Ainda é possível encontrar muitas construções creditadas aos antigos egípcios, porém o império que as patrocinou só existe nos livros de História. Não restou pedra sobre pedra. Ainda que cada império tenha deixado algum legado para a posteridade, o sistema em si entrou em colapso. Seu prazo de validade expirou.

Poderíamos dizer que cada sistema experimenta seu próprio “apocalipse”. Foi assim com Jerusalém e seu sistema cúltico no ano 70 d.C. Foi assim com Roma, com o império Bizantino, com as potências náuticas do século XV, com os impérios pré-colombianos das Américas, com a França de Napoleão, com a Alemanha nazista de Hitler, com o fascismo de Mussolini, com o comunismo no Leste Europeu, com a Rússia, e certamente será assim com a hegemonia americana e a civilização ocidental. Todos estão fadados a desaparecer. 

Se quisermos construir nossas vidas a partir desse mesmo material, não precisamos sequer nos esforçar tanto. Basta que nos conformemos aos valores vigentes neste mundo.

Porém, se almejamos algo a mais, um legado para a posteridade, que sobreviva à nossa partida e beneficie às gerações vindouras, temos que escolher outro material para a edificação de nosso edifício existencial.

O salmista afirma que Deus, ao tirar Seu povo do Egito, fê-los sair “com prata e ouro e entre as suas tribos não houve um só enfermo” (Salmos 105:37). O coração dos egípcios compadeceu-se deles, indenizando-os com ouro e prata por todo tempo em que os tinha servido de graça (Êx.12:35-36).

Apesar dos egípcios terem sido os canais pelos quais os hebreus foram abençoados com tamanha fartura de metais preciosos, a fonte única e inesgotável é o Senhor. Foi Ele mesmo quem disse: “Minha é a prata, meu é o ouro, disse o Senhor dos Exércitos” (Ageu 2:8).

Tanto o ouro, quanto a prata são símbolos da verdadeira sabedoria e da prudência, respectivamente. O sábio Salomão declara: “Quão melhor é adquirir a sabedoria do que o ouro! e quão mais excelente é adquirir a prudência do que a prata!” (Provérbios 16:16).

Ouro e prata não são encontrados com a mesma facilidade que a palha. Entretanto, qualquer coisa confeccionada com tais metais, está destinada a durar para sempre. A menos que seja derretida numa temperatura altíssima. Já a palha queima rapidamente, bastando uma faísca.

Como já vimos, cada um desses materiais tem seu próprio fornecedor. Se quisermos palha, o mundo prontamente nos atenderá (pode ser que às vezes nos faça como fez Faraó aos hebreus, dificultando um pouco nossa busca). Mas se quisermos ouro e prata, teremos que buscá-los em Deus, fonte de toda sabedoria.

Tiago nos traça um paralelo entre a sabedoria adquirida em Deus e a oferecida pelo mundo.

“Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria. Mas, se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica. Porque onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa. Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia.” Tiago 3:13-17

A prova dos nove para que nos certifiquemos de que a sabedoria esboçada por alguém tem boa proveniência é o trato dispensado aos outros. O sábio segundo o mundo costuma ser arrogante, pedante, cheio de prepotência. Mal sabe que sua pseudo-sabedoria não passa de palha, ou nas palavras de Paulo, não passa de loucura. 

A palha é seca, sem viscosidade, semelhante a um coração cheio de inveja e partidarismo. Tal sabedoria tem tripla proveniência: o mundo, a carne e o diabo. Ela é terrena pois está comprometida com os valores mantenedores do sistema. É o óleo que lubrifica as suas engrenagens. É animal pois se baseia em nossos mais primitivos instintos, tendo como objetivo principal a nossa sobrevivência. É diabólica porque é atiçada pelo adversário de nossa alma, a saber, o próprio Satanás, o impostor dos impostores.

Já a sabedoria que vem do alto é preciosa, pura, gentil, cheia de bons modos, cavalheira, equilibrada, discreta, carinhosa, desprovida de falsidade, despreocupada em fazer média ou em desbancar o outro. Ela é o material com que o Reino de Deus é edificado entre os homens. 

Cada um de nós é responsável pela construção de seu próprio edifício existencial no lote que recebemos na Santa Cidade chamada vida. Se por ventura não nos acharmos competentes o suficiente para tal empreitada, atendamos à sugestão de Tiago:

“E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada.” 
Tiago 1:5

Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário