Por Hermes C. Fernandes
Obviamente, é mais
conveniente construir com palha, pois a mesma é encontrada com abundância na
natureza. Trata-se daquilo que um dia era verde, tinha raízes, frescor,e agora
está seco, porém com relativa
resistência.
Os antigos egípcios
faziam seus tijolos a partir da mistura de barro com palha. Quando Moisés
anunciou a Faraó a firmeza de seu propósito em tirar seu povo do Egito para
adorar a Deus no deserto, este ordenou que os oficiais egípcios privassem os
hebreus da palha com que fabricavam os tijolos.
“Portanto deu ordem Faraó, naquele mesmo dia, aos exatores do povo, e
aos seus oficiais, dizendo: Daqui em diante não torneis a dar palha ao povo, para
fazer tijolos, como fizestes antes: vão eles mesmos, e colham palha para si.
E lhes imporeis a conta dos tijolos que fizeram
antes; nada diminuireis dela, porque eles estão ociosos; por isso clamam,
dizendo: Vamos, sacrifiquemos ao nosso Deus.” Êxodo 5:6-8
Agora, eles teriam que
providenciar sua própria palha, sem deixar que a produção diminuísse. Para
Faraó, aquelas ideias abolicionistas eram fruto de mentes ociosas. Por isso, para
evitar um levante, era necessário mantê-los mais ocupados. Portanto, procurar
por palha servia como distração. Algo como "pão e circo", lema usado pelos romanos para manter o povo ocupado demais para pensar.
Todos os sistemas
erigidos pelo gênio humano são feitos de palha. Podem até durar uma ou mais
gerações, mas eventualmente serão reduzidos a nada. Ainda é possível encontrar
muitas construções creditadas aos antigos egípcios, porém o império que as
patrocinou só existe nos livros de História. Não restou pedra sobre pedra. Ainda
que cada império tenha deixado algum legado para a posteridade, o sistema em si
entrou em colapso. Seu prazo de validade expirou.
Poderíamos dizer que
cada sistema experimenta seu próprio “apocalipse”. Foi assim com Jerusalém e seu sistema cúltico no ano 70 d.C. Foi assim com Roma, com o império Bizantino, com as potências náuticas do século XV, com os impérios pré-colombianos das Américas, com a França de Napoleão, com a Alemanha nazista de Hitler, com o fascismo de Mussolini, com o comunismo no Leste Europeu, com a Rússia, e certamente será assim com a hegemonia americana e a civilização ocidental. Todos estão fadados a desaparecer.
Se quisermos construir
nossas vidas a partir desse mesmo material, não precisamos sequer nos esforçar tanto.
Basta que nos conformemos aos valores vigentes neste mundo.
Porém, se almejamos
algo a mais, um legado para a posteridade, que sobreviva à nossa partida e
beneficie às gerações vindouras, temos que escolher outro material para a
edificação de nosso edifício existencial.
O salmista afirma que
Deus, ao tirar Seu povo do Egito, fê-los sair “com prata e ouro e entre as suas tribos não houve um só enfermo” (Salmos
105:37). O coração dos egípcios compadeceu-se deles, indenizando-os com ouro e
prata por todo tempo em que os tinha servido de graça (Êx.12:35-36).
Apesar dos egípcios
terem sido os canais pelos quais os hebreus foram abençoados com tamanha
fartura de metais preciosos, a fonte única e inesgotável é o Senhor. Foi Ele
mesmo quem disse: “Minha é a prata, meu é
o ouro, disse o Senhor dos Exércitos” (Ageu 2:8).
Tanto o ouro, quanto a
prata são símbolos da verdadeira sabedoria e da prudência, respectivamente. O
sábio Salomão declara: “Quão melhor é
adquirir a sabedoria do que o ouro! e quão mais excelente é adquirir a
prudência do que a prata!” (Provérbios 16:16).
Ouro e prata não são
encontrados com a mesma facilidade que a palha. Entretanto, qualquer coisa
confeccionada com tais metais, está destinada a durar para sempre. A menos que
seja derretida numa temperatura altíssima. Já a palha queima rapidamente,
bastando uma faísca.
Como já vimos, cada um
desses materiais tem seu próprio fornecedor. Se quisermos palha, o mundo
prontamente nos atenderá (pode ser que às vezes nos faça como fez Faraó aos
hebreus, dificultando um pouco nossa busca). Mas se quisermos ouro e prata,
teremos que buscá-los em Deus, fonte de toda sabedoria.
Tiago nos traça um
paralelo entre a sabedoria adquirida em Deus e a oferecida pelo mundo.
“Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre
pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria. Mas, se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em
vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena,
animal e diabólica. Porque onde há
inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa.
Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente
pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons
frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia.” Tiago 3:13-17
A prova dos nove para que
nos certifiquemos de que a sabedoria esboçada por alguém tem boa proveniência é
o trato dispensado aos outros. O sábio segundo o mundo costuma ser arrogante,
pedante, cheio de prepotência. Mal sabe que sua pseudo-sabedoria não passa de
palha, ou nas palavras de Paulo, não passa de loucura.
A palha é seca, sem viscosidade, semelhante a um coração cheio de inveja e partidarismo. Tal sabedoria tem tripla proveniência: o mundo, a carne e o diabo. Ela é terrena pois está comprometida com os valores mantenedores do sistema. É o óleo que lubrifica as suas engrenagens. É animal pois se baseia em nossos mais primitivos instintos, tendo como objetivo principal a nossa sobrevivência. É diabólica porque é atiçada pelo adversário de nossa alma, a saber, o próprio Satanás, o impostor dos impostores.
A palha é seca, sem viscosidade, semelhante a um coração cheio de inveja e partidarismo. Tal sabedoria tem tripla proveniência: o mundo, a carne e o diabo. Ela é terrena pois está comprometida com os valores mantenedores do sistema. É o óleo que lubrifica as suas engrenagens. É animal pois se baseia em nossos mais primitivos instintos, tendo como objetivo principal a nossa sobrevivência. É diabólica porque é atiçada pelo adversário de nossa alma, a saber, o próprio Satanás, o impostor dos impostores.
Já a sabedoria que vem
do alto é preciosa, pura, gentil, cheia de bons modos, cavalheira, equilibrada,
discreta, carinhosa, desprovida de falsidade, despreocupada em fazer média ou
em desbancar o outro. Ela é o material com que o Reino de Deus é edificado
entre os homens.
Cada um de nós é responsável pela construção de seu próprio edifício existencial no lote que recebemos na Santa Cidade chamada vida. Se por ventura não nos acharmos competentes o suficiente para tal empreitada, atendamos à sugestão de Tiago:
Cada um de nós é responsável pela construção de seu próprio edifício existencial no lote que recebemos na Santa Cidade chamada vida. Se por ventura não nos acharmos competentes o suficiente para tal empreitada, atendamos à sugestão de Tiago:
“E, se algum de vós tem falta de sabedoria,
peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á
dada.”
Tiago 1:5
Tiago 1:5
Continua...
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