Por Hermes C. Fernandes
É insensatez usar a
soberania divina como álibi para isentar-se da responsabilidade. Se a salvação
deve ser creditada tão somente ao Senhor (monergismo), suas implicações e
desdobramentos requerem de nós boa dose de cumplicidade (sinergismo). Se não
fosse assim, que outra interpretação poderíamos atribuir ao seguinte texto?:
“E nós, cooperando também com ele, vos exortamos a que não recebais a
graça de Deus em vão.” 2
Coríntios 6:1
“Cooperação” requer,
no mínimo, cumplicidade, interação. Era como se Paulo dissesse: Não ousem desperdiçar
o que Deus fez por vocês! Ou ainda: Não sejam perda de tempo pra Deus! Vejam lá
que destino darão àquilo que Deus lhes confiou!
Não se preocupem com a
questão da glória, pois a mesma segue sendo exclusiva do Senhor. Mesmo o fato
de cooperarmos de alguma maneira constitui-se numa obra da graça em nós. Com
isso em mente, Paulo diz: “Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça
para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia
não eu, mas a graça de Deus, que está comigo” (1 Cor.15:10). A bem da verdade, sozinho, Paulo fez mais do que os doze apóstolos juntos. Porém, ele creditava tal façanha à graça nele operante.
Uma graça que nos
conduz ao ócio, não pode ser a graça de Deus! A mesma graça que nos inspira,
também nos faz transpirar.
Noutra passagem, o
mesmo apóstolo declara:
“Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto,
o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre
ele. Porque
ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus
Cristo. E, se alguém sobre este
fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno,
palha, A obra de cada um se
manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e
o fogo provará qual seja a obra de cada um.” 1 Coríntios 3:10-13
Sua responsabilidade
era lançar o fundamento. Porém, era de competência exclusiva deles erigir sobre
tal alicerce. Cada qual responderia por seu próprio edifício dentro do
perímetro da cidade de Deus.
A responsabilidade
começa no fato de ninguém poder lançar outro fundamento além do que já está
posto. Não queiram reinventar a roda! Nem venham com conversa fiada de novas
revelações. Nosso ‘lote’ na cidade celestial já veio com planta e alicerce. Foi
Ele quem delimitou a área de construção e até número e o tamanho dos cômodos de
nosso edifício espiritual. Porém, o prédio não se levantará sozinho. Temos que
pôr a mão na massa.
Nosso trabalho começa
pela escolha do material que será usado. Pode-se construir com material de
primeira, como o ouro que encabeça a lista fornecida por Paulo. Mas também
pode-se construir com material de péssima categoria, como a palha. A diferença
entre eles é a durabilidade e a disponibilidade. É muito mais fácil encontrar
palha do que ouro. Em contrapartida, o ouro resiste ao tempo, a palha não. Quem
está pensando apenas em abrigar-se da chuva esperada no próximo verão, talvez
se contente com uma choupana. Mas pra quem está pensando em algo que perdure
por várias gerações, o ouro é a melhor pedida.
Escolhido o material,
deve-se escolher quem será seu fornecedor.
Continua amanhã...
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