A vida é uma dança, onde cada passo nos prepara para o próximo. Cada novo movimento é um ensaio para os que virão. A coreografia da vida é aprendida enquanto nos movemos no salão da existência. Esbarrões, pisões no pé, e até uma escorregada básica, acontecem com freqüência, enquanto tentamos acompanhar o compasso daquele que nos tirou pra dançar.
Diz-se que quem não aprende com o passado está condenado a repeti-lo. Não basta conhecer a história, decorar datas e nomes dos seus protagonistas; temos que discernir o agir de Deus nela, ao mesmo tempo em que aprendemos com os erros e acertos da nossa geração e das que nos atencederam.
Discernindo o agir de Deus
Veja o que diz o salmista: “Lembro-me dos dias antigos; medito em todos os teus feitos e considero a obra das tuas mãos” (Sl.143:5). O que Deus tem feito em nossos dias? De quê maneira Ele tem conduzido a história? O mesmo salmista nos convida: "Vinde, contemplai as obras do Senhor, as desolações que ele tem feito na terra"(Sl.46:8). Engana-se quem imagina que o agir de Deus esteja circunscrito ao ambiente eclesiástico. Seu domínio abarca toda a realidade. E mesmo os erros dos homens não impedem que Seus desígnios sejam plenamente concretizados. As rédeas da história estão firmes em Suas habilidosas mãos, grantindo assim que todas coisas cooperem em conjunto para o bem daqueles que O amam, e são chamados segundo o Seu propósito (Rm.8:28).
E como ficaria a responsabilidade humana? Poderíamos dizer que a soberania divina e a responsabilidade humana se intrelaçam como numa dança. O mundo é o salão, e a história é esta valsa que está sendo dançada entre Deus e o homem. Porém, partiu d'Ele a iniciativa de tirar-nos pra dançar. E Ele é quem conduz os passos (Jer.10:23). De quando em vez, tropeçamos. Mas Ele sabe como transformar nossos erros, de maneira que até eles cooperem na beleza da coreografia. Se cairmos, Ele nos levantará e firmará nossos pés.
Aprendendo com nossos erros e acertos
Além de discernirmos o agir de Deus, temos que estar atentos às ações dos homens, aprendendo tanto com os erros, quanto com seus acertos. Paulo escreve aos Romanos que tudo que aconteceu a Israel, foi registrado no Antigo Testamento “como exemplo”, “para aviso nosso” (1 Co.10:11).
As lentes de nossa fé devem ser bifocais, vislumbrando o futuro, sem perder de vista os temas e fatos da atualidade, avaliando-os à luz dos propósitos eternos. Não deveria haver lugar para alienação entre aqueles que dizem servir a Deus. Cada decisão deve ser pesada tendo em vista o contexto histórico no qual estamos inseridos. É Paulo quem nos recomenda a fazer as coisas “conhecendo o tempo” (Rm.13:11). Devemos ser como os filhos de Isaacar, que entre as tribos de Israel eram considerados “entendidos na ciência dos tempos” (1 Crô.12:32).
Portanto, temos que olhar pra trás. Não com saudosismo, pois isso nos paralisaria. Mas dispostos a aprender e buscar sentido para tudo. Era a isso que o salmista se referia, ao suplicar: “Ensina-nos a contar os nossos dias de tal maneira que alcancemos coração sábio” (Sl.90:12). “Contar”aqui não tem o sentido de enumerar, mas de “avaliar”, “pesar”, “atribuir valor”. Porém, deixar-nos dominar por um sentimento de nostalgia equivaleria a dirigir um carro olhando todo o tempo pelo retrovisor.
Ouvi dos lábios de algumas pessoas que este ano que termina foi o pior de suas vidas. Outras diriam exatamente o inverso. Não devemos avaliar os anos pelas perdas e ganhos, mas pelas lições neles aprendidas. Salomão nos adverte: “Não diga: Por que foram os dias passados melhores do que estes? Pois nunca com sabedoria isto perguntarias” (Ec.7:10). Não existe tempo melhor ou pior. Cada tempo traz suas alegrias e tristezas. Porém cada tempo traz suas próprias lições.
Davi expressa tal verdade, dizendo: “Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite” (Sl.19:2). Poderíamos parafraseá-lo, dizendo que um ano faz declaração a outro ano, e uma década mostra sabedoria a outra década. Então, surge a pergunta: O que aprendemos com a década que se encerra daqui há alguns dias? Que acertos celebraremos, e que erros não permitiremos que se repitam?
Que nosso propósito principal para 2010 e a década que se inicia seja o de acertar mais e errar menos, e que em tudo seja Deus glorificado.
E você, qual sua resolução #1 para o ano novo?
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