Estamos a dois dias da entrada de mais um JANEIRO, mês que recebeu esse nome em homenagem ao deus JANUS que na mitologia romana é o Deus dos “Inícios”.
É representado por duas faces em oposição, uma olha para o que começa, e a outra olha para o que é findo ou passado.
A porta que esse deus abre tem simultaneamente dois lados: a entrada é ao mesmo tempo a saída. Na metáfora de Janus o presente e o passado se confundem. O presente que vemos hoje une o passado ao futuro ─ que no carrossel do tempo já foi passado. Em suma, isso quer dizer que o tempo não passa, nós é que passamos por essa porta que é passado e futuro ao mesmo tempo. À cada passagem, o indivíduo vai somando marcas e cicatrizes ao seu ser, sob a forma de desventuras, decepções, sonhos desfeitos, amor que não veio, vitória adiada, projetos inacabados, alegrias efêmeras, etc.
É nessa época que renovamos nossas apostas por um ano com menos dissabores.. Todo ano participamos de olimpíadas nos vários setores de nossa vida: social, religiosa, familiar e política.
No campo da política, por exemplo, muda-se a cobertura, mas o bolo permanece o mesmo, com os mesmos sabores e os mesmos ingredientes dos que foram feitos nos anos que se foram.
Nas olimpíadas de 2009 a Politica se juntou com a religião para disputar a medalha de ouro da principal competição, denominada corrupção. Ganhou de modo quase unânime, a “Oração da Propina” dos políticos evangélicos de Brasília. A cobertura desse bolo foi uma das mais indigestas já vistas ─ servos do senhor altíssimo pedem a bênção de Deus para que Ele oculte das vistas dos inimigos o produto do roubo escandaloso, em que esse mesmo Deus ganharia o dízimo para aplicar na sua obra, em prol das pobres almas perdidas no lamaçal do pecado.
Janus se aproxima, e em lugar da reflexão mitológica sobre esse momento de passagem do ano, o que se ouve nos bastidores dos dois principais candidatos ao posto maior da nação é a soberba maniqueísta que mutila a política, com o “é dando que se recebe”. Três grandes grupos religiosos já estão oferecendo os seus rebanhos a quem ofereça a melhor recompensa.
Saindo da metáfora romana para o ensinamento bíblico do livro de Gênesis, de tanto olhar para trás, na reedição de atos de corrupção, estamos fadados a virar eternas estátuas de sal, como foi o triste caso da mulher de Ló.
Peçamos força e coragem a Deus para poder entrar pelos umbrais de Janus de 2010 com os nossos próprios pés, sem ajuda da seiva adocicada do deus Mamon, sem dinheiros escondidos em cuecas e meias, sem panetones de mentiras para serem doados aos pobres, sem os artifícios vergonhosos dos que legislam em seu próprio benefício e sem as chicanas jurídicas que através de peças intermináveis livram os influentes, patrocinando um patético teatro da impunidade.
Mas o que esperar de um ano eleitoral, meu Deus, senão mais imposturas sem fim num congresso desmoralizado? Em 2010 o Brasil comemora 25 anos de democracia. A soma do que deu errado de lá para cá é vasta. Só em 2009, a lista foi enorme de assaltos ao poder público, indo do deputado do Castelo às verbas indenizatórias, dos atos secretos do senado à farra das passagens aéreas, culminando com a medalha de ouro da corrupção que foi o escândalo de Brasília.
Não meu Deus, tira esse filme de minha cabeça, é que ando tendo visagens, ando sonhando com escândalos e outros processos escusos mais sofisticados que poderão ser usados pela máquina estatal, ando antevendo a gastança estratosférica da campanha presidencial, que só espera o deus Janus entrar, para mostrar a sua cara.
Mas se Deus é brasileiro, que o ano de 2010 seja o ano da transparência. O olho da blogosfera está aí para não deixar passar nada. Não é Danilo, Leonardo, Hermes, Renato Vargens, Gresder, Marcio Alves, João Paulo, Eduardo Medeiros, Edson, Caio, Jasiel Botelho, Tony, Ricardo Gondim, e muitos outros que a minha gasta memória não lembra?
Tenham todos, um anão em 2010. (rsrsrs)
Por Levi B. Santos
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