sábado, março 31, 2007

1

Lula lá, e nós, cá.


São 17:10 h. do dia 31 de Março de 2007. Vejo minha esposa exausta, deitada em uma cama de hotel, e relembro os momentos difíceis que vivemos ontem e hoje, na tentativa de embarcar para o Brasil.

Passamos 15 dias nos Estados Unidos. Embora tenha sido uma viagem extremamente cansativa, devido às atividades pastorais (visitas, pregações, aconselhamento e etc.), tinha tudo pra ser uma viagem quase perfeita, se não fosse o inconveniente que vivemos ontem no Aeroporto de Miami.

O embarque previsto para 19:45 h. já havia começado, quando fomos avisados que todos os vôos para o Brasil haviam sido cancelados. Não dava pra acreditar! Vi pessoas chorando, desesperadas. Um jovem senhor se queixava que não vira seu filho nascer, porque estava na África do Sul, e que agora, não poderia participar de sua primeira festa de aniversário, por causa do cancelamento dos vôos para o Brasil. Ele estava desolado.

No meio da confusão, havia notícias sem pé nem cabeça. Até que finalmente alguém nos explicou a razão: uma greve estava em andamento. Todos os operadores de vôo do país haviam parado. Isso, enquanto o nosso presidente estava desfrutando de um maravilhoso dia com o Sr. George Bush.

"A essas horas, Lula está bêbado, sem importar-se com nada que nos acontece", murmurou um senhor desapontado com o descaso de nossos governantes.

A American Airlines destacou um funcionário com cara de lutador de luta livre pra tentar conter a fúria da turba. Mas ele acabou enfurecendo ainda mais as pessoas, pela maneira cínica e desprezível com que nos tratava.

Parecia que ninguém falava português entre os funcionários da AA. Até que flagramos uma das antendentes conversando em português com uma mulher.

Ninguém sabia o que fazer. Esperar, ou procurar onde dormir? E as malas? E aqueles que já haviam entregue seus cartões da imigração, como poderiam deixar o aeroporto sem serem presos pelos oficinais de Imigração?

Me senti como Tom Hanks no filme "Terminal". Por Tânia, nós ficávamos no aeroporto, e dormíamos em seu chão acarpetado. Mas conhecemos um rapaz chamado Frankson, enviado por Deus para nos ajudar. Um jovem cristão, que como nós, acreditava que Deus tinha algum propósito naquela situação, e que deveríamos dar graças.

Andamos de um lado por outro naquele aeroporto gigante, mas ninguém se dispunha a nos ajudar.

Concluímos que a melhor coisa era procurar algum hotel pra descansarmos. Encontramos um Hotel chamado Runway Inn, e embarcamos num ônibus gratuito que nos levaria ao hotel. Mas quando chegamos lá, percebemos que caíramos em uma armadilha. O lugar era horrível. Sem contar que alguns de seus clientes eram meio "estranhos". Mesmo tendo feito o registro, decidimos cancelar.

Juntamos alguns brasileiros (além de Tânia e eu, Frankson, um senhor com seu filho, e uma jovem), e reteamos um táxi até um hotel em Miami Beach.

O hotel não era dos melhores, mas ficava bem localizado, e parecia bem familiar. O problema era o som das buzinas de carros, e da multidão eufórica da badalada noite de Miami.

Só consegui fechar os olhos às 3 da manhã, para levantar às 7:30h. e voltar para o Aeroporto. Algo me dizia que nosso calvário estava só começando.

Conseguimos remarcar as passagens, depois de uma longa espera numa fila quilométrica. Mas agora o problema eram as malas. Teríamos que ficar mais dois dias em Miami. Mas não tínhamos como trocar de roupa, sem nossas malas.

Corre pra cá, corre pra lá. Ninguém queria liberar nossas malas. Vi um senhor tremendo, passando mal, pedindo que liberassem sua mala, pois o remédio de que dependia pra viver estava lá. Mas os funcionários da AA eram frios e não davam qualquer esperança de que teríamos nossas malas de volta.

Depois de esperar das 8 h. da manhã até às 15h., desistimos, e fomos em busca de um hotel mais em conta para descansarmos um pouco.

Aqui estou eu, no quarto do hotel, louco de saudade dos meus filhos, e desejoso de voltar ao meu País para servir ao meu povo.

Um comentário:

  1. Anônimo12:08 AM

    As situações pode até estar fora do nosso controle, mas não fora do controle do Senhor Deus.

    Bispo! Estamos aguardando o seu retorno.

    ResponderExcluir