sexta-feira, setembro 01, 2006

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O Domínio de Cristo sobre a Ciência

A Ciência não escapa ao domínio de Cristo. A Física, rainha das ciências modernas, as ciências sociais, biológicas, e qualquer outro campo do saber estão sob o Cetro do Rei dos Reis.

As grandes descobertas científicas são por Ele permitidas e tuteladas. Tanto as que são fruto de ardorosos esforços e pesquisas, quanto as que surgem de insights, conhecido como serendipidade. Sua graça comum é quem capacita os homens a entenderem as leis que regem a criação, das quais Ele mesmo é o Legislador.

Se não fosse assim, como se explicaria a descoberta dos átomos pelos antigos filósofos gregos cerca de 400 a.C. sem qualquer instrumento que possibilitasse sua comprovação? Seriam apenas intuições filosóficas, uma vez que não se podia comprovar sua veracidade?

Foram necessários mais de vinte séculos para que em 1808 o cientista inglês John Dalton formulasse uma teoria que desse caráter científico à idéia do átomo como partícula constituinte universal da matéria.

Neils Bhor procurava desesperadamente pelo modelo do átomo e não conseguia realizá-lo. Ao relaxar a ponto de cochilar, sonhou que estava sentado sobre o sol e que planetas giravam ao seu redor; encontrara, finalmente, o que tanto buscava. Friedrich August Kekulé von Stradonitz (1829 – 1896) químico orgânico alemão, estava sonhando após um longo período de trabalho, quando descobriu a estrutura cíclica do benzeno. Descartes, o grande filósofo, além de ouvir vozes de aplausos, sonhou com um anjo, que também apoiava as suas idéias. Antonin Artaud declarou: "Eu abandono a mim mesmo à febre dos sonhos em busca de novas leis".

Em 1839, Charles Goodyear derrubou sem querer um pedaço de borracha misturado com enxofre dentro de um forno quente. Ao examinar o material, se deu conta de que ele ganhara algumas propriedades presentes no couro – força, elasticidade e resistência contra solventes. Descobria-se assim o processo de vulcanização para a borracha. A invenção tornou possível o desenvolvimento de diversas indústrias, incluindo a automobilística. Daí o nome Goodyear hoje ser sinônimo de pneu.

Certamente, o caso mais notório de serendipidade é mesmo o de Isaac Newton, pai da Física Moderna. Conta-se que Newton lia um livro sentado tranqüilamente no jardim de sua casa de campo, quando uma maçã caiu sobre a sua cabeça. De repente, Newton teve um insight: Seria a força que fez a maçã cair a mesma que segura a lua gravitando em torno da terra? A pergunta viria a ser a base da sua teoria da gravitação universal, conhecida como Lei da Gravidade.

Bem fariam os cientistas de hoje, se a exemplo de Isaac Newton, reconhecessem em Deus, a fonte de sua inspiração. Depois de ter alcançado a notoriedade, Newton mantinha sua humildade, a ponto de declarar: “Não sei o que pareço aos olhos do mundo, mas, para mim, fui apenas um garoto brincando na praia, entretido em descobrir de vez em quando um pedregulho mais liso ou uma concha mais bonita que o normal”.

É claro que isso não dispensa o preparo do cientista. O químico francês Louis Pasteur, que era um cristão devoto, chamou a atenção para o fato de que “no campo da observação, o acaso só favorece a mente preparada”.

Cristo é o Senhor até da Meteorologia. Que o digam os discípulos, que diante de uma inusitada bonança, exclamaram: Quem é este que até os ventos e o mar obedecem?

Uma visão pleromática não pode ignorar qualquer alcance que tenha o domínio de Cristo. Nada, absolutamente nada, fica fora do escopo de Sua autoridade.

Devo concordar com Joseph Cook ao afirmar que “Há um Deus na Ciência, um Deus na História e um Deus na consciência, e esses três são um”.[1] Não há razões suficientes que justifiquem que a Fé e as Ciências se ataquem mutuamente, alienadas em suas próprias trincheiras. Li em algum lugar que “o papel da ciência é catalogar a criação, e devolvê-la em ordem a Deus”. Nosso papel é dar nome aos bichos, porém, reconhecendo que eles foram criados por Deus. Alguns termos que hoje estão em voga eram completamente desconhecidos nos tempos bíblicos. Embora jamais devemos adulterar a mensagem das Escrituras, podemos apresentá-la com termos com os quais o homem moderno esteja familiarizado. Assim como João apropriou-se do termo “logos”, amplamente usado no mundo helenizado de sua época, para transmitir a mensagem de Cristo, não há nada de errado em usarmos termos científicos ou filosóficos de nossa época para apresentarmos a incontestável verdade do Evangelho. Paulo também usava termos usados pelos gnósticos de sua época, embora não endossasse sua doutrina, pelo contrário, a combatia implacavelmente. Em outras palavras, como disse Len Jones, “a tarefa do cristão é tornar o Senhor Jesus visível, inteligível e desejável”.

Estou convencido de que as grandes descobertas científicas são inspiradas por Deus. Ainda que muitos cientistas se digam agnósticos, ou mesmo ateus, eles estão servindo a Deus através de suas pesquisas e descobertas. E como isso pode acontecer? Pode alguém servir a Deus sem conhecê-Lo? Óbvio que sim. Se não fosse assim, Ciro, rei da Pérsia, não teria sido chamado por Deus de “meu servo”. E diz mais: “Ciro é meu pastor, e cumprirá tudo o que me apraz” (Is.44:28). E ainda: “Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita (...) eu te chamo pelo teu nome (...) ainda que não me conheces” (45:1,4). E o que dizer de Nabucodonozor, tirano babilônico, a quem Deus chama de “meu servo” (Jer.25:9)? Como podemos explicar isso? Provérbios 21:1 explica: “Como ribeiros de águas é o coração do rei na mão do Senhor; a tudo o que quer o inclina”. Se o Deus do céu domina sobre os reis da Terra, por que não dominaria sobre os cientistas? Não tenho dúvida de que boa parte das invenções que presenciamos no século passado foi inspirada pelo Criador. Louvado seja Deus pelas vacinas, pela telefonia que encurta distâncias, pela TV, pela Internet, e por todos os avanços tecnológicos dos últimos séculos.

A ciência é mais um instrumento da gloriosa orquestra regida pelo Criador. Entretanto, a ciência tem seus limites. Stephen Hawking, um dos maiores gênios da atualidade, reconhece isso: “Mesmo que a ciência possa resolver o problema de como o universo começou, não pode responder à questão: “Por que o universo se dá ao trabalho de existir?”. E acrescenta: “Eu não sei a resposta para essa pergunta” (Hawking, p.99). A resposta jamais será encontrada pela Ciência, pois pertence ao domínio da Fé. Só a Fé revela o propósito último de todas as coisas.
Robert Jastrow, sem querer dar o braço a torcer, declarou: “Que existem o que eu ou qualquer pessoa chamaria de forças sobrenaturais em ação agora é, creio eu, fato cientificamente comprovado”.[2] E ele mesmo conclui em outra obra: “Para o cientista que viveu pela fé no poder da razão, esta história termina como um pesadelo. Ele escalou a montanha da ignorância; está prestes a conquistar o pico mais alto; e, quando chega à última pedra, é cumprimentado por um bando de teólogos que estavam sentados ali há séculos”.[3]

A ciência pode revelar os fatos, mas jamais os propósitos por trás desses fatos. Ela pode identificar as leis, mas só a fé poderá revelar o Legislador. Como Adão, ela pode catalogar os bichos, mas vai continuar sentindo-se só, incompleta e impotente, até que aceite a provisão de Deus pela fé.

[1] Joseph Cook. p.111
[2] Robert Jastrow – God and the astronomers, p.15, 18.
[3] Ibid – A scientist caught between two faiths, p.105-6

2 comentários:

  1. Anônimo5:31 PM

    O domínio de Cristo sobre a ciência é apenas parte do domínio do seu governo, a totalidade deste é infinitamente maior que a pontualidade marcada pela ciência. A ciência administra o método e a probabilidade, indicadores mensuráveis e esperados dentro do conjunto de informações que ela investiga, o Universo cujo autor é Cristo com seu poder trinitário abarcam o Cosmos cuja ciência representa a unidade investigativa.
    O sobrenatural concebido pelos humanos e pela ciência são dados perfeitamente ordenados dentro dos limites do governo de Cristo. É justo concebermos o avanço que a ciência já proporcionou para a humanidade, mas, mais justo ainda é reconhecer a Origem deste saber outorgado à ciência. A literatura, que não se limita pelo rigor metodológico das ciências naturais, presta maior serviço à compreensão da universalidade do domínio de Cristo que a ciência propriamente. Lacan, estudioso de Freud, metaforizou brilhantemente a capacidade psicológica humana na figura de um Iceberg. Comparou a parte que fica sobre a lâmina d'água com o que o homem dispõe de consciência, o bojo, 85% do total, seria o que este desconhece de si mesmo. Se a ciência tem o homem como ferramenta operadora dos seus dados, a capacidade unitária de apreensão da verdade investigada está, mesmo contando com o trabalho de equipe, distante da fogueira que Ilumina a “Verdade” Única Gerativa e Embrionária.
    A ciência tem seus méritos, sua capacidade de nomeação e catalogação é humanamente extraordinária, mas, a criação de todas as coisas, inclusive da ciência, está sobre o domínio da Trindade Divina na pessoa de Jesus Cristo. Amém.

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  2. O domínio de Cristo sobre a ciência é apenas parte do domínio do seu governo, a totalidade deste é infinitamente maior que a pontualidade marcada pela ciência. A ciência administra o método e a probabilidade, indicadores mensuráveis e esperados dentro do conjunto de informações que ela investiga, o Universo cujo autor é Cristo com seu poder trinitário abarcam o Cosmos cuja ciência representa a unidade investigativa.
    O sobrenatural concebido pelos humanos e pela ciência são dados perfeitamente ordenados dentro dos limites do governo de Cristo. É justo concebermos o avanço que a ciência já proporcionou para a humanidade, mas, mais justo ainda é reconhecer a Origem deste saber outorgado à ciência. A literatura, que não se limita pelo rigor metodológico das ciências naturais, presta maior serviço à compreensão da universalidade do domínio de Cristo que a ciência propriamente. Lacan, estudioso de Freud, metaforizou brilhantemente a capacidade psicológica humana na figura de um Iceberg. Comparou a parte que fica sobre a lâmina d'água com o que o homem dispõe de consciência, o bojo, 85% do total, seria o que este desconhece de si mesmo. Se a ciência tem o homem como ferramenta operadora dos seus dados, a capacidade unitária de apreensão da verdade investigada está, mesmo contando com o trabalho de equipe, distante da fogueira que Ilumina a “Verdade” Única Gerativa e Embrionária.
    A ciência tem seus méritos, sua capacidade de nomeação e catalogação é humanamente extraordinária, mas, a criação de todas as coisas, inclusive da ciência, está sobre o domínio da Trindade Divina na pessoa de Jesus Cristo. Amém.

    PAIXÃO, Edson.

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