domingo, outubro 21, 2018

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O DEUS DAS MINORIAS


Por Hermes C. Fernandes

O Deus das minorias se põe ao lado da mulher adúltera, não dos seus detratores. Se fosse o Deus das maiorias, Ele se poria ao lado dos que a queriam apedrejar.
O Deus das minorias diz que muitos são chamados, mas poucos são escolhidos.
O apóstolo do Deus das minorias constatou que não havia entre os chamados muitos sábios e entendidos, mas pessoas simples, oriundas das camadas mais humildes da sociedade.
O Deus das minorias tira Filipe do meio das massas em Samaria para levar o evangelho a um eunuco negro proveniente da Etiópia. Numa tacada, Ele atenta contra o preconceito étnico, social, cultural e sexista, já que o eunuco da época equivaleria ao homossexual de hoje.
O Deus das minorias valoriza a atitude solidária de um samaritano que acode um moribundo na estrada, mas desdenha da postura hipócrita e higienista de um sacerdote e de um levita que o ignoram.
O Deus das minorias se recusa a tratar com rigor os samaritanos que o rejeitaram em sua terra, e em vez de atender à sugestão de dois de seus discípulos, fazendo descer fogo do céu para consumi-los, Ele afirma haver vindo para salvá-los.
O Deus das minorias acolhe a oferta de uma prostituta bem na casa e na cara de um fariseu hipócrita, cujo discurso contagiou até os discípulos.
O Deus das minorias não se importa em ser flagrado aos papos com um samaritana de moral duvidosa, e mesmo correndo o risco de ser mal interpretado, oferece-se para saciar-lhe a sede existencial.
Esse é o Deus que amo e que merece toda a minha adoração. Mas o deus que despreza as minorias, que desdenha de seus anseios, parece-me mais com o diabo se fazendo passar por Deus para receber nossa adoração. Preferimos adorar a este em vez de Àquele, pelo simples fato de ele ratificar nossos preconceitos mais arraigados, conferindo-nos uma posição de supremacia sobre os demais.

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