segunda-feira, fevereiro 20, 2017

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Meu caso de amor com o violão



Por Hermes C. Fernandes

Entre tantos instrumentos, nenhum me conquistou o coração como o violão. Eu já havia experimentado o sax. Tive aulas de piano. Iniciei-me na bateria. Mas o violão foi amor à primeira vista. Amor não se explica. A gente ama e ponto final. Mas creio haver algumas explicações para o meu caso de amor com este fascinante instrumento. Permita-me listá-las.

Primeiro, o violão é daqueles que é capaz de nos acompanhar em qualquer lugar. Tente levar um piano para a floresta ou para a praia! O violão é leve, descolado e não precisa de eletricidade para funcionar. Sabe a diferença entre a guitarra e o violão? A guitarra só funciona ligada em algum amplificador. Já o violão tem ressonância. Seu corpo oco faz com que os sons emitidos por suas cordas reverberem e sejam ouvidos à distância. O violão dispensa fios e cabos. Ele por si só se basta. Já guitarra, se quiser leva-la para tocar em algum lugar, terá que levar no mínimo uma caixinha amplificada. Peso extra. O violão é como aquela pessoa de coração grande, cujos sentimentos reverberam e tocam o coração de todos à sua volta, sem a necessidade de aditivos.

Segundo, o violão se encaixa anatomicamente em nosso corpo. Suas curvas são convidativas. É como se ele pedisse para ser tocado. É irresistível. Não há como encontrar um violão e resistir à tentação de tocá-lo. Nada como deslizar a mão esquerda pelo seu braço, enquanto a outra arpeja suas cordas. Enquanto a gente toca com a guitarra pendurada nos ombros, o violão a gente toca abraçado. Repare que nas pausas entre as músicas, a gente não costuma colocá-lo de lado num canto qualquer. A gente prefere abraçá-lo com ele em pé ou deitado em nosso colo, como se ele pedisse para ser abraçado. Há uma relação afetuosa, quase uma simbiose, entre o músico e seu instrumento.

Terceiro, o violão representa para mim todas as possibilidades que a vida descortina. Basta pressionar as cordas certas, na posição correta, ele é capaz de tocar qualquer música, em qualquer ritmo. Simplesmente não há limite. O violão nos acompanha no samba, no rock, no jazz, no blues, na MPB, e até no rap e no funk. Não duvide! Não há acordes que ele se negue a tocar. Às vezes, de tanto tocar, suas cordas se afrouxam e ele necessita parar e ser afinado. E não tão frequente, precisa ter seu encordoamento substituído por um novo. Se acha isso incômodo, experimente afinar um piano ou trocar as cordas de um contrabaixo. Em alguns minutos, ele soa como se fosse novo, pronto para ser dedilhado em serenatas de amor oferecidas por corações apaixonados.

Por estas e outras, não troco o violão por nenhum outro instrumento. Ele será meu companheiro por toda a minha vida. Nele comporei canções que expressem meus sonhos, minhas fantasias, minhas dores, e os mais profundos anseios do meu coração.

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