quinta-feira, março 17, 2016

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Um Xeque-mate na corrupção ou na democracia?



Por Hermes C. Fernandes

O país está vivendo uma convulsão como há muito não se via. Nossas instituições estão sob fogo cruzado. O que emergirá de tudo isso? Só o tempo dirá. Mas, confesso: temo que seja o pior. Foi assim em 54, em 64 e queira Deus que tenhamos aprendido a lição para não cometermos os mesmos erros de então (tudo indica que não...).

Como num jogo de xadrez, facilmente identificamos as peças: Rei, Rainha, Bispos, Cavalos, Torres e Peões (precisa mesmo dizer que são os peões?). Mas, talvez, o que nos escapa são os jogadores. Quem são, afinal? Quem estaria por trás de cada jogada?

A renúncia de Jânio Quadros foi atribuída à pressão de forças ocultas, a quem ele denunciou como grupos e indivíduos famigerados, inclusive do exterior. Em seu curtíssimo período de governo, Jânio caiu na asneira de contrariar interesses internacionais, condenando as intervenções estrangeiras, o isolamento de Cuba por parte dos EUA, além de restabelecer laços diplomáticos com a URSS e a China.  O presidente que tinha como símbolo de campanha uma vassoura, foi varrido do cenário político nacional de maneira vergonhosa. Sua renúncia se deu um dia após o discurso de Carlos Lacerda em cadeia nacional, acusando-o de pretender dar um golpe de estado.

A mesmas forças ocultas teriam sido responsáveis pela pressão que culminou com o suicídio do maior estadista que este país já teve: Getúlio Vargas.

Quero deixar claro que não sou afeito a teorias de conspiração. Mas, fato é que o tabuleiro da política internacional está passando por modificações sensíveis e, pelo que tudo indica, chegou a vez do Brasil. Nossos verdadeiros inimigos estão de fora assistindo ao circo pegar fogo e celebrando o lucro que obterão com tudo isso.

Assisti recentemente a uma produção hollywoodiana que se encaixou perfeitamente como analogia do que está acontecendo com o mundo. No terceiro filme da série “Divergente” (se ainda não assistiu, aviso: spoiler), os protagonistas resolvem transpor o muro que separava Chicago do resto do mundo. Após atravessar uma região inóspita, são resgatados por uma força aparentemente do bem e que se apresenta como sendo os guardiões responsáveis pela cidade. Eles assistiam a tudo de fora e, quando necessário, intervinham para manter a ordem numa sociedade que fora ‘preventivamente’ dividida em facções. Aos poucos, os heróis vão percebendo que os mocinhos são na verdade os bandidos que se aproveitavam da ingenuidade do povo, usando-o como cobaias num experimento social que pretendia produzir uma raça pura (alguma semelhança com o nazismo?). Quando uma pessoa era ‘resgatada’ (eufemismo para rapto), era-lhe ministrada uma vacina que a fazia esquecer-se de toda sua vida pregressa. Tal medida evitava questionamentos desnecessários e eventuais insurreições.  Deixei a sala do cinema refletindo sobre o que tem ocorrido em nosso país. Quem seria os responsáveis por sermos um povo de memória tão curta? É o fato de desconhecermos nossa própria história que nos torna tão vulneráveis à manipulação.

Em meus 46 anos, nunca vi um circo midiático como o que se armou nos últimos dias no país. É de se admirar que poucos percebam a intenção por trás disso. A mídia foi com tudo para cima do atual governo.  Algo bem parecido com que fizeram não só com Getúlio e Jânio, mas também com Juscelino e Jango. Pena que poucos se recordem disso. E não foi só no Brasil. Homens que hoje são celebrados como Nelson Mandela, Gandhi, Luther King, e, até a Madre Teresa de Calcutá, foram execrados pela mídia de seu tempo. Faça uma pesquisa. Acusaram Gandhi de ser um pedófilo. Luther King de ter um harém. Mandela de ser comunista. Madre Teresa de ser mentalmente perturbada.  

Devo confessar que a mídia nunca me fez amar ninguém. E que, portanto, jamais me fará odiar a quem quer que seja. O ódio nos cega, privando-nos do bom senso e nos tornando suscetíveis à mais sórdida manipulação. Malcolm X tinha razão ao advertir: “Se você não tomar cuidado, os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas e amar as que estão oprimindo.”

Entendo e partilho da profunda indignação do povo brasileiro com toda a sujeira que está vindo à tona. Mas há que se cuidar para que isso não se torne ódio e divida famílias, amigos, igrejas e a sociedade como um todo.

Nossos verdadeiros inimigos não são os que pensam diferentemente de nós, mas os que se locupletam do fato de estarmos nos atacando mutuamente.

Sou totalmente a favor de que se investigue até a última sujeira. Mas não me convenço de que os fins justifiquem os meios. Tudo deve ser feito dentro da legalidade e sem este circo todo que visa causar instabilidade política e assim retroalimentar o ciclo do caos.

Não estou aqui para defender tal governo. Não tenho qualquer ligação com o PT, nem com qualquer outro partido de esquerda ou de direita. Se há crimes, que sejam apurados e punidos. O que não endosso é a pressão midiática para derrubar um governo com o objetivo de substituí-lo por um cuja pauta represente um retrocesso e cujo partido também esteja envolvido nos mesmos escândalos de corrupção. Como tenho dito com certa frequência, não adianta remover a prostituta para ceder o lugar ao cafetão.

Em vez de entrar na pilha de quem sempre manipulou a opinião pública, por que não saímos às ruas clamando por reforma política? Parafraseando João Batista, o machado deve ser colocado à raiz da árvore. Senão, será apenas uma poda mal feita e o mal voltará a brotar.

E mais: Independentemente de sua posição, seja ou não a favor da maneira como as coisas estão sendo conduzidas, que tal se nos uníssemos em oração pelo país? Só Deus conhece o coração dos homens e sabe realmente o que se passa nos bastidores dos palácios e nas redações da grande mídia. A gente faz conjecturas, e em nome de nossas posturas, acaba fazendo desafetos. Ninguém está 100% certo. Todos temos uma margem de erro em nossas percepções. Mas há algo que nos une: o desejo de que as coisas mudem para melhor. Opiniões e ideologias nos dividem e enfraquecem. Sentimentos e ideais nos unem e fortalecem. Então, o que estamos esperando? Em vez de ficarmos disseminando ódio, chamando de patifes e idiotas quem discorde de nosso posicionamento, vamos levantar aos céus um clamor pela nossa tão sofrida nação. Afinal, todos queremos um xeque-mate na corrupção, não na democracia. 

Um comentário:

  1. Farias6:29 PM

    Meu caro Hermes, comunismo não é democracia.
    Eu conheço muito bem o que é regime comunista ok? E isto já está no Brasil.
    Esse recado é para você ok?
    Vou te dizer só uma coisa.
    Se continuar insistindo com Lula e Dilma na política do Brasil, vai ter intervenção Militar no governo do Brasil ok?
    Sou Militar oficial de alto escalão do Exército Brasileiro.
    As Forças Armadas do Brasil vai assumir em breve o Governo do Brasil.
    Não será golpe, vai ser estado de necessidade no que diz a Carta Magana do artigo 142 que diz: É dever das Forças Armadas do Brasil defender o país de ameaças externa e interna, e o que está acontecendo, é ameaça interna pelo comunistas e cia, e te digo com certeza que vai ter intervenção Militar no Brasil.
    A ditadura vai voltar em breve.
    Portanto não fique alegre com o comunismo, que ele será eliminado no Brasil.

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