“As pessoas que querem fazer
deste mundo um lugar pior
não descansam, por que eu vou descansar?" Bob
Marley
A queda do muro de Berlim
marcou o fim de uma era caracterizada pela polarização entre duas super
potências: os EUA e a União Soviética. Lançava-se
uma pá de cal na guerra fria que assombrou a civilização por décadas. Há fortes indícios de que o
mundo esteja caminhando para uma nova polarização. Basta verificar as novas
produções hollywoodianas que refletem bem o espírito desta época. “Batman vs
Superman”, “Guerra Civil” (Capitão América vs Homem de Ferro), e tantas outras.
Nem produções cristãs escapam deste espírito. Observando o cartaz do filme “Deus
não está morto 2”, encontrei no subtítulo a provocante pergunta “De que lado
você está?” e a imagem de uma mulher caminhando em direção a uma Corte, cercada
por dois grupos: o da esquerda (tinha
que ser!) exibindo cartazes que dizem: “Deus está morto!”, “Jesus é um mito”, “Para
um mundo sem atraso”, etc.; o da direita com cartazes que dizem: “Deus está
vivo!”, “Deus é amor”, “Eu acredito na cruz”, etc.
De fato, Deus não está morto.
Mas o que está moribundo é o bom-senso.
Se a polarização ficasse só
nas telas, tudo bem. O problema é quando ela vem para as ruas, dividindo povos,
provocando hostilidade entre grupos de matizes ideológicos diferentes,
arruinando assim, qualquer projeto de nação. Afinal, o que seria mesmo uma
nação, senão um povo reunido em torno de um propósito? Ainda que não estejam
100% de acordo, decidiram caminhar juntos, transpondo abismos, superando
diferenças étnicas, religiosas, culturais, a fim de possibilitar um futuro
promissor às próximas gerações. Sem que haja isso, podemos até ser um país, mas
não uma nação.
A polarização só serve aos interesses de quem pretende nos enfraquecer para nos dominar ou de quem trabalhe na indústria armamentista.
Num momento de ânimos acirrados
como o que estávamos vivendo agora, precisamos de gente que leve a paz à sério,
caso contrário, corremos o risco de ter nossas ruas banhadas de sangue.
Jamais me opus à liberdade de
expressão. Está insatisfeito? Põe pra fora! Achou que alguma medida foi
arbitrária? Exponha sua decepção. Esta é a vantagem de se viver numa
democracia. Mas daí, sair ofendendo a todos os que pensam diferentemente...
No mesmo sermão em que Jesus
diz ser bem-aventurado os que têm fome e sede de justiça, também diz ser
bem-aventurados os pacificadores. Será que dá para ter fome e sede de justiça e
ainda assim ser um pacificador? Estou convencido de que não são coisas
excludentes. Por isso lemos que "o fruto da justiça semeia-se na paz, para
os que exercitam a paz" (Tiago 3:18). Mas devemos redobrar os cuidados com
os que preferem atear fogo! Não é à toa que entre as coisas abominadas por Deus
está "o que semeia contenda entre irmãos" (Provérbios 6:19). Não importa o quão ortodoxo seja a sua teologia, se não prega a verdade em amor, não serve.
Há coisas que precisam ser
ditas, porém, na hora certa. O mesmo álcool usado para desinfetar algo, pode
ser usado para provocar um incêndio. Então, nada de pôr álcool próximo de fogo!
Alguns, não satisfeitos com
tal postura pacificadora, vão nos chamar de isentões. Talvez chamassem Jesus
assim por não instigar os judeus contra os romanos. Talvez até desconfiassem
que Ele fosse um partidário de Roma devido aos rasgados elogios feitos a um
centurião por sua fé. Mas o Príncipe da Paz não estava nem aí para os
comentários maliciosos.
Antes de ser recebido em
Jerusalém aos brados de “hosanas”, “quando ia chegando, vendo a cidade, chorou
sobre ela, dizendo: Ah! Se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que
à tua paz pertence! Mas agora isto está encoberto aos teus olhos” (Lucas
19:41-42). Em outra ocasião exclamou: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas,
e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus
filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não
quiseste!”(Lucas 13:34).
Quão frustrante é não
conseguir fazer as pessoas verem o que se está aproximando. Quanta desgraça
poderia ser evitada! Mas os que deveriam pregar a reconciliação, preferem
emprestar os lábios ao ódio.
Peço a Deus que levante nesses
dias pessoas com a envergadura moral de Nelson Mandela e de Desmond Tutu que se
deixaram usar pelo Espírito da Graça para promover a reconciliação de uma
sociedade profundamente dividida pelas feridas causadas pelo Apartheid. Que
Deus levante homens como Gandhi e Luther King para conduzir nosso povo pelas
trilhas da paz e não do ódio.
Sabe aquele ser humano vestido de verde amarelo? Ele não é um coxinha, mas um brasileiro que almeja um lugar melhor para criar seus filhos. Em suas veias corre um sangue tão vermelho quanto o seu.
Sabe aquele ser humano de camiseta vermelha? Ele não é um petralha, mas um brasileiro tão patriota quanto você, cujo coração é tão verde e amarelo quanto o seu.
Lembre-se de que nossa luta não é contra carne ou sangue, mas contra principados e potestades nos lugares celestiais (Efésios 6:12). Traduzindo: Jamais leve o embate para o lado pessoal. Mantenha-o no campo das ideias. Os gregos para os quais Paulo escrevia acreditavam que toda estrutura de poder estava baseada num protótipo nos lugares celestiais (eufemismo platônico para o mundo das ideias). Enquanto certas ideias não forem desarticuladas, tais estruturas se perpetuarão. No nosso caso, há uma verdadeira fortaleza de ideias que mantém nosso país refém. A corrupção que nos assola é endêmica, semelhante a um câncer cuja metástase já espalhou por todo o tecido social. Não adianta mudar os atores, porém, manter o enredo da peça. Logo, não faz sentido ficar trocando farpas entre nós. Todos almejamos mudança, mas cada um tem sua opinião sobre como ela será promovida.
Lembre-se de que nossa luta não é contra carne ou sangue, mas contra principados e potestades nos lugares celestiais (Efésios 6:12). Traduzindo: Jamais leve o embate para o lado pessoal. Mantenha-o no campo das ideias. Os gregos para os quais Paulo escrevia acreditavam que toda estrutura de poder estava baseada num protótipo nos lugares celestiais (eufemismo platônico para o mundo das ideias). Enquanto certas ideias não forem desarticuladas, tais estruturas se perpetuarão. No nosso caso, há uma verdadeira fortaleza de ideias que mantém nosso país refém. A corrupção que nos assola é endêmica, semelhante a um câncer cuja metástase já espalhou por todo o tecido social. Não adianta mudar os atores, porém, manter o enredo da peça. Logo, não faz sentido ficar trocando farpas entre nós. Todos almejamos mudança, mas cada um tem sua opinião sobre como ela será promovida.
Sem querer dar spoiler, tomara que este filme termine como os dois primeiros que citei acima, em que Batman e Superman se unirão para fundar a Liga da Justiça e somarão esforços para combater um inimigo em comum, e o Capitão América e o Homem de Ferro se reconciliarão para o bem de todos. Se não, o que é mesmo que vai sobrar de tudo isso?
"Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e,
derrubando o muro de separação que estava no meio, na sua
carne desfez a inimizade." S. Paulo em Efésios 2:14-15a
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