Por Hermes C. Fernandes
Conversões. Não há nada que
um cristão que milite na evangelização almeje mais. O que ocorreu em Samaria é
o sonho de consumo de todo ministro cujo coração bata no compasso do coração de
Deus. Porém, conversão não é obra humana, mas divina. Estratégias humanas
poderão produzir adesões, mas não conversões. Nosso papel é dar testemunho do
amor de Deus, sendo amostras grátis do que o evangelho é capaz de produzir naqueles
que creem. Mas, mesmo quando nos atemos em anunciar a Cristo, adesões
superficiais são inevitáveis.
Temo que já tenha chegado o
tempo em que ser cristão se tornaria moda. Cantores,
atores e jogadores de futebol proeminentes vêm a público assumir a sua fé. É
óbvio que isso acaba por atrair a muitos dentre os seus fãs. Sem contar os que
aderem à fé por motivos pouco louváveis, como no caso de candidatos que forjam
sua conversão no afã de conquistar o eleitorado evangélico.
O fenômeno ocorrido em
Samaria não foi exceção. Em meio a conversões em massa, surge um homem chamado
Simão, que por muito tempo havia exercido fascínio nos moradores da cidade
devido à arte do ilusionismo, o que lhe rendera a alcunha de “O Grande Poder de
Deus”. Assim que percebeu que sua clientela estava ameaçada, Simão resolveu juntar-se
a Filipe. Depois de batizado, Simão colou em Filipe como se quisesse sugar dele
o “pulo do gato” responsável por tantos milagres. Sua esperança era que pudesse
recobrar o terreno perdido.
Quando Pedro e João chegaram
a Samaria, Simão ficou completamente embasbacado de ver como as pessoas
recebiam o Espírito Santo ao receberem a imposição dos apóstolos.
Desavergonhadamente, aproximou-se oferecendo dinheiro para que lhe outorgassem
o mesmo poder. Sem titubear, Pedro respondeu: “O teu dinheiro seja contigo
para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. Tu não
tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de
Deus.”[1]
Por que Pedro
foi tão duro com o mago Simão? Isso não seria um sinal de intolerância? A
resposta é sim. Se Pedro tolerasse a conduta de seu xará, aquela cobra se
criaria e voltaria a enganar a muitos com sua arte ilusória.
Não se pode ser tolerante
com quem almeje se locupletar da credulidade alheia. O mal precisa ser cortado
pela raiz. Pedro foi tomado do mesmo sentimento que levou Jesus a derrubar as
mesas dos vendilhões do templo. Por trás desta intolerância está o amor.
Uma coisa é ser tolerante
com quem, em sua ignorância ou ingenuidade, comete equívocos, ou mesmo com quem
adota uma crença diferente da nossa. Outra coisa é ser tolerante com quem sabe
exatamente o que está fazendo, e que, portanto, age dolosamente.
Jesus jamais demonstrou
tolerância com os religiosos hipócritas, que “atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos
homens; eles, porém, nem com seu dedo querem movê-los.”[2]
Aqueles cujo lema é “faça o que digo, mas não o que eu faço”. Gente cujo
discurso não confere com a prática.
Jesus nunca tolerou os que
fecham aos homens o reino dos céus, de modo que nem eles entram, nem deixam
outros entrar. [3] Aqueles que se acham os
porteiros do céu, em cujos ombros repousa o sacrossanto dever de decidir quem
está dentro, quem está fora.
Ele jamais tolerou os que
devoram as casas das viúvas, “sob
pretexto de prolongadas orações”. Gente que se aproveita da boa fé dos
incautos para explorá-los, sugando-lhes até o último tostão. Eles os alertou: “Por isso sofrereis mais rigoroso juízo”.[4]
Ele nunca tolerou, e duvido
que um dia tolere, os que percorrem o mar e a terra para converter alguém, para
em seguida torná-lo “filho do inferno
duas vezes mais.”[5] Apesar
de não lhes faltar disposição e espírito aguerrido, o resultado é desastroso.
Ele também não tolera os que
se valem de suas práticas religiosas, mas desprezam “o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé”[6]
Ele os chama de “condutores cegos” que
coam mosquitos, mas engolem camelos. Brigam por tão pouco, enquanto fazem vista
grossa para o que realmente importa. Geralmente, se preocupam com questões
morais, rituais, dogmáticas, mas desprezam questões éticas de relevância insofismável.
Ele denunciou os que se
preocupam com exterioridades, mas não cultivam uma espiritualidade autêntica;
que limpam o exterior do copo e do prato, mas o interior segue cheio de rapina
e de intemperança. Ele os assemelha a sepulcros caiados, que por fora parecem
formosos, mas por dentro carregam cadáveres em estado de putrefação.[7]
Ele não tolera quem se
dispõe a corrigir o erro alheio sem que antes admita o seu;[8]que
mesmo tendo telhado de vidro, não pensa duas vezes antes de arremessar pedras
sobre o telhado alheio.
Pelo que conheço de Jesus, Ele
é capaz de tolerar qualquer fraqueza humana, exceto a hipocrisia.
O que poderia ter acontecido
se Pedro não desse aquele “chega pra lá” em Simão? Um perigoso precedente teria
sido aberto. Um câncer cuja metástase poderia comprometer todo o tecido em
pouco tempo.
Na carta endereçada à igreja
de Tiatira, Jesus afirma conhecer suas obras, seu amor, sua fé, seu serviço,
sua perseverança, e admite que suas últimas obras eram mais numerosas que as
primeiras. Apesar disso, Ele adverte: “Tenho,
porém, contra ti que toleras a Jezabel, mulher que se diz profetisa.”[9]
Uma coisa é ser, outra é se
dizer ser. A tal Jezabel não era, de fato, uma profetisa, mas se fazia passar
por uma. Como tantos que se autoproclamam apóstolos, patriarcas, bispos,
pastores, sacerdotes, mas cuja intenção é de se locupletar, não se importando
de induzir tantos ao erro. Deus não os terá por inocente. Paulo os chama “desordenados, faladores, vãos e enganadores”,
“aos quais convém tapar a boca; homens
que transtornam casas inteiras ensinando o que não convém, por torpe ganância.”[10]
Ganância. Eis o que os move.
Se atraíssem poucos, não haveria muito com que nos preocupar. Porém, o fato é
que tais elementos arrastam multidões, com suas promessas mirabolantes, com
seus milagres no atacado, com suas dissoluções. Cumpre-se, pois, o que Pedro
anteviu: “E muitos seguirão as suas
dissoluções, e por causa deles será blasfemado o caminho da verdade; também
movido pela ganância, e com palavras fingidas, eles farão de vós negócio.”[11] Mas a batata
deles está assando! “A condenação dos
quais já de largo tempo não tarda e a sua destruição não dormita.”[12] Deus não os
deixará impunes. Todo o sucesso alcançado por seus ministérios não compensará o
juízo que os espera.
Todavia, compete-nos “tapar
a boca” dessas sanguessugas do altar. E isso fazemos quando denunciamos seus
intentos, livrando as vítimas de suas malévolas mãos. A verdade deve ser
proclamada, a fim de que as trevas do engano sejam dissipadas. Como disse Victor
Hugo, “quem poupa o lobo, sacrifica a
ovelha.”
Amém! Poderosa mensagem, que Deus tenha misericórdia de mim que sou pecadora! !!
ResponderExcluirQuando busquei seguir o caminho da VERDADE,CRISTO JESUS.Muitos diziam que os candidatos a cargos políticos deveria ser o melhor caminho para o Brasil.Quase embarquei nesta onda FURADA.Hoje,ACORDEI.Vejo que temos muitos "Simões" enganadores.Não pelo fato em BUSCAR o poder do Espirito Santo.Mas, através do FALSO MORALISMO.Incitem a violência e a ganância.A Tal "bancada evangélica" é um escarnio,negociatas,união do que é mais vil dentro do Congresso Nacional.Eles fazem aliança com o Diabo.E produzem escândalos.Ai deste que fazem tropeçar e enganar.Dizendo seguir do MESTRE.Mas o mestre deles, somente interesses pessoais.Sempre estão contra o povo sofrido e engado brasileiro.Votar em "evangélico"e desconstruir a verdade do CAMINHO.Janio Ieso . Brasilia D.F
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