Por Hermes C. Fernandes
Esta Copa vai entrar para história como a que teve o maior
número de lances inusitados. Um deles, em particular, me levou a refletir. No
jogo em que o Brasil enviou de volta para casa a seleção chilena, o jogador
Maurício Pinillia teve uma das maiores chances de sua carreira. Se aquele chute
houvesse acertado as redes e vez de o travessão, talvez quem se despedisse da Copa naquele dia fosse a seleção brasileira. Ao retornar à sua pátria, Pinillia tatuou
aquela cena em seu corpo, e abaixo dela, escreveu: A um centímetro da glória. O episódio nos remete à copa de 86, quando Zico, um dos maiores craques da história, bateu
o pênalti cobrado contra a França e que poderia ter colocado o Brasil nas
semifinais e, quem sabe, dado à melhor seleção de todos os tempos a
oportunidade de conquistar a taça. Infelizmente, o goleiro francês defendeu. Naquele ano, o Brasil se contentou mais uma vez com um "quase". Outra cena que nos vem à memória é a protagonizada por Baggio em 94, em que
erra o pênalti marcado contra o Brasil, chutando para bem alto a bola que
poderia ter eliminado nossa seleção, impedindo-a de conquistar seu
tetracampeonato. O que esses episódios têm em comum? Em ambos, a oportunidade
escapou pelos dedos, ou melhor, pelos pés, e por muito pouco. Apesar de Zico e
Baggio não terem feito o mesmo que Pinillia, certamente aquelas oportunidades
perdidas foram tatuadas em suas almas.
Quantas vezes temos vivido experiências semelhantes em que
quase chegamos lá? Por meio ponto, fomos reprovados naquela importante prova.
Por alguns minutos, perdemos a chance de fechar um grande contrato. Por causa de um sim protelado, jogamos pela janela a oportunidade de um casamento feliz. É
relativamente fácil superar tais experiências quando ocorrem eventualmente. O
pior é quando são frequentes. Tem-se a sensação de se estar vivendo
debaixo de uma sina, da maldição do "quase".
Há um episódio bíblico que tem algo a nos ensinar acerca
disso (Dt. 32:48-52). Depois de
ter conduzido o povo de Israel por quarenta anos no deserto, Deus convida Moisés
a subir ao monte Nebo, de onde se tinha uma vista privilegiada da Terra
Prometida. O contraste era nítido. Atrás, o ambiente inóspito do deserto. À frente,
a terra que manava leite e mel. Moisés teve aquela sensação de ter valido a
pena passar por tudo o que passou para chegar até ali. De repente, sem qualquer cerimônia, Deus lhe
diz: “Está vendo tudo isso, Moisés? Esta é a terra que prometi a vocês. Foi por
ela que vocês marcharam essas quatro décadas. Mas tenho uma notícia a lhe dar:
Eles vão, você fica. Está na hora de pendurar as chuteiras, Moisés.”
Imagino a confusão que se instalou na mente de Moisés naquele
instante:
- Como é que é? Depois de tudo que sofri? Depois de ter
aguentado aquele povo rebelde todo esse tempo? Depois de ouvir tanta murmuração? Isso
deve ser uma pegadinha, não? Não é possível que o Senhor tenha me feito nadar
até aqui pra morrer na praia!
Imagine-se no lugar de Moisés. Ou ainda:
Imagine-se no lugar de Neymar depois de saber que não poderia voltar a jogar
nesta copa. O sonho de criança foi interrompido por causa de uma jogada
injusta, truculenta e estúpida do adversário. A sensação de ambos pode ser
comparada, guardadas as devidas proporções, à sentida por Panillia ao perder
aquele gol. A bola foi na trave. Moisés chegou muitíssimo perto, mas não pôde
entrar. Esteve a dois passos do paraíso, mas teve que contentar-se em apenas
ver.
Muitos anos antes, Deus propôs a Moisés a destruição de todo
o povo de Israel no meio do deserto e fazer dele um novo povo, pois não suportava
mais suas constantes murmurações. Sem saber que estava sendo submetido a um
teste, Moisés rogou para que Deus os perdoasse, poupando-O assim dos comentários maliciosos das nações de que Ele os havia tirado do Egito e trazido até ali só para consumi-los. Moisés demonstrou estar mais preocupado com a reputação de Deus do que com qualquer outra coisa.
Resultado: Moisés passou no primeiro teste. Mais adiante, Deus lhe fez uma
segunda proposta: - Ok, Moisés. Posso até não destruir este povo, mas vamos
combinar o seguinte: vou enviar o meu anjo para que vá adiante deles, porém, eu
mesmo não irei. Sem pestanejar, Moisés respondeu: - Negativo! Sem a Tua presença,
não arredaremos os pés daqui. Moisés passou no segundo teste.
Há desfalques que podem ser superados. Acredito, por
exemplo, que a nossa seleção possa vencer esta Copa mesmo sem a presença de
Neymar, seu principal craque no campo. Mas há desfalques que são irreparáveis. Dava para chegar à
Terra Prometida sem aquele povo. Portanto, não eram insubstituíveis ( na verdade, foram seus filhos que adentraram Canaã ). Dava para
chegar à Terra Prometida até sem Moisés (como de fato, ocorreu). Mas como chegar lá sem a presença de Deus? Seria como se a seleção, na reta final da Copa,
perdesse seu treinador.
Apesar de ter passado nos dois primeiros testes, Moisés foi
reprovado no terceiro. Seria como passar pelas oitavas de final, pelas quartas de final, pelas semifinais, mas sucumbir na final. Num belo dia, depois de quase ser
apedrejado pelo povo que, sedento, clamava por água, Moisés chama a seu irmão Arão para
ter uma audiência emergencial com Deus (Nm 20:1-12).
A esta altura, o time já havia sofrido o primeiro desfalque: a morte de Miriam,
sua irmã. Foi graças a ela, que Moisés foi entregue para ser criado como
príncipe no Egito. Agora, eram apenas Moisés e Arão, seu irmão mais velho.
O povo estava tão furioso que chegou a dizer que preferia
estar entre os que foram engolidos pela terra ao se rebelarem contra Moisés
ainda no início de sua caminhada pelo deserto sob a influência de Coré.
Da nuvem de Sua glória, Deus lhe falou:
- Moisés, toma a vara, a mesma com que você feriu o Mar
Vermelho, reúna toda a congregação e fale à rocha para que verta água e sacie a
multidão.
Reunindo o povo, Moisés estava visivelmente transtornado.
Tomando aquela vara, achou que deveria repetir a mesma cena em que feriu as
águas do Mar, e bateu com ela duas vezes na rocha. Imediatamente brotou água da
rocha e saciou não apenas os homens, mas também seus animais.
Décadas se passaram, e agora, o Senhor convoca o Seu servo
para um acerto de contas:
- O que foi mesmo que lhe mandei fazer, Moisés? Eu lhe disse
para falar à rocha e não para espancá-la. Você errou na mão! E o pior é que me
expôs diante de todos. Por isso, você terá que se contentar com o “quase”.
- Mas, Senhor, aquilo funcionou! A água começou a jorrar!
Achei que era um sinal de estar fazendo a coisa certa.
- Você está confundindo as coisas, Moisés. Apesar de você
ter me exposto, eu não quis lhe expor diante de sua gente. Por misericórdia,
permiti que as águas jorrassem da rocha. Mas isso não significa que aprovei sua
atitude.
Bastava falar à rocha. Para quê espancá-la? Imagino o
treinador Uruguaio falando ao jogador Luis Suárez: Bastava marcar o adversário!
Precisava mordê-lo? Ou ainda, o treinador Colombiano dizendo ao Camilo Zuñiga:
Era só para tomar a bola do Neymar, não para deixá-lo paraplégico.
Paulo diz que as coisas que aconteceram aos filhos de Israel
durante sua jornada no deserto são para aviso nosso. Se não tomarmos os devidos
cuidados, estaremos fadados a repetir os mesmos erros (1 Co. 10:1-6).
Não é porque algo
está dando certo que Deus está aprovando o que se faz. Para Deus não vale a
máxima que diz que “não se mexe em time que está ganhando”. De que adianta
garantir o abastecimento de água e no final das contas, ver a terra e não poder
entrar nela? Quantos têm se rendido à tirania da eficiência? Para estes,
importa o que dá certo e não o que é certo. Se está enchendo a igreja, ou se
está enchendo o bolso, então, é sinal de que Deus está nisso. Ledo engano. O
preço a ser pago no futuro poderá ser muito grande.
Por isso é importante prestarmos atenção nas advertências. É melhor um cartão amarelo agora do que um cartão vermelho depois. Paulo declara que seu maior temor era que depois de pregar a tantos, ele mesmo fosse desqualificado (1 Co.9:27).
Sem dúvida, uma das
grandes surpresas desta Copa tem sido a atuação do zagueiro David Luiz. Não
apenas durante os 90 minutos de jogo, mas também depois deles. Após o
conturbado jogo com a Colômbia, minutos depois de ver o colega saindo seriamente contundido numa maca,
David Luiz se aproximou de James Rodríguez, o craque da seleção adversária, abraçou-o
e, consolando-o, pediu à torcida que reconhecesse sua braveza e destreza. O
mundo parou para aplaudir nosso zagueiro. Talvez, se não fosse aquele gesto,
uma briga se desencadearia no campo entre os atletas e poderia contagiar até as
arquibancadas. Uma potencial tragédia foi evitada. Como discípulo de Cristo, David Luiz sabe que não adianta ferir
a rocha. Basta dirigir-lhe a palavra. E que sejam palavras de ternura e
incentivo, que edifiquem em vez de destruir, que consolem em vez de ofender.
Como disse o sábio Salomão: “A resposta
branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” (Pv.15:1).
Queira Deus que nesta Copa, o Brasil não fique no “quase
foi desta vez”. E quanto a nós, que mantenhamos nossos olhos fitos em Cristo,
redobrando nossa atenção com a marcação cerrada que o pecado nos faz,
driblando os laços que buscam nos enredar, ignorando as vaias dos que torcem
contra nós, e não nos deixando envaidecer ao ouvir nosso nome sendo ovacionado
e aclamado nas arquibancadas (Hb.12:1-2). Tomemos para nós a responsabilidade, mas jamais usurpemos os créditos da vitória. Estes já têm dono: Aquele mediante os qual somos mais do que vencedores.
O BRASIL ESTÁ QUASE LÁ, O QUE EU TENHO COM ISTO!
ResponderExcluirO IMPORTANTE QUE EU VOU CHEGARA LÁ, EU VOU ENCONTRAR COM JESUS CRISTO NOS ARES E MORAR ETERNAMENTE COM O MEU SENHOR DA GLÓRIA PARA TODO
SEMPRE, É ISTO QUE ESTOU QUASE LÁ.
Mas, Hermes, no lado humano, vc falou certo, o Brasil está quase lá, mas no buraco econômico financeiro.
Meu caro! Caia na real! O Governo Dilma e etc gastou 54 bilhões de Reais em construções de Estádios, dizendo que a copa ia pagar a divida
gasta.
O que foi publicado pelo próprio ministro Mantega, é: Que só entrou no Brasil até agora 8 Bilhões de Reais em dinheiro, nada mais do que isto e foi um prejuízo total até agora.
Quem vai pagar a conta meu caro, somos nos, os idiotas pagadores de impostos.
A fábrica da Fiat em Betim MG, deu férias coletiva para 6 mil empregado, e 3 mil deles já receberam aviso prévio em casa, depois das férias.
Isto que é com Neimar ou sem Neimar, o Brasil vai quebrar, é fato que não tem como reverter a economia do Brasil.