Por Hermes C. Fernandes
O Brasil amanheceu cabisbaixo hoje. Toda a euforia que acompanhou nossa gente nos últimos dias se esvaiu. A seleção canarinho teve suas asas cortadas. O amarelo de nossa camisa desbotou. O bronzeado de nossos atletas amarelou. Perdemos. Se fosse só isso, tudo bem. Mas o fato é que perdemos vergonhosamente. Foram 7x1. E a sensação que temos é que poderia ter sido pior. A Alemanha cruel do primeiro tempo parece ter voltado do vestiário mais misericordiosa.
Quando a gente pensa em virar a página, somos lembrados de que ainda temos um jogo pela frente para decidir quem será o terceiro lugar. E o pior é que este jogo pode ser com a Argentina. Como nossos atletas estarão psicologicamente para encarar o que vem pela frente?
O que deveria pesar mais, a vergonhosa derrota nas semifinais ou o peso das cinco estrelas que ostentamos em nossa camisa? A propósito, a Alemanha luta por uma quarta estrela. Nós já temos cinco, e ninguém poderá nos tomá-las.
Independentemente do placar do jogo, nada altera o fato de que o Brasil é pentacampeão. As cinco estrelas gravadas na camisa canarinho permanecerão lá, pois foram conquistadas por várias gerações de atletas que vieram antes desta. Nossos atletas precisarão ter isso em mente quando entrarem em campo no próximo sábado. Em vez de se concentrarem em Neymar, deveriam se concentrar nas várias gerações de atletas que forjaram a história da maior campeã dentre as seleções do mundo. A camisa que hoje veste o David Luiz, o Tiago Silva, o Fred, o Hulk, e outros, um dia vestiu o Pelé, o Garrincha, o Zico, o Romário e tantos outros. A galeria é enorme. E se esta geração quiser deixar sua marca positiva na história, terá que levantar a cabeça e entrar em campo como uma seleção vitoriosa. Esqueçam o último jogo. Tributem ao panteão de atletas que tornaram esta camisa o uniforme mais temido e respeitado por todas as seleções do mundo. O que eles fizeram ficou na história e não pode ser alterado. Cada estrela gravada em nossa camisa teve um preço. Apesar de vergonhosa derrota de ontem, não entraremos em campo com uma estrela a menos sobre o escudo da CBF.
Da mesma maneira, independentemente do placar que as circunstâncias atuais nos apresentam, nada altera o fato de que somos mais que vencedores, pois isso não depende de nossa performance, mas da obra realizada por Cristo na cruz (Rm.8:37).
Após apresentar uma lista de heróis e seus feitos épicos, o escritor de Hebreus diz que Deus havia provido coisa superior a nosso respeito (Hb.11:40). Em outras palavras, se os que nos precederam foram capazes de fazer tanto sem, contudo, terem os privilégios que hoje temos sob a Nova Aliança, o que esperar de nós?
Nenhuma geração de atletas foi tão bem paga como a atual. Sem contar toda a tecnologia e conforto de que dispomos hoje. Somos inexcusáveis. A quem muito é dado, mais ainda é cobrado.
De acordo com o escritor sagrado, os heróis que nos precederam agora lotam o estádio formando uma gigantesca "nuvem de testemunhas". Portanto, devemos deixar todo embaraço (Hb.12:1). Tudo o que nos constrange. Tudo o que nos impede de avançar. Sem dúvida, a derrota de ontem foi embaraçosa. Se não conseguirmos nos desvencilhar disso, nossa atuação ficará comprometida. Isso serve tanto para a seleção quanto para nós. Por isso Paulo diz que deixava as coisas que para trás ficam e avançava para as que estavam diante dele (Fp.3:13). O que teria mais peso, o constrangimento do último placar ou as inúmeras vitórias conquistadas ao longo da jornada?
Além disso, temos que driblar a marcação cerrada dos adversários. Nas palavras do escritor sagrado, temos que saber como lidar com "o pecado que tão de perto nos rodeia". Sua intenção é paralisar e desarmar o jogo. Se quisermos alcançar novas vitórias, temos que "correr com perseverança". Esqueça o placar. Mantenha o foco. Em nosso caso, "olhando firmemente para Jesus, autor e consumador da nossa fé". Ele é o nosso gol. A nossa meta. O objetivo de nossa existência. O paralelo entre uma coisa e outra é notável.
Mesmo diante de uma galeria repleta de heróis, nosso olhar deve estar voltado para Cristo e não para eles. Dar ouvidos às provocações da torcida adversária é perda de tempo. Por isso, Jesus, "pela alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, desprezando a afronta" (Hb.12:2). Deixe que vaiem, que xinguem. Simplesmente, ignore. Se o mundo todo for "do contra", temos um Deus que é por nós. Sua torcida nos basta! E, a despeito do placar, Ele continuará a nos amar.
Ademais, a derrota de hoje há de nos preparar para as vitórias do porvir. Portanto, bola pra frente, Brasil! A sexta estrela só foi adiada.
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