Por Hermes C. Fernandes
"Não espalharás notícias falsas nem serás cúmplice do ímpio, para seres testemunha injusta. Não seguirás a multidão para fazeres mal..." Êxodo 23:1-2a
Inocente! Esta é a conclusão da Polícia acerca de Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, espancada até a morte no Guarujá em maio do ano passado por uma turba enfurecida, depois de ter sido acusada nas redes sociais de sequestrar crianças para serem oferecidas em sacrifícios em rituais de magia negra. Ainda que fosse culpada, ninguém teria o direito de executá-la sumariamente.
O crime despertou a opinião pública quanto aos perigos que rondam as redes sociais. Diariamente, calúnias e difamações são divulgadas, incitando pessoas ao ódio injustificável. Surge, então, a pergunta: por que as pessoas são tão suscetíveis a este tipo de apelo? Se ao menos buscassem checar as fontes, quanto erro não seria evitado?
Estou convencido de que haja mais sangue nas mãos de quem digitou mentiras a respeito daquela mulher, do que nas mãos dos que a executaram. E os que ajudaram a divulgar a mentira são igualmente culpados pela morte de uma inocente.
Mesmo que não resulte numa tragédia como esta, o fato é que, campanhas promotoras de ódio destroem vidas, reputações, lares e até... ministérios.
Uma das razões pelas quais decidi não militar mais no campo apologético foi perceber a imaturidade de alguns que não sabem debater no campo das ideias, sem levantar dúvidas quanto à idoneidade de seus opositores. Por muitos anos, tenho participado de debates na TV e em rádios populares, muitos dos quais calorosos. Assisti in loco a situações inusitadas, em que debatedores demonstraram profundo desrespeito aos colegas de mesa. Eu mesmo fui vítima diversas vezes. Um deles chegou a dizer que era o diabo quem me inspirava. Depois do debate, teve a cara de pau de me convidar para pregar em sua igreja. Sempre mantive meu tom de voz, demonstrando respeito a quem quer que seja, ainda que discordando de suas opiniões. Jamais poderia me esquecer de que são chefes de família, homens respeitados em seus grupos. Posso ser incisivo em meus pontos de vista, como aliás, sempre sou. Porém, isso não me dá o direito de atacar meus oponentes. Afinal, nossa luta não é contra carne, nem o sangue...
Ataques à honra de alguém revela muito acerca de quem os protagoniza. Infelizmente, estes sempre têm uma plateia ávida por sangue, desejosa de ver o circo pegar fogo. Talvez se esqueçam da admoestação bíblica:
"Estas seis coisas o Senhor odeia, e a sétima a sua alma abomina: Olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, o coração que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal, a testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos." Provérbios 6:16-19
Estou certo de que ataques pessoais alavancam a audiência, mas desagradam profundamente o coração de Deus. Portanto, não valem a pena. É preferível uma audiência mediana onde ideias sejam expostas sem incitar ninguém ao ódio.
Não me vejo em condição de julgar as motivações e intenções de outros. Prefiro colocar-me na berlinda, examinando-me todo o tempo e sujeitando-me ao crivo da minha consciência. Quanto aos demais, cada qual dará contas de si mesmo a Deus.
Antes de atacar a alguém, pense em como seus pais e filhos se sentiriam vendo sua honra lançada na lama por gente invejosa e inescrupulosa.
Parafraseando Paulo, não destrua, seja por que razão for, o que custou tão caro para ser construído (Rm.14:15). Quem dera se o sangue de Jesus houvesse sido o último sangue inocente derramado! Podemos até escapar da justiça dos homens, mas jamais escaparemos da justiça divina.
P.S.: O Estadão informou que Fabiane voltava da igreja para sua casa, segurando uma Bíblia contendo algumas fotos de seus filhos, no momento em que foi amarrada, espancada e linchada até a morte.
P.S.: O Estadão informou que Fabiane voltava da igreja para sua casa, segurando uma Bíblia contendo algumas fotos de seus filhos, no momento em que foi amarrada, espancada e linchada até a morte.
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