sexta-feira, março 21, 2014

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As damas da lotação - Andar de ônibus é a nova onda entre as celebridades


Por Hermes C. Fernandes
A Dama do Lotação é um filme brasileiro de 1978 dirigido por Neville de Almeida, baseado numa história de Nélson Rodrigues. A película é a quarta maior bilheteria da história do cinema brasileiro, com mais de seis milhões e meio de espectadores.
Solange (Sônia Braga) e Carlos (Nuno Leal Maia) se conhecem desde a infância e se casam. Na noite de núpcias, Solange resiste ao seu marido, que, impaciente, acaba estuprando-a. Traumatizada, apesar de desejar o marido, não quer mais nada com ele. Para se satisfazer, ela começa a fazer sexo com homens desconhecidos que encontra no coletivo.
Keanu Reeves visto mais de uma vez em metrô de Nova Iorque
Recentemente, a atriz Lucélia Santos foi protagonista de uma polêmica ao ser flagrada andando de ônibus no Rio de Janeiro. Em qualquer país sério, isso jamais teria sido estopim para um escândalo. Até astros de renome internacional como Keanu Reeves, astro de Matrix, são vistos em ônibus e metrôs pelo mundo afora. Mas aqui, o episódio envolvendo a atriz deflagrou uma onda. Celebridades do quilate de Susana Vieira e Susana Werner foram também flagradas em coletivos recentemente. O que nos leva a supor que haveria algo de intencional nisso. Ainda que o episódio original tenha sido realmente despropositado, tudo me leva a desconfiar que os que vieram depois aproveitaram a visibilidade daquele nas redes sociais. 
No Brasil, onde o transporte público é um caos, quem tem dinheiro não se presta a utilizá-lo. Chega a soar hipócrita. Até que ponto é razoável imaginar que haveria uma campanha orquestrada por parte dos empresários de ônibus e governos para incentivar as pessoas a deixarem seus carros na garagem e optar pelo transporte público?
Antes fosse para aliviar o trânsito. Mas pelo jeito, o objetivo é beneficiar as empresas que têm sido grandes colaboradoras em campanhas eleitorais. Soma-se a isso o caos que instaurou-se no metrô e nos trens, além do trânsito insuportável devido as obras e as constantes mudanças do tráfego. O cidadão comum, que não tem seu nome gravado em nenhum calçada da fama, vê-se obrigado a apelar para os ônibus superlotados. Como disse meu amigo Marcello Comuna, o transporte público nos grandes centros urbanos brasileiros nos remetem aos navios negreiros. Sugiro que aproveitem a propaganda da eterna "Escrava Isaura" para que o sistema de som dos ônibus use a música tema da novela como trilha sonora das viagens.

Lerê, lerê, lerê, lerê, lerê... Vida de negro é difícil, é difícil como o quê...
Pior do que a promiscuidade exibida no filme "A Dama da Lotação" é a protagonizada pelo Estado ao primar pelo interesse da empresas de ônibus em vez de zelar pelo bem-estar da população.
Ainda que essas atrizes não tenham tido qualquer intenção de fazer propaganda para o governo, o fato inegável é que sua postura serviu a isso. Ademais, de boa intenção, o inferno está cheio. Mas não tão cheio quanto os ônibus no Rio e São Paulo. 



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