Um cálice de 'cale-se'
O silêncio é
tributo prestado àquilo que a alma encanta
Se falo, ao céu expresso
o que sinto
Se calo, réu confesso,
consinto
Se falo, descrevo
o que vejo
Se calo, é pela
paz que almejo
Se falo, eu ancoro
o desejo
Se calo, num mar
calmo velejo
Se falo, demonstro
traquejo,
Se calo, de
repente um lampejo
Se falo, faço
sempre gracejo
Se calo, só
desperto bocejo
Se falo, enxurrada
despejo
Se calo, valorizo
o gotejo
Palavra é braçada.
Silêncio,
mergulho.
Palavra é
presente.
Silêncio, embrulho.
Palavra é porta.
Silêncio, janela.
Palavra conforta.
Silêncio, anela.
Palavra exorta.
Silêncio, apela.
Palavra distrai.
Silêncio, revela.
Palavra é tinta.
Silêncio é tela.
Palavra distingue.
Silêncio, nivela.
Palavras marcam.
Silêncio, sequela.
Palavra é palácio.
Silêncio, capela.
Palavra é barco.
Silêncio, a vela.
Palavras são partos.
Silêncio,
gestação.
De palavras, fartos
Por silêncio
buscarão.
Antes de levantar nossas vozes
lembremo-nos que diante dos algozes
O Verbo Divino se calou
Por nós sorveu inteiro o cálice
Se vai orar, primeiro, cale-se
em reverência à sua dor e a eloquência do amor.
Antes de levantar nossas vozes
lembremo-nos que diante dos algozes
O Verbo Divino se calou
Por nós sorveu inteiro o cálice
Se vai orar, primeiro, cale-se
em reverência à sua dor e a eloquência do amor.
Por Hermes C. Fernandes em 15/08/2013
* O poema tem a sugestiva forma de cálice.
* O poema tem a sugestiva forma de cálice.
O silêncio pode ecoar feito alarido ensurdecedor !
ResponderExcluir