domingo, março 07, 2010

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A Supermulher

A história das mulheres é marcada por certa dicotomia. E eu quero distância dela.

A figura da mulher nos primórdios do século era marcada pelo clássico da "dona de casa". Já nos anos 50 esta figura se tornou o símbolo de mãe e mulher ideal, que cuida da casa, dos filhos e do marido. Uma dica de filme que evidencia isto é "O Sorriso da Monalisa", muito bom e que eu recomendo, apesar de ser meio "água com açúcar".

Mas a tal "liberação feminina" ocorrida no fim dos anos 60 e ao longo dos anos 70, ao contrário dos seus objetivos, não aliviou a carga da mulher, mas a aumentou ainda mais. Aquele conceito antigo de mulher somou-se ao novo conceito, gerando um "dever" de cuidar da casa, do marido, dos filhos, do emprego, da carreira, da imagem social. Não me admira que muitas mulheres abdicaram de ter uma família!

Esta nova imagem de mulher fez-se presente na geração da minha mãe, fazendo muitas mulheres criarem esta personagem de "supermulher" nas suas próprias vidas. Minha mãe tem o conceito de que o ideal é cuidar impecavelmente da casa, educar os filhos com algum rigor, mimar o marido. No final das contas, como era de se esperar, tenta me moldar da mesma forma.

Mas eu me nego a ser "supermulher"!!! Quero romper esta caracterização absurda! Não quero este FARDO para mim. Me nego a servir as minhas coisas, mas quero sujeitar as minhas coisas ao meu conforto. Não quero este papo de "trabalho de mulher" (afinal de contas, não sou melhor ou pior que qualquer homem a pontode me dedicar a trabalhos exclusivos!). Trabalho de mulher para mim significa gestar e amamentar, de resto todos podem dividir o trabalho, sem que haja sobrecarga para ninguém.

Terei um trabalho complicado (advocacia não é fácil, queridos!), não vou criar o hábito de trabalhar o dia todo, chegar em casa e limpar tudo, além de preparar a janta e, quando tiver filhos, ajudar com os temas de casa, dar banho e colocá-los na cama. Isso não é ser exemplar, isso é TORTURA.

O significado de "casamento" para mim é DIVIDIR uma vida juntos, e não deixar todo o trabalho dificil para eu fazer.

Não sou a "mulher clássica", espero que meu futuro marido já tenha entendido isso muito bem. Mas espero que todo homem que leia este texto tenha a consciência que esta figura de mulher é opressiva, torturante, e que amar de verdade significa ajudar a erradicar estes conceitos retrógrados.


Texto de Laila Flower com o título original "Não faço o tipo "supermulher" (Via The Midnight Flower)

3 comentários:

  1. Anônimo12:59 PM

    Excelente texto, sensato, útil, instrutivo e claro. Valeu.

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  2. Quando eu dizia e digo pra algumas mulheres: EU AMO SER DONA DE CASA E MÃE DE TEMPO INTEGRAL E NÃO HÁ SALARIO QUE COMPENSE ISSO PRA MIM, elas ficam me olhando e achando um et... e às vezes olhando a trajetoria de amigas eu tambem me acho um et...
    mas vou dizer uma coisa: EU SOU MUITO FELIZ COMO DONA DE CASA E MAE, mas nem por isso deixo de me atualizar nos assuntos do meio, e enquanto hoje minha filha ta na escola eu aproveito pra estudar... mas sei que essa é uma realidade e uma condição de poucas mulheres, eu é que sou priviligiada,às vezes elas estão nesta vida pq nao tiveram escolhas, são chefes de família, eu as entendo apesar de saber do quanto elas sofrem e se desdobram em mil...

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  3. :) É isso aí! Nada a acrescentar, ótimo texto! PERFEITO!

    Um abraço.
    Paz e bem!

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