terça-feira, outubro 28, 2008

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American Pie e um novo paradigma econômico

Assistia recentemente a um comício de John Mcain, candidato republicano à presidência dos EUA, quando ele usou uma interessante analogia para expressar a diferença entre a sua proposta e a do seu oponente democrata Barack Obama.

Segundo ele, o democrata seria um socialista enrustido que acha que o papel do governo é fatiar a torta, beneficiando o maior número de pessoas, principalmente os mais pobres. Já na sua visão como republicano e conservador, o papel do governo seria fazer a torta crescer, sem se importar com quem teria a maior ou menor fatia dela.

Eis a maior diferença entre o pensar republicano e o pensar democrata. Para os conservadores/republicanos, não compete ao governo se preocupar com distribuição das riquezas, e sim, fazê-las crescer para que haja, supostamente, torta pra todo mundo. Para os progressistas/democratas, compete ao governo intervir para que a torta seja repartida com maior eqüidade entre todos, sem se preocupar muito com o crescimento da torta, que supostamente aconteceria de forma natural.

Os democratas acusam os republicanos de serem elitistas, enquanto os republicanos acusam os democratas de serem socialistas.

Quem estaria com a razão? Qual deveria ser a prioridade dos governos, fazer a torta crescer ou trabalhar para que ela seja repartida com justiça?

Nesse sentido, o lema republicano seria: Let it be! (Deixe acontecer!). O lema democrata seria: Just do it! (Faça acontecer!).

Que tal avaliarmos ambas as propostas à luz do ensino de Jesus?

No episódio em que alimentou uma multidão a partir de míseros cinco pães e dois peixinhos, Jesus ensinou que o pão é multiplicado à medida que é repartido. Um discípulo republicano sugeriria: Jesus, multiplique primeiro, depois deixe que cada um tome o quanto quiser. Um discípulo democrata sugeriria: Jesus, reparta os cinco pães e os dois peixinhos, ainda que reste apenas uma migalhinha pra cada um.

De acordo com a reportagem de João, dois discípulos protagonizaram o episódio: Filipe e André. Ao ser perguntado por Jesus onde compraria pão pra toda aquela gente, Filipe respondeu: “Duzentos denários de pão não bastariam para que cada um deles recebesse um pedaço” (Jo.6:7). Era como se ele dissesse: Senhor, não temos dinheiro no caixa pra alimentar tanta gente. Temos que providenciar comida, mas não temos dinheiro suficiente.

Filipe era o discípulo republicano. Temos que fazer o bolo crescer primeiro. Depois a gente se preocupa com o resto.

De repente, entra em cena André, o discípulo democrata: “Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada pequenos e dois peixinhos, mas o que é isto para tantos?” (Jo.6:9). Parafraseando: Senhor, eis tudo de que dispomos. Esse rapaz está disposto a compartilhar conosco o seu pequeno lanche. Ora, aquele lanche mal daria para alimentar os discípulos que eram em número de doze, quanto mais à multidão que era de milhares de pessoas.

Jesus não é republicano nem democrata. Ele multiplica enquanto reparte. Sua matemática subverte as teorias econômicas vigentes. Ele faz crescer a torta, enquanto a está fatiando.

Quando todos já estão saciados, Ele ordena aos Seus discípulos: “Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca” (v.12). Embora tenha poder de fazer multiplicar, Ele não se dá ao luxo de desperdiçar. Ao contrário de algumas sociedades atuais, como a americana, que desperdiça por ano toneladas de alimento, elotrodomésticos, etc.

O capitalismo fomenta o desperdício, pois está baseado na produção e consumo. Quanto maior o consumo, maior o desperdício. Por isso, as coisas são feitas para acabar logo. Estamos na era dos descartáveis.

Porém, a atual crise econômica mundial fará com nos conscientizemos do desperdício que temos praticado, e nos reeduquemos com novos hábitos de consumo. O planeta agradece!

Um novo paradigma econômico vai emergir desta crise.

A solução não está nos velhos modelos. Republicano ou democrata, conservador ou progressista, capitalista ou socialista, todos oferecem apenas paliativos. Sem querer ser piegas, a solução está no Novo Mandamento de Cristo: Amar ao próximo como Ele nos amou. Quem ama, reparte, compartilha. E é aí que acontece a multiplicação.

Christus Victor! Semper Invictus!

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