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sexta-feira, março 18, 2016

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URGENTE! LEIA ANTES DE SAIR ÀS RUAS



“As pessoas que querem fazer deste mundo um lugar pior 
não descansam, por que eu vou descansar?" Bob Marley


A queda do muro de Berlim marcou o fim de uma era caracterizada pela polarização entre duas super potências: os EUA e  a União Soviética. Lançava-se uma pá de cal na guerra fria que assombrou a civilização por décadas. Há fortes indícios de que o mundo esteja caminhando para uma nova polarização. Basta verificar as novas produções hollywoodianas que refletem bem o espírito desta época. “Batman vs Superman”, “Guerra Civil” (Capitão América vs Homem de Ferro), e tantas outras. Nem produções cristãs escapam deste espírito. Observando o cartaz do filme “Deus não está morto 2”, encontrei no subtítulo a provocante pergunta “De que lado você está?” e a imagem de uma mulher caminhando em direção a uma Corte, cercada por dois grupos:  o da esquerda (tinha que ser!) exibindo cartazes que dizem: “Deus está morto!”, “Jesus é um mito”, “Para um mundo sem atraso”, etc.; o da direita com cartazes que dizem: “Deus está vivo!”, “Deus é amor”, “Eu acredito na cruz”, etc.

De fato, Deus não está morto. Mas o que está moribundo é o bom-senso.

Se a polarização ficasse só nas telas, tudo bem. O problema é quando ela vem para as ruas, dividindo povos, provocando hostilidade entre grupos de matizes ideológicos diferentes, arruinando assim, qualquer projeto de nação. Afinal, o que seria mesmo uma nação, senão um povo reunido em torno de um propósito? Ainda que não estejam 100% de acordo, decidiram caminhar juntos, transpondo abismos, superando diferenças étnicas, religiosas, culturais, a fim de possibilitar um futuro promissor às próximas gerações. Sem que haja isso, podemos até ser um país, mas não uma nação.

A polarização só serve aos interesses de quem pretende nos enfraquecer para nos dominar ou de quem trabalhe na indústria armamentista. 

Num momento de ânimos acirrados como o que estávamos vivendo agora, precisamos de gente que leve a paz à sério, caso contrário, corremos o risco de ter nossas ruas banhadas de sangue.

Jamais me opus à liberdade de expressão. Está insatisfeito? Põe pra fora! Achou que alguma medida foi arbitrária? Exponha sua decepção. Esta é a vantagem de se viver numa democracia. Mas daí, sair ofendendo a todos os que pensam diferentemente...

No mesmo sermão em que Jesus diz ser bem-aventurado os que têm fome e sede de justiça, também diz ser bem-aventurados os pacificadores. Será que dá para ter fome e sede de justiça e ainda assim ser um pacificador? Estou convencido de que não são coisas excludentes. Por isso lemos que "o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz" (Tiago 3:18). Mas devemos redobrar os cuidados com os que preferem atear fogo! Não é à toa que entre as coisas abominadas por Deus está "o que semeia contenda entre irmãos" (Provérbios 6:19). Não importa o quão ortodoxo seja a sua teologia, se não prega a verdade em amor, não serve. 

Há coisas que precisam ser ditas, porém, na hora certa. O mesmo álcool usado para desinfetar algo, pode ser usado para provocar um incêndio. Então, nada de pôr álcool próximo de fogo!

Alguns, não satisfeitos com tal postura pacificadora, vão nos chamar de isentões. Talvez chamassem Jesus assim por não instigar os judeus contra os romanos. Talvez até desconfiassem que Ele fosse um partidário de Roma devido aos rasgados elogios feitos a um centurião por sua fé. Mas o Príncipe da Paz não estava nem aí para os comentários maliciosos.

Antes de ser recebido em Jerusalém aos brados de “hosanas”, “quando ia chegando, vendo a cidade, chorou sobre ela, dizendo: Ah! Se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas agora isto está encoberto aos teus olhos” (Lucas 19:41-42). Em outra ocasião exclamou: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!”(Lucas 13:34).

Quão frustrante é não conseguir fazer as pessoas verem o que se está aproximando. Quanta desgraça poderia ser evitada! Mas os que deveriam pregar a reconciliação, preferem emprestar os lábios ao ódio.

Peço a Deus que levante nesses dias pessoas com a envergadura moral de Nelson Mandela e de Desmond Tutu que se deixaram usar pelo Espírito da Graça para promover a reconciliação de uma sociedade profundamente dividida pelas feridas causadas pelo Apartheid. Que Deus levante homens como Gandhi e Luther King para conduzir nosso povo pelas trilhas da paz e não do ódio. 

Sabe aquele ser humano vestido de verde amarelo? Ele não é um coxinha, mas um brasileiro que almeja um lugar melhor para criar seus filhos. Em suas veias corre um sangue tão vermelho quanto o seu.

Sabe aquele ser humano de camiseta vermelha? Ele não é um petralha, mas um brasileiro tão patriota quanto você, cujo coração é tão verde e amarelo quanto o seu.

Lembre-se de que nossa luta não é contra carne ou sangue, mas contra principados e potestades nos lugares celestiais (Efésios 6:12). Traduzindo: Jamais leve o embate para o lado pessoal. Mantenha-o no campo das ideias. Os gregos para os quais Paulo escrevia acreditavam que toda estrutura de poder estava baseada num protótipo nos lugares celestiais (eufemismo platônico para o mundo das ideias). Enquanto certas ideias não forem desarticuladas, tais estruturas se perpetuarão. No nosso caso, há uma verdadeira fortaleza de ideias que mantém nosso país refém. A corrupção que nos assola é endêmica, semelhante a um câncer cuja metástase já espalhou por todo o tecido social. Não adianta mudar os atores, porém, manter o enredo da peça. Logo, não faz sentido ficar trocando farpas entre nós. Todos almejamos mudança, mas cada um tem sua opinião sobre como ela será promovida.

Sem querer dar spoiler, tomara que este filme termine como os dois primeiros que citei acima, em que Batman e Superman se unirão para fundar a Liga da Justiça e somarão esforços para combater um inimigo em comum, e o Capitão América e o Homem de Ferro se reconciliarão para o bem de todos. Se não, o que é mesmo que vai sobrar de tudo isso?

"Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e,
derrubando o muro de separação que estava no meio, na sua
 carne desfez a inimizade." S. Paulo em Efésios 2:14-15a

sábado, março 12, 2016

9

Querem transformar a manifestação numa "marcha para Jesus"




Por Hermes C. Fernandes

A que ponto chegamos para convencer as pessoas a deixarem seus ambientes de culto no domingo para participar da manifestação que pretende derrubar uma presidente democraticamente eleita... Para dar uma aura de espiritualidade, líderes estão convocados seus rebanhos para juntar-se à turba para dar uma espécie de cobertura espiritual ao protesto, orando e louvando enquanto marcham. Agora sim... vamos amarrar a potestade da corrupção e o principado do comunismo... SQÑ.

Enquanto a presidente estiver sendo aviltada com xingamentos dos mais baixos, estaremos falando em línguas. Enquanto muitos estiverem clamando pela volta da ditadura militar, os crentes estarão entoando louvores e encenando atos patéticos, ops, proféticos. 

Vamos transformar a manifestação de domingo numa grande "marcha para Jesus", com palavras de ordem do tipo "O BRASIL É DO SENHOR JESUS!" E assim, vamos destronar Belzebu e deixar o trono vago para Satanás. O que nossos netos pensarão de nós ao lerem sobre isso nos livros de história? Que o Senhor tenha misericórdia desta geração de crentes perdida em seus devaneios de poder.

Como os cristãos se tornaram tão suscetíveis a este tipo de apelo? Como podem ser tão ingênuos a ponto de se deixarem manipular por líderes inescrupulosos que usam e abusam de um discurso religioso moralista só para seduzi-los? Não se enganem! A pauta moralista (família tradicional, contra o aborto e o casamento gay, etc.) não passa de uma isca. No fundo, estão pouco se lixando para tudo isso. Cansei de vê-los apoiar candidatos favoráveis a tudo isso em troca de certas regalias. O que querem mesmo é poder, concessões de rádio e TV, isenção de impostos e outros privilégios.

Ao postar minha indignação em meu perfil numa rede social, alguém insinuou que eu fazia pior ao levar os Beatles para dentro da igreja (referência clara ao "Rastros da Graça", trabalho que promovemos nos cultos dominicais da Reina em que cantamos canções seculares onde julgamos encontrar lampejos da graça de Deus). Ora, o que seria mais 'grave', Paulo citar poetas pagãos em sua pregação ou Jesus entrar na pilha da multidão e marchar em direção ao palácio de Herodes para depô-lo? Sem se deixar engambelar com os gritos de "hosanas" que não passavam de pressão política favorável a um golpe, Jesus tomou o caminho do templo e lá chegando, botou para quebrar em cima dos mercadores. Como podemos exigir o fim da corrupção enquanto cedemos nossos púlpitos para candidatos e em troca de ofertas vultuosas? Cantar os Beatles soa inofensivo diante do que estão fazendo com o evangelho. Tudo por amor... ao poder.

Que tal fazermos como Daniel? Em vez de promover um levante para derrubar o rei da Babilônia que havia promulgado uma lei injusta que prejudicava diretamente a ele e ao seu povo, o profeta hebreu preferiu subir para o seu quarto três vezes ao dia para orar em secreto. Pelo menos, isso é o que pretendo fazer juntamente com a minha família, no intervalo entre os cultos da manhã e da noite. Vamos rogar a Deus para que o país não caia numa armadilha que resulte em retrocesso social. Que Ele conceda sabedoria aos nossos governantes para vencer esta crise e conduzir a nação ao crescimento sustentável. Que as manifestações ocorram sem percalços, na mais perfeita paz. E que nosso povo, já tão sofrido, não dê ouvidos a promessas mirabolantes de quem se apresenta como o salvador da pátria, mas não passa de oportunista espertalhão que só almeja sugar o que nos resta.

quinta-feira, março 10, 2016

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Eu até iria à manifestação do próximo dia 13 se...





Por Hermes C. Fernandes

Eu até iria à manifestação convocada para o próximo domingo, 13 de março, se não soubesse quem realmente a está convocando...

Eu até iria a tal manifestação se não soubesse que interesses sórdidos estão por trás dela...

Eu poderia até me vestir de verde e amarelo e sair às ruas se fosse algo espontâneo, legitimamente popular, sem a sombra dos que almejam entregar nossas riquezas às grandes corporações multinacionais e que se escondem na penumbra da ignorância de nossa burguesia...

Eu até me esforçaria para comparecer à manifestação se desconhecesse que a mesma mídia que estará dando cobertura aos protestos, com takes favoráveis em que aparecerão famílias do tipo ‘comercial de margarina’ sorrindo para as câmeras não fosse a mesma mídia que detonou os verdadeiros protestos ocorridos em Junho de 2013, comparando os manifestantes a hordas de vândalos...

Eu até toparia participar se não me embrulhasse o estômago ver participantes posando com os mesmos policiais que meteram o cassetete nos que protestaram para valer em manifestações legítimas desdenhadas pela grande mídia e pelas autoridades... O brilho dos olhos dos participantes desta é incompatível com a vermelhidão provocada pelo spray de pimenta de outras...

Talvez eu aparecesse por lá se me garantissem que em momento algum eu toparia com pregadores midiáticos que se levantam contra o atual governo pelo simples fato de não terem alguns de seus pedidos atendidos, dentre os quais, concessões de canais de TV, cargos públicos, leis que beneficiam sua própria classe, etc. Se não me deparasse com teólogos fundamentalistas de plantão destilando seu veneno para apoiar o golpe, destorcendo o livro sagrado a seu bel-prazer para impor sua agenda moralista sobre um estado laico...Definitivamente, não tenho vocação para ser massa de manobra e nenhum líder religioso tem procuração para pensar em meu lugar. O escudo da minha fé não vem com a estampa do Capitão América...

Eu seria visto por lá se concordasse com uma tentativa de golpe para derrubar um governo que mal ou bem foi eleito por voto popular...


Se concordasse que a alternativa ao atual modelo fosse uma intervenção militar... Lembrando que, se ainda vivêssemos sob a égide da ditadura dos milicos, manifestações como esta seriam coibidas...

Se me convencessem de que a corrupção só surgiu no país a partir do atual governo e que membros de partidos da oposição também não foram indiciados na operação lava-jato...

Se o lugar escolhido para a manifestação não fosse um cartão postal que servirá de cenário para a aglutinação de uma maioria branca, pertencente à classe média, usando a mesma camisa que usaram nos jogos da Copa depois de pagaram por ingressos caríssimos para assisti-los nos estádios construídos pela atual administração...

Eu até acreditaria do patriotismo de toda esta gente não fosse o fato de que muitos que vociferam contra a corrupção não fossem os mesmos a sonegar impostos ao entrarem no país sem declarar o que compraram em sua viagem a Miami...

Eu me proporia a fazer coro com a grande turba vestida de verde e amarelo se não tivesse a consciência de que o Brasil corre o risco de dar uma guinada à direita que resultaria no abandono de programas governamentais que contemplam os mais necessitados e que são responsáveis pela inserção de 36 milhões oriundas das classes mais baixas na classe média.

Se não corresse o risco de ouvir de cima de um trio elétrico o pronunciamento de algum político racista, homofóbico, xenófobo, que aproveita do momento para seduzir o coração de um povo ávido de esperança.

Eu até me atreveria a comparecer a tal marcha, se não desconfiasse da possibilidade de que indivíduos fossem pagos para se infiltrar no meio da multidão, portando bandeiras vermelhas para tocar baderna, criar tumulto, e assim, fomentar a hostilidade contra partidos da base do governo... Já vi este filme antes...



Sinceramente, eu ficaria muito constrangido de ser flagrado marchando ao lado de neonazistas, de defensores da intervenção militar, de gente que prega o ódio aos gays, negros, nordestinos, imigrantes, etc.

Reconheço a legitimidade do direito de sair às ruas, mas não reconheço a legitimidade da motivação por trás da manifestação que se pretende no próximo domingo. Se é democrática como se diz, então, qualquer um poderia ir vestido como quisesse, inclusive de camiseta vermelha, sem ser hostilizado.

Se eu tiver que marchar, não será pela família tradicional, mas pela família humana. Não será contra um partido, mas contra a corrupção cuja metástase já comprometeu todo o tecido político e social deste país. Não será ao lado de Bolsonaros, Cunhas, Aécios, Felicianos e Malafaias, mas ao lado de quem se inspira em Luther King, Bonhoffer, Madre Teresa de Calcutá, Gandhi, Mandela, Papa Francisco e, sobretudo, em Jesus Cristo, o maior pacifista de todos os tempos. Bem que Jesus disse, "onde estiver a carniça, os abutres se ajuntarão." Se quiser julgar uma causa, verifique quem ela é capaz de atrair. 

Sinta-se à vontade para seguir a sua consciência. 

Abaixo a canção "Admirável Gado Novo" de Zé Ramalho (Nunca foi tão atual!)

 

sexta-feira, março 13, 2015

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Eu sairia às ruas dia 15 se...



Se a reivindicação fosse por uma reforma política ampla que acabasse com o financiamento de campanhas políticas por parte de empresas, principalmente as que participam de licitações públicas.

Se fosse para demonstrar minha insatisfação com todo tipo de corrupção e não apenas a que envolva membros de um partido em particular.

Se fosse para reclamar dos serviços públicos sucateados devido ao agressivo lobby feito por deputados eleitos para defender os interesses das operadores dos planos de saúde e dos donos de estabelecimentos de ensino privados. 

Se não tivessem o objetivo de derrubar um governo democraticamente eleito.

Se não fossem claramente estimuladas pela grande mídia que apoiou o golpe militar em 64 e sempre perseguiu governos com apelo popular.

Se não tivessem o apoio de lideranças evangélicas eticamente comprometidas.

Se a corrupção houvesse começado em 2002.

Se não percebesse os interesses inconfessáveis por trás da privatização da Petrobrás.

Se acreditasse que a privatização provocaria preços mais baixos para o consumidor. O que não aconteceu, por exemplo, com a telefonia cujos preços estão entre os mais caros do mundo.

Se concordasse que programas sociais como o Bolsa Família fossem apenas esmolas em vez de terem ajudado a tirar da miséria trinta e seis milhões de pessoas.

Se achasse que o sistema de cotas fosse sinônimo de incompetência.

Se acreditasse que a democratização da mídia fosse o mesmo que censura.

Se defendesse que direitos humanos não passam de muleta para marginal.

Se concordasse que bandido bom é bandido morto.

Se achasse que todo sem teto é um vagabundo e todo sem terra um terrorista.

Se não acreditasse que homossexuais tenham os mesmos direitos que qualquer heterossexual.

Se não defendesse a laicidade do Estado.

Se houvesse me esquecido das manchetes dos jornais dos anos 90, quando o PSDB estava no governo.

Se conseguisse me esquecer dos 170% de aumento da gasolina durante a gestão de FHC. 

Se as manifestações fossem legitimamente populares, espontâneas, e não orquestradas por empresas multinacionais,  partidos com reserva moral zero e a grande mídia para impedir o avanço de programas sociais que permitiram que as camadas mais pobres da sociedade finalmente se tornassem protagonistas de sua própria história.  

Só por isso, não sairei às ruas dia 15.

E não... desta vez o gigante não acordou, ele só está sonâmbulo.

Hermes C. Fernandes, 13/03/2015

terça-feira, junho 25, 2013

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Uma análise bíblica desta onda de manifestações que varre o Brasil


Por Hermes C. Fernandes

Cristãos conservadores identificados com a ala direita do espectro ideológico acusam os esquerdistas de atribuírem ao Estado papéis divinos. Segundo estes, não compete ao Estado prover educação, saúde, programas assistenciais, nem tampouco tentar regular a economia. Agindo assim, o Estado estaria tomando o lugar de Deus. Todavia, por trás deste discurso aparentemente piedoso se esconde motivações nem sempre louváveis. Mesmo um conservador não cristão vai concordar que não é justo usar seus impostos para socorrer os menos favorecidos. Já os esquerdistas pensam de maneira inversa. Compete ao Estado diminuir a distância entre as classes, tirando das mais abastadas através de impostos, e provendo serviços que beneficiem a todos, sobretudo, os mais necessitados.

A atual onda de manifestações que tem varrido o Brasil revela a insatisfação do povo com relação aos governos, sejam municipais, estaduais ou federal. Desde o início, tenho me posicionado a favor destes protestos, o que tem me rendido a acusação de ser esquerdista. Provavelmente, isso se deve ao silêncio da maioria da liderança evangélica. Alguns poucos se pronunciaram, e a maioria deles se revelou contrária às manifestações. Recebi diversas críticas por colocar-me ao lado dos anseios populares. Apesar de alguns direitistas tentarem extrair das manifestações algo que lhes favoreça, alegando que a população estaria descontente com o atual governo esquerdista, o fato é que, no fundo, eles são contrários às reivindicações populares, por acreditarem não ser papel do Estado satisfazê-las. Por isso, sua ênfase é sempre em torno da corrupção, como se esta fosse exclusividade da ala esquerda ou do atual governo.

Para o direitista cristão, o papel do Estado se limita ao que Paulo sucintamente apresenta em Romanos 13:

“Porque os magistrados não são motivo de temor para os que fazem o bem, mas para os que fazem o mal. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem, e terás louvor dela; porquanto ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador em ira contra aquele que pratica o mal.” Romanos 13:3-4

Resumindo: Estabelecer a ordem, coibindo o avanço da maldade através do uso da lei e da força, julgando e punindo os criminosos. Isso justificaria forte investimento em segurança através do aparelhamento das forças armadas e das polícias. Um ambiente seguro garantiria um terreno fértil para o desenvolvimento de outras atividades e, consequentemente, a prosperidade da sociedade.

Se observarmos mais atentamente o texto, perceberemos que o papel do Estado vai além de garantir segurança aos seus cidadãos. Ele também deve ser ministro de Deus para a promoção do bem. Portanto, não basta coibir o mal, tem que promover o bem. E o que abrangeria este “bem”? Poderíamos incluir a saúde, a educação? E mais: o Estado deve estimular a livre iniciativa que vise o bem comum. Receber louvor do Estado nada mais é do que receber estímulo, incentivo, inclusive de ordem econômica. Estimula-se o desenvolvimento de uma sociedade provendo-lhe educação, qualificando profissionalmente os seus cidadãos, investindo em pesquisas.  Estimula-se o progresso econômico através da desburocratização, e de incentivos fiscais, desonerando serviços essenciais à população, viabilizando o crédito, incentivando a produção.

Não se trata de atribuir ao Estado papéis divinos e sim de conferir-lhe o papel que as Escrituras lhe atribuem: ser ministro de Deus. Lutero costumava dizer que Deus age no mundo através de dois braços, o Estado e a Igreja, a Lei e a Graça.

Como promotor do bem comum, compete ao Estado contribuir na distribuição de renda. Jamais foi plano de Deus que as riquezas deste mundo fossem concentradas em poucas mãos. A justiça do reino de Deus se caracteriza, sobretudo, pela distribuição equitativa dos recursos. Por isso, Paulo declara acerca de Deus: Espalhou, deu aos pobres; a sua justiça permanece para sempre” (2 Coríntios 9:9). Tanto a Igreja, quanto o Estado têm a obrigação de ser agente de Deus para espalhar, e não concentrar. Não se trata de ser uma espécie de Robin Hood, que tira dos ricos para dar aos pobres. A propriedade privada deve ser garantida. O primeiro a comer do fruto do seu trabalho é aquele que o produziu (confira 2 Tim.2:6). Todavia, ser o primeiro não é ser o único. Paulo nos adverte a trabalhar, “fazendo com as mãos o que é bom”, para que tenhamos “o que repartir com o que tiver necessidade” (Efésios 4:28).

A diferença entre o Estado e a igreja é que o primeiro age por força da Lei, enquanto a igreja promove o bem através da conscientização. O Estado não pode me obrigar a partilhar dos meus bens com quem quer que seja. O que ele pode e deve é usar os meus impostos para beneficiar a todos, sobretudo aos mais necessitados. Porém, cabe à igreja conscientizar-nos da importância da partilha. Não uma partilha imposta por lei, mas voluntária, motivada pelo amor. O Estado coage pela força. A igreja constrange pelo amor. O Estado impõe. A igreja propõe. O Estado busca prevalecer-se. A igreja, compadecer-se.

A igreja primitiva serve-nos de modelo de uma sociedade justa. Somos informados que “era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns” (Atos 4:32). Consequentemente, “não havia, pois, entre eles necessitado algum” (v.34). Tudo era repartido entre eles. Não de maneira compulsória, mas por amor.

O Estado incentiva, a igreja motiva. O Estado distribuiu através de serviços pagos pelos impostos dos seus cidadãos, a igreja distribuiu através da partilha voluntária. O bem promovido pela igreja não se limita aos seus membros, ainda que estes lhe sejam prioridade. Paulo orienta a que enquanto temos oportunidade, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé” (Gl 6:10). Tenho a impressão de que João tenha invertido esta prioridade. Repare em sua instrução: “Amado, procedes fielmente em tudo o que fazes para com os irmãos, especialmente para com os estranhos, os quais diante da igreja testificaram do teu amor” (3 Jo 1:5-6). Sem importar se priorizaremos uns ou outros, o importante é que façamos o bem a todos. E fazer o bem implica repartir.

Alguns irmãos mais conservadores condenaram o meu incentivo às manifestações populares, alegando que assim eu estaria estimulando as pessoas a se insurgirem contra autoridades estabelecidas por Deus. Se os conservadores acusam os progressistas de atribuir ao Estado papéis divinos, eles igualmente o fazem quando lhe atribuem inquestionabilidade. Somente Deus jamais deve ser questionado. Devo submeter-me às autoridades estabelecidas por Deus desde que estas cumpram o papel que lhe fora ordenado. Se não promovem o bem comum, logo, perdem sua legitimidade. Nossa submissão às autoridades deve ser consciente. Submissão cega nada mais é do que subserviência.

Os conservadores também atribuem à autoridade estatal um tipo de atemporalidade, como se seus mandatos fossem eternos. Lembremo-nos de que é Deus quem muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis (Dn 2:21). Nenhuma estrutura de poder é eterna. Todas vêm com prazo de validade.

Os monarcas europeus se aproveitavam de passagens como Romanos 13 para se perpetuarem no poder, colocando-se acima de qualquer questionamento. Questionar a legitimidade do trono era o mesmo que questionar o próprio Deus. Até que veio a república. Reis foram depostos. Alguns levados à guilhotina. A democracia substituiu ao absolutismo que prevaleceu durante a chamada Idade das trevas. 

Definitivamente, não há regimes perfeitos. Todos estão fadados a desaparecer, sendo substituídos por outros.

Hoje, vivemos em plena democracia, que repousa sobre a máxima: “todo poder emana do povo, pelo povo e para o povo.” É um sistema perfeito? Absolutamente, não. Churchill dizia que “a democracia é o pior dos regimes políticos... bem, excetuando-se todos os outros”.

Nenhuma ideologia dá conta de atender a todas as demandas da sociedade. Todas acertam em algum ponto, mas também erram em muitos outros. Se uma prioriza a justiça, a outra prioriza a liberdade.

Se não tivermos o direito de questionar, insurgir, manifestar, jamais seremos aperfeiçoados como sociedade. Estaremos eternamente deitados em berço esplêndido, contentando-nos com os velhos paradigmas do binômio direita/esquerda.

Biblicamente, todos os regimes e ideologias estão preparando caminho para a grande síntese, o reino de Deus. É por ele que a humanidade tanto aspira. Nele a justiça e a liberdade, tão caros à civilização, finalmente se entrelaçarão. E o cupido que promoverá este encontro épico será o amor.

O reino de Deus é aquela pedra sonhada por Nabucodonosor, que, arremessada desde o céu, atinge em cheio os fundamentos sobre os quais foram erigidos todos os sistemas de poder deste mundo, esmiuçando-os completamente. Depois disso, a pedra vai se avolumando, tornando-se num monte destinado a encher toda a Terra. Nada mais subversivo que isso, não? A pedra chega discreta, atinge os pés da estátua, em vez de a cabeça, e, aos poucos, cresce e preenche todo o cenário (Daniel 2:31-44). Apesar de o reino de Deus já ter vindo e estar entre nós, antes que ocupe todo o espaço a que está destinado, algo precisa ser removido.

Paulo afirma que o fim virá “quando ele entregar o reino a Deus o Pai, quando houver destruído todo domínio, e toda autoridade e todo poder” (1 Co.15:24). O “fim” aqui não deve ser entendido como cessação da existência. Sinto em informar-lhe que jamais foi plano de Deus promover a aniquilação deste mundo. Pelo contrário, Ele pretende restaurá-lo (At.3:21). O fim de que Paulo trata é o alcance do objetivo da história. Em outras palavras, a história terá alcançado o seu propósito quando Cristo houver destruído toda estrutura de poder.

As mesmas autoridades sob as quais devemos estar no presente momento, são alvo deste processo de demolição promovido por Cristo. Paulo declara que “os poderosos desta era” estão sendo, agora mesmo, “reduzidos a nada” (1 Co 2:6). Portanto, nossa submissão a eles é temporária. O único a que devemos submissão eterna é o Cristo de Deus, Rei dos reis, Senhor dos senhores.

O escritor de Hebreus afirma que há estruturas que são abaláveis, e que devem ser removidas para dar lugar às “coisas inabaláveis”, que segundo ele, nada mais é do que o reino de Deus (Hb.12:27-28).

Cristo é Aquele que agora mesmo está reinando soberanamente, de cuja boca sai “uma espada afiada, para ferir com ela as nações; ele as regerá com cetro de ferro” (Ap.19:11-16). Ele arremete Seu cetro de justiça contra toda estrutura injusta, quebrando-a como se fosse vasos de barro (Sl.2:8-9).

Constituições caducarão. Parlamentos serão dissolvidos. Presidentes, depostos. Fronteiras cairão. Configurações geopolíticas serão rearranjadas. Mas o Seu reino sobreviverá a tudo isso e permanecerá para sempre.

Foi o Seu cetro de justiça que derrubou o muro de Berlim (não importa quais foram os protagonistas e as razões históricos). Este mesmo cetro é arremessado contra Wall Street e sua ganância. E é este mesmo cetro que, agora, está apontado sobre as instituições brasileiras. Elas estão sub judice popular e celestial. A fúria popular está sendo o canal pelo qual a fúria divina está se revelando. Não através de atos de vandalismo, mas de manifestações pacíficas e do clamor popular por justiça.

Não são os edifícios públicos que devem ser depredados, mas os edifícios de ideias anacrônicas e egoístas que precisam ser desmantelados. Segundo Paulo, nosso arsenal não é carnal, porque as fortalezas contra as quais avançamos não são pedras e tijolos. Pelo contrário, as armas da nossa milícia são “poderosas em Deus, para demolição de fortalezas; derribando raciocínios e toda altivez que se ergue contra o conhecimento de Deus” (2 Co.10:3-5).

Toda estrutura de poder é legitimada por uma ideologia, seja de direita ou de esquerda. Se esta for desmantelada, o edifício erguido sobre ela sucumbirá. Não ficará pedra sobre pedra.

O reino de Deus não será implantado pela força da espada, ou por tiros de canhão, ou por qualquer outro meio de coação. O reino de Deus não vem pelo uso da força ou pela violência, mas pelo agir do Espírito. E a espada o Espírito é a Palavra. Aquela espada que sai da boca de Cristo na visão narrada por João em Apocalipse é a Palavra de Deus. Será com ela que demoliremos toda e qualquer fortaleza ideológica. Não confunda a Palavra com discurso moralista ou ideológico. A Palavra se revela no anúncio da boa nova do reino e na denúncia das injustiças cometidas por poderes constituídos.

A comissão do profeta Jeremias se confunde com a vocação de cada ser humano que se põe à serviço do reino de Deus e da sua justiça. Por ser tenro na idade, Jeremias tentou safar-se. Porém, Deus o exortou a não usar suas limitações como desculpa.

Não digas: Eu sou um menino; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar, falarás. Não temas diante deles; porque estou contigo para te livrar, diz o SENHOR. E estendeu o SENHOR a sua mão, e tocou-me na boca; e disse-me o SENHOR: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca; olha, ponho-te neste dia sobre as nações, e sobre os reinos, para arrancares, e para derrubares, e para destruíres, e para arruinares; e também para edificares e para plantares.” Jeremias 1:4-10

Algo tem que ser demolido, a fim de que outro seja construído em seu lugar. Nosso papel como agentes do reino é abrir nossa boca, fazer coro com os que clamam por justiça, e assim, ajudar na remoção dos escombros de estruturas que já estão em franca ruína.

Por favor, não interprete meu discurso como sendo um convite a um levante contra as instituições governamentais. Não é contra elas que lutamos. Nem mesmo contra partidos ou governantes. Lutamos contra a injustiça, seja praticada por quem for. Todavia, não nutrimos esperanças de que tais estruturas sejam eternas. Mesmo as nações estão com seus dias contados. Lemos em Atos 17:26 que Deus fixou os seus tempos determinados e os limites da sua habitação.

Sugiro que o nacionalismo exacerbado encontrado em nossas manifestações seja substituído por amor à humanidade como um todo.

Caminhamos para um tempo em que o conceito atual de nação cairá em desuso. Seremos uma só humanidade, a civilização do reino de Deus, em que Ele será tudo em todos. De acordo com a descrição bíblica, esta sociedade construída ao redor do trono de Deus não terá necessidade nem do sol, nem da lua, que são símbolos de governo e religião (Is.60:19; Ap.21:23). A sociedade definitiva será anárquica, isto é, sem governo, submetida exclusivamente ao senhorio de Cristo. A sociedade definitiva será secular, isto é, sem religião. Daí João não ter visto templo algum na Nova Jerusalém descrita em Apocalipse. Tanto o Estado, quanto a Igreja são apenas andaimes usados por Deus na construção da civilização do reino. Quando a nova humanidade houver chegado à sua plenitude, os andaimes já não serão necessários. A igreja que durará para sempre não é institucional, nem religiosa. O conjunto daqueles que receberam uma nova vida em Cristo é o embrião da nova humanidade, e durará eternamente. Mas a igreja institucional não passa de uma placenta, que depois de cumprir o seu papel de proteger o feto até o seu nascimento, será descartada. Uma sociedade a-religiosa não significa uma sociedade ateísta, mas que cultiva uma espiritualidade genuína que não carece da mediação de sacerdotes, nem de ritos ou regras. Uma sociedade que anda à luz da consciência alcançada em Cristo.

É para lá caminhamos. A jornada promete ser longa, até que todos alcancemos a “perfeita humanidade”, “à medida da estatura completa de Cristo” (Efésios 4:13) e, assim, “Deus seja tudo em todos” (1 Co.15:28). Por enquanto, resta-nos contentarmos com a aparição da Estrela da Manhã, que nos anuncia que o novo dia já se insinua no horizonte da história.

Até que a história alcance seu apogeu, não se pode prescindir dos andaimes. Afinal, não temos a habilidade do homem-aranha. Não escalamos paredes. Portanto, ainda carecemos dos andaimes. O que não se pode é sacralizá-los, ou impedir que sejam rearranjados de maneira a possibilitar subirmos mais alto. Que nosso amor não seja devotado a eles, mas à humanidade, alvo do amor eterno do Seu Criador.



terça-feira, junho 18, 2013

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Senador evangélico propõe PL em que protestos durante a Copa sejam considerados terrorismo com penas de 15 a 30 anos


A reação da classe política aos protestos da sociedade realizados nos últimos dias não demorou, e um projeto de repressão, de autoria dos senadores Marcelo Crivella (PRB-RJ), Ana Amélia (PP-RS) e Walter Pinheiro (PT-BA), apresentado em 2011 pode voltar à pauta do Congresso Nacional nos próximos dias.
PL 728/2011 prevê que manifestações durante a Copa das Confederações, que está acontecendo este mês, e Copa do Mundo, que será realizada em 2014, sejam tratadas como atos de terrorismo e limita o direito dos trabalhadores à greve.

O texto do projeto na página do Senado diz que a lei “define crimes e infrações administrativas com vistas a incrementar a segurança da Copa das Confederações FIFA de 2013 e da Copa do Mundo de Futebol de 2014, além de prever o incidente de celeridade processual e medidas cautelares específicas, bem como disciplinar o direito de greve no período que antecede e durante a realização dos eventos, entre outras providências”.

As penas previstas no projeto variam entre 15 a 30 anos, e especifica que questões ideológicas sejam enquadradas em crimes de terrorismo. Diz o texto do PL 728/2011: “Terrorismo. Art. 4º Provocar ou infundir terror ou pânico generalizado mediante ofensa à integridade física ou privação da liberdade de pessoa, por motivo ideológico, religioso, político ou de preconceito racial, étnico ou xenófobo: Pena – reclusão, de 15 (quinze) a 30 (trinta) anos”.

Na justificativa do projeto, os autores afirmam que “a tipificação do crime ‘Terrorismo’ se destaca, especialmente pela ocorrência das várias sublevações políticas que testemunhamos ultimamente, envolvendo nações que poderão se fazer presente nos jogos em apreço, por seus atletas ou turistas”. O dicionário Michaelis define sublevação, como “incitar à revolta, insurrecionar, revolucionar [...] revoltar-se”.
O projeto de lei contraria o artigo 5º da Constituição Federal, que garante o direito à livre manifestação nas ruas e praças públicas.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
A repercussão da existência do projeto nas redes sociais foi completamente adversa. Uma petição pública foi publicada através da ONG Avaaz, exigindo que o PL 728/2011 seja modificado.

Manifestantes criticaram o projeto classificando-o como autoritário: “Quando eles vão aprender que medidas totalitárias só irão piorar a situação (deles)?”, escreveu o internauta Fabiano Pereira, numa página no Facebook. “Isso é Brasil. Essas e outras baixarias vão acabar. O povo acordou!”, complementou Vinício Gollin Sena.

Segundo a Agência Senado, uma enquete com internautas detectou que a maioria das pessoas que souberam do projeto reprovaram a ideia. O levantamento foi realizado entre os dias 16 de abril e 1º de maio, e 67% das pessoas se colocaram contrários à proposta, e 33% se disseram favoráveis.

O sentimento de que a proposta não será levada adiante da maneira que está foi expressado pelo internauta Bruno Araújo: “Isso aí não vai sair do papel, e mesmo que por um acaso do destino acabe saindo, vai tomar uma ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade) imediatamente”.

Por Tiago Chagas, para o Gospel+

Por essas e o outras que a igreja evangélica brasileira vai perdendo cada vez mais sua credibilidade e relevância junto à sociedade. Lamentável e vergonhoso. 

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Filho de pastor é preso em manifestação

Matheus liberto após pagamento de fiança
Por Hermes C. Fernandes

Apesar de apoiarmos esta onda de manifestações que têm varrido o País, ao assistirmos à abordagem truculenta usada pela polícia, eu e Tânia, minha mulher, decidimos não permitir que nosso filho fosse à manifestação do último dia 17.

Porém, na madrugada de segunda, perto das duas da manhã, meu filho se aproximou de mim no momento em que finalizava um post do meu blog, e com poucas palavras me convenceu a liberá-lo para participar.

Rhuan confessou-me que até agora sentia profunda vergonha de ter nascido nesta geração e que daria qualquer coisa para ter nascido na geração que enfrentou a ditadura, ou na geração que foi para as ruas clamar por Diretas Já. Porém, agora, pela primeira vez em sua vida, sentia orgulho de ter nascido em sua própria geração.

Não foi necessário pedir mais. Meu coração se abriu. Eu mesmo estava disposto a unir-me a ele para participar. Não fosse o pequeno acidente que sofri recentemente, do qual ainda estou me recuperando, certamente o acompanharia. Senti profundamente por não poder fazê-lo.

Matheus e Antônio Carlos
Mas fiquei surpreso ao saber que meu amigo Rev. Antônio Carlos Costa, presidente da ONG Rio de Paz, marcou presença ao lado do seu filho Matheus. Que emoção senti ao vê-los ali, pai e filho, lutando por justiça. Lá estavam eles com cartazes exigindo que nossos governos nos desse escolas e hospitais no padrão FIFA.

Hoje, ao levantar-me pela manhã, deparo-me com a notícia de que Matheus havia sido preso. Qual deve ter sido a angústia daquele pai, que sempre lutou por justiça, ao ver seu filho injustamente detido por policiais truculentos que não sabem distinguir entre manifestantes ordeiros e pacíficos e baderneiros infiltrados no movimento com a intenção de desacreditá-lo.

Graças a Deus, Matheus foi solto hoje pela manhã mediante pagamento de fiança de três mil reais. O jovem Matheus acaba de ter sua biografia enriquecida. Seus filhos e netos saberão que um dia ele foi preso por clamar por justiça. Foi acusado injustamente de "formação de quadrilha", quando, na verdade, passou o tempo inteiro ao lado do pai, como se pode constatar na foto.

Minha conclusão é que um dos motivos pelos quais a polícia tem agido com tamanha truculência (ontem houve tiros de fuzil!) é convencer aos pais de impedirem que seus filhos saiam às ruas para manifestarem-se. Qualquer pai como eu se preocuparia de ver seu filho sendo detido no meio da confusão ou até ser alvejado.

Não podemos nos render a isso. O gigante, finalmente, acordou.

Rhuan, meu filho que estava acompanhado
de Jonathan,  meu sobrinho
O que me incomoda é a ausência da igreja nas ruas. Enquanto um gigante acordou, outro continua dormindo. Quando muito, sonâmbulo. É este sonambulismo que tem levado a igreja às ruas apenas para defender seus interesses, mas totalmente desconectada da realidade e dos anseios do seu povo.

Onde estavam os líderes evangélicos midiáticos durante as manifestações? Por que não se pronunciaram?

Que Deus levante em nossos dias novos Martins Luther King e Antônios Carlos, dispostos a se exporem pela causa da justiça e da verdade.

No próximo dia 20 haverá nova manifestação aqui no Rio. Mesmo me recuperando do acidente, estou disposto a participar juntamente com meus filhos. Convido a todos os pastores da Igreja Reina, a quem tenho o privilégio de servir como bispo, e a todos os ministros de quaisquer denominações, a que se unam ao clamor das massas. Não desperdicem a oportunidade.

A prisão do Matheus é um recado à igreja inerte do nosso país. Desçamos de nossos púlpitos e saiamos ao encontro daqueles que têm sido despertados pelo próprio Deus para clamar por justiça.

Ver meu filho chegar em casa emocionado, contando que chorou enquanto caminhava pela Avenida Rio Branco, não tem preço!