terça-feira, junho 18, 2013

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Filho de pastor é preso em manifestação

Matheus liberto após pagamento de fiança
Por Hermes C. Fernandes

Apesar de apoiarmos esta onda de manifestações que têm varrido o País, ao assistirmos à abordagem truculenta usada pela polícia, eu e Tânia, minha mulher, decidimos não permitir que nosso filho fosse à manifestação do último dia 17.

Porém, na madrugada de segunda, perto das duas da manhã, meu filho se aproximou de mim no momento em que finalizava um post do meu blog, e com poucas palavras me convenceu a liberá-lo para participar.

Rhuan confessou-me que até agora sentia profunda vergonha de ter nascido nesta geração e que daria qualquer coisa para ter nascido na geração que enfrentou a ditadura, ou na geração que foi para as ruas clamar por Diretas Já. Porém, agora, pela primeira vez em sua vida, sentia orgulho de ter nascido em sua própria geração.

Não foi necessário pedir mais. Meu coração se abriu. Eu mesmo estava disposto a unir-me a ele para participar. Não fosse o pequeno acidente que sofri recentemente, do qual ainda estou me recuperando, certamente o acompanharia. Senti profundamente por não poder fazê-lo.

Matheus e Antônio Carlos
Mas fiquei surpreso ao saber que meu amigo Rev. Antônio Carlos Costa, presidente da ONG Rio de Paz, marcou presença ao lado do seu filho Matheus. Que emoção senti ao vê-los ali, pai e filho, lutando por justiça. Lá estavam eles com cartazes exigindo que nossos governos nos desse escolas e hospitais no padrão FIFA.

Hoje, ao levantar-me pela manhã, deparo-me com a notícia de que Matheus havia sido preso. Qual deve ter sido a angústia daquele pai, que sempre lutou por justiça, ao ver seu filho injustamente detido por policiais truculentos que não sabem distinguir entre manifestantes ordeiros e pacíficos e baderneiros infiltrados no movimento com a intenção de desacreditá-lo.

Graças a Deus, Matheus foi solto hoje pela manhã mediante pagamento de fiança de três mil reais. O jovem Matheus acaba de ter sua biografia enriquecida. Seus filhos e netos saberão que um dia ele foi preso por clamar por justiça. Foi acusado injustamente de "formação de quadrilha", quando, na verdade, passou o tempo inteiro ao lado do pai, como se pode constatar na foto.

Minha conclusão é que um dos motivos pelos quais a polícia tem agido com tamanha truculência (ontem houve tiros de fuzil!) é convencer aos pais de impedirem que seus filhos saiam às ruas para manifestarem-se. Qualquer pai como eu se preocuparia de ver seu filho sendo detido no meio da confusão ou até ser alvejado.

Não podemos nos render a isso. O gigante, finalmente, acordou.

Rhuan, meu filho que estava acompanhado
de Jonathan,  meu sobrinho
O que me incomoda é a ausência da igreja nas ruas. Enquanto um gigante acordou, outro continua dormindo. Quando muito, sonâmbulo. É este sonambulismo que tem levado a igreja às ruas apenas para defender seus interesses, mas totalmente desconectada da realidade e dos anseios do seu povo.

Onde estavam os líderes evangélicos midiáticos durante as manifestações? Por que não se pronunciaram?

Que Deus levante em nossos dias novos Martins Luther King e Antônios Carlos, dispostos a se exporem pela causa da justiça e da verdade.

No próximo dia 20 haverá nova manifestação aqui no Rio. Mesmo me recuperando do acidente, estou disposto a participar juntamente com meus filhos. Convido a todos os pastores da Igreja Reina, a quem tenho o privilégio de servir como bispo, e a todos os ministros de quaisquer denominações, a que se unam ao clamor das massas. Não desperdicem a oportunidade.

A prisão do Matheus é um recado à igreja inerte do nosso país. Desçamos de nossos púlpitos e saiamos ao encontro daqueles que têm sido despertados pelo próprio Deus para clamar por justiça.

Ver meu filho chegar em casa emocionado, contando que chorou enquanto caminhava pela Avenida Rio Branco, não tem preço!

2 comentários:

  1. Anônimo11:39 AM

    E quem disse que a igreja não está nas ruas? Oras, é preciso aparecer nome de igreja? Nome das pessoas? A luta é do povo. E, nesta situação a igreja faz parte do povo oras! Cada uma! Que mania de querer expor a igreja!

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  2. Anônimo7:18 AM

    Exatamente toda razão Antonio, sem bandeiras, sem denominação, a igreja se faz presente em cada pessoa temente a Deus ali no meio do povo.

    Luís

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