Por Hermes C. Fernandes
Foram encontrados desenhos feitos há mais de 30 mil anos que mostram pessoas utilizando brinquedos eróticos para satisfazerem-se sexualmente. Tal descoberta revelou que eles foram inventados bem antes da roda. Então, por que uma invenção tão antiga ainda encontra resistência por parte de algumas alas da sociedade, em especial, pelos cristãos? Haveria algum pecado em recorrer a tais brinquedos com a finalidade de apimentar uma relação?
Houve época em que mulheres cristãs recatadas se recusavam a consultar-se com um ginecologista. Despir-se diante de um homem que não fosse seu marido era considerado imoral, e, portanto, inadmissível. Hoje em dia, este é um tabu praticamente inexistente na comunidade evangélica. Semelhantemente, pouquíssimas mulheres deixariam de comprar um lingerie mais ousado por causa do recato exigido por sua religião. Os tempos são outros. Graças a Deus! Ainda assim, para a maioria dos casais cristãos, ir a um sex-shop está totalmente fora de questão. Mesmo que tenham sua curiosidade aguçada, os escrúpulos religiosos, bem como os preços longe de serem prazerosos, os impedem de entrar nesses ambientes onde se pode encontrar produtos tais como sais de banho e óleos afrodisíacos, vibradores, cintas de couro masculinas e femininas, massageadores, fantasias, alongadores penianos, próteses, roupas íntimas comestíveis para homens e mulheres, géis, pomadas, lingeries e tantos outros estimulantes sexuais.
Recusar-se a entrar num sex-shop por causa de vibradores que ficam expostos ou pelas imagens de corpos nus ou qualquer outra coisa ofensiva aos escrúpulos morais seria como recusar-se a entrar numa livraria pelo simples fato de haver revistas pornográficas sendo comercializadas lá; ou recusar-se a levar seu cônjuge a um motel pelo fato de ser um ambiente frequentado por profissionais do sexo ou casais de amantes. Lembre-se do que Jesus disse: “A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” (Mateus 6.22,23). Tais palavras encontram eco nos escritos de Paulo em que o apóstolo diz que “todas as coisas são puras para os puros, mas nada é puro para os corrompidos”, para aqueles cuja mente e consciência estão contaminadas (Tito 1:15). Razão pela qual não devemos julgar uns aos outros, mas ter o propósito de não pôr tropeço ou causar escândalo a quem quer que seja, pois, nenhuma coisa é de si mesma imunda. “Mas, se alguém a tem por imunda, então para esse é imunda” (Romanos 14:13-14). E ele arremata: “Bem-aventurado aquele que não se condena naquilo que aprova” (v.22). Porém, cada um deve conhecer seus limites e saber até onde pode se expor sem que isso prejudique sua vida espiritual. Se achar que aquilo vai lhe contaminar, passe longe. Mas se sua consciência não lhe condena, e o propósito do seu coração é tão-somente o de investir na qualidade de sua vida sexual com a pessoa que ama, siga em frente. Caso se sinta desconfortável, que tal procurar por um sex-shop especializado no público evangélico? Já há muitos por aí disputando o mercado com os demais sex-shops. Infelizmente, para alguns, o selo “gospel” santifica qualquer coisa.
O importante é ser feliz ao lado de quem se ama, e esmerar-se para fazê-lo igualmente feliz. E uma vida sexual frustrante é grande fonte de infelicidade.
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