Por Hermes C. Fernandes
O pastor Silas Malafaia e outras lideranças evangélicas vieram a público ao lado do presidente Jair Bolsonaro para convocar um jejum em favor da nação brasileira. Não é a primeira vez que isso acontece desde o início da pandemia. Em Abril do ano passado, Malafaia fez o mesmo apelo, afirmando que todas as previsões catastróficas acerca da pandemia não se cumpririam e que o Brasil viveria um tempo de prosperidade ímpar na sua história. Muitos atenderam àquela convocação, porém, o pior ainda estava por vir. Quase um ano se passou, e hoje, mais uma vez, o país bate o triste recorde de 2842 mortos pela COVID-19 em 24h. O que será que deu errado? Deus não atendeu ao jejum do seu povo?
Primeiro, é preciso esclarecer que o jejum que Deus espera de nós não é a privação momentânea e espontânea de alimentos. Aliás, que sentido haveria em se convocar este tipo de jejum em um país onde milhões estão jejuando compulsoriamente por não ter o que comer?
De acordo com o profeta Isaías, o jejum que Deus espera do Seu povo é “soltar as correntes da injustiça”, “libertar os oprimidos”, “partilhar sua comida com o faminto, abrigar o pobre desamparado, vestir o nu” e “não reusar ajuda ao próximo” (Isaías 58:6-7).
De que adianta guardar o pão para comer mais tarde enquanto tantos não têm absolutamente nada para comer?
Este tipo de jejum chega a ser um insulto a Deus. Isaías diz que as pessoas jejuavam e questionavam o fato de não serem atendidas por Deus. Sua resposta é contundente: “Acontece que, no dia em que jejuam, vocês cuidam dos seus próprios interesses e oprimem os seus trabalhadores” (v.3).
O mesmo Silas Malafaia que convoca o povo evangélico para jejuar pela nação e pelo seu presidente, aparece em outro vídeo com Bolsonaro, afirmando que os trabalhadores do país têm direitos demais e que isso estaria atravancando a nossa economia. Agora, querem mesmo que Deus atenda ao nosso jejum mequetrefe?
Confira a conclusão da exortação que Deus faz através do profeta Isaías:
“Então a luz de vocês romperá como a luz do alvorecer, e a sua cura brotará sem demora; a justiça irá adiante de vocês, e a glória do Senhor será a sua retaguarda. Então vocês pedirão ajuda, e o Senhor responderá; gritarão por socorro, e ele dirá: ‘Eis-me aqui.’” “Se tirarem do meio de vocês todo tipo de servidão, o dedo que ameaça e a linguagem ofensiva; se abrirem o seu coração aos famintos e socorrerem os aflitos, então a luz de vocês nascerá nas trevas, e a escuridão em que vocês se encontram será como a luz do meio-dia” (vv.8-10).
Alguém por favor envie este texto ao pastores que apoiam a este desgoverno que só abre a boca para ofender as vítimas e seus familiares, que é incapaz de se condoer e se solidarizar. O que este governo precisa agora não é de apoio em sua agenda genocida, mas de denúncia corajosa e contundente. Mas, infelizmente, os profetas de hoje estão vendidos.
Quero fazer aqui um desafio aos meus companheiros de redes sociais. Proponho que façamos juntos o jejum recomendado por Deus: partilhar o nosso pão com os famintos.
Se cada igreja brasileira se reunisse para distribuir cestas básicas nos bolsões de miséria deste país, milhões de famintos seriam saciados. ISTO SIM, SERIA O JEJUM QUE AGRADA A DEUS.
Durante toda a pandemia, temos assistido à comunidade no entorno do lixão de Jardim Gramacho. Mas, sinceramente, isso é tão pouco. Há tanto para ser feito. O Brasil voltou para o mapa da fome. Por isso, a partir deste mês, estaremos abraçando o desafio de distribuir cestas básicas para famílias de pelo menos sete comunidades diferentes na baixada fluminense, e zonas norte e oeste da cidade do Rio de Janeiro. Não temos reservas, nem tampouco recebemos ajuda governamental (não queremos!). Mas acreditamos na mobilização daqueles que têm sido tocados pelo evangelho do amor, independentemente de credo ou de classe social. Queremos, com isso, não apenas saciar a fome de centenas de famílias, mas também inspirar outras iniciativas pelo Brasil afora. Todos podem e devem contribuir. Este é o jejum que Deus espera de nós. Por mais difícil que esteja para cada um, há sempre algo a ser feito para atenuar a dor e o sofrimento do nosso próximo.
Se você quiser fazer parte desta corrente de amor, contribua como você puder. O desafio agora é muito maior do que antes. Em vez de uma comunidade, estaremos servindo a várias. No dia 27 de março, portanto, em apenas 10 dias, estaremos promovendo este Choque de Amor em sete comunidades diferentes. Vem com a gente? Topa jejuar? Abrir mão de parte do seu pão para alimentar a outros?
Há duas maneiras de contribuir: A primeira delas é levando sua contribuição em forma de mantimentos em uma de nossas congregações. A segunda é depositando ou fazendo uma transferência para as seguintes contas: BRADESCO, agência 0582 c/c 73784-4 em nome de Hermes Carvalho Fernandes, CPF 936.697.207-15 (chave do PIX: hermescfernandes@hotmail.com) ou ITAÚ, agência 0500 c/c 0055512719 em nome da REINA ou INVICTUS PRESS EDITORA, CNPJ e Chave do PIX: 26724214/0001-02.
Contra a onda do ódio e do negacionismo, somente uma tsunami de amor e solidariedade.
Desde já, minha profunda gratidão a todos os que aceitarem o nosso desafio.
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