terça-feira, dezembro 15, 2020

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SER CONTRA A VACINA É SER CONTRA CRISTO

Por Hermes C. Fernandes

Em um tempo marcado pela ignorância e pelo obscurantismo, muitos preferem dar crédito às fake news que se disseminam nas redes sociais do que à própria ciência. Se fossem apenas mentiras que visassem destruir a reputação de adversários políticos não seriam tão nocivas. Mas trata-se de mentiras que põem em risco a vida de milhões de pessoas. Refiro-me ao movimento antivacina que tem contado com a adesão de políticos e líderes religiosos.  

As vacinas têm se revelado no meio mais efetivo e seguro para se combater e erradicar doenças infecciosas. Uma vacina contém um agente que se assemelha ao microrganismo causador da doença que se pretende combater, e geralmente é feita a partir de formas enfraquecidas ou mortas do vírus ou de partes do mesmo. O agente estimula o sistema imunológico do corpo a reconhecê-lo como ameaça, destruí-lo e manter um registro para que possa reconhecer e destruir qualquer um desses microrganismos que eventualmente possa encontrar. 

Para facilitar a compreensão da lógica por trás da vacina, sugiro que recorramos, de maneira análoga, ao Evangelho. 

De acordo com a teologia cristã, a criação como um todo fora infectada por um vírus letal chamado “pecado”. Não se trata, entretanto, de algo restrito ao campo da moralidade, mas de uma condição existencial marcada pela alienação de sua fonte primeva, Deus. Como afirma Paulo, toda a criação ficou sujeita à vaidade. Em outras palavras, o que deveria ser eterno, tornou-se fugaz. 

Somente uma poderosa vacina livraria a criação desse vírus. Paulo escreve: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós” (2 Co.5:21). Sem jamais ter cometido pecado algum, Cristo assume nossa condição existencial. Como toda vacina, Cristo teve que entrar no corpo infectado, para que Sua presença despertasse nosso sistema imunológico, e, assim, eliminasse o vírus. O corpo infectado a que me refiro é o Universo. O Deus transcendente, isto é, que vive para além do tempo e do espaço, Se fez imanente, penetrando a Criação, para restaurar sua saúde original.

Por Sua morte, Cristo restaurou a saúde do Universo. O vírus do pecado foi banido! “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!”, exclamou João Batista. Embora os sintomas pareçam persistir, o vírus já foi eliminado. Paulo nos informa que “Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne” (Rm.8:3b). Entretanto, ainda teremos que conviver com suas sequelas até que o corpo recupere plenamente o seu vigor.

Diferente dos sacrifícios exigidos na Antiga Aliança, que tinham que ser renovado ano após ano, o sacrifício de Cristo foi definitivo. Não se trata de um remédio em doses homeopáticas, mas de uma única dose. “Doutra forma”, declara o escritor sagrado, “necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo. Mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo” (Hb.9:26).

A vacina foi preparada de antemão, antes mesmo da criação do cosmos. Por isso se diz que o Cordeiro foi morto antes da fundação do mundo. Mas a aplicação dela se deu na plenitude dos tempos, quando Cristo Se humanizou.

Uma vez livres do poder do pecado, somos reintroduzidos no projeto original de Deus: a eternidade. Uma vez vacinados, não há como ser infectados novamente. Nas palavras de Paulo, simplesmente estamos “mortos para o pecado” (Rm.6:11). Ele não exerce mais o mesmo poder que antes tinha sobre nós. “Mas agora, libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação, e por fim a vida eterna” (Rm.6:22). Esse “por fim” não deve ser entendido como sendo algo que só teremos no fim de todas as coisas. Creio que a vida eterna é para ser desfrutada agora. Esse “por fim” significa “por objetivo”. O objetivo de Deus ao nos libertar do poder do pecado é conceder-nos a vida eterna.

O amor de Deus exige que o objeto amado se torne eterno. É porque o “seu amor dura para sempre” (Ed.3:11), que “tudo o que Deus faz durará eternamente” (Ec.3:14). O único empecilho a isso era o pecado. Porém esse foi definitivamente vencido na Cruz.

Quem entende a lógica do evangelho não terá qualquer dificuldade em entender a lógica por trás das vacinas. Graças a elas, moléstias que assolaram a humanidade por milênios foram banidas. Dar ouvidos aos que propagam mentiras acerca das vacinas é negar a ciência e contrariar a vontade de Deus que é o bem-estar de Suas criaturas. Por trás do movimento antivacina está o espírito do anticristo. Ser antivida é ser pela morte e contra o espírito do evangelho.

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