Por Hermes C. Fernandes
Haveria vocação mais nobre que a de ensinar? Se houver, quem
ousaria pronunciar? Qualquer que seja a atividade na qual estamos envolvidos,
alguém teve que se dar o trabalho de nos ensinar.
Portanto, trata-se de vocação
primordial, não prescindível, insubstituível. Afinal, conhecimento não se adquire por osmose.
Professores nos deixam marcas indeléveis.
Quem poderia se esquecer de seu primeiro professor, não é
mesmo? Aquele que pacientemente lhe ensinou a juntar as letras do alfabeto e
formar palavras.
O que é isso, se não magia? Elementos que se misturam para
dar forma ao mundo!
É como se o professor saísse direto dos contos de fada para
nos apresentar poções mágicas feitas de letras e números. Palavras que criam
mundos. Números exibidos em fórmulas que bailam diante dos nossos olhos
desafiando-nos a decifrá-los.
O giz é sua varinha de condão. E a cabecinha de cada pupilo
é a cartola de onde ele tira muito mais do que coelho e pássaros. Do alto de
sua sapiência, ele (a) não apenas nos entretêm com seus números mágicos, mas
nos ensina a reproduzi-los lá fora onde a vida acontece.
Sua missão não se atém a transmitir informação. Seu maior
desafio é a formação dos que lhe foram confiados. Para além das palavras e
fórmulas, o mestre é aquele que nos oferece ferramentas que nos nortearam pelas
sendas da existência. Valores que nos acompanharão até que a vida nos dê sua
última lição.
Quão grande vulto é o mestre! Que rei ou imperador não
precisou de suas instruções? Ele não é um mito, como querem alguns. Mito é quem
se diz autodidata, negando-se a transferir os créditos de sua sabedoria a quem
de direito: o professor.
Ele é bem mais que um contador de história. Ele é, por assim
dizer, o obstetra e parteiro da história. Aquele que traz ao mundo das ideias
os que a protagonizarão. O magistério é o útero no qual um novo mundo é gestado.
Ele bem que poderia estar usando seu vasto conhecimento para
se enriquecer. Mas preferiu se deixar guiar por ideais infinitamente mais
nobres e elevados. Sua maior riqueza é o progresso da humanidade, e este,
impreterivelmente, passa pela sala de aula.
Desconfio que por trás da obstinação dos professores esteja
o inconfessável desejo de viver para sempre. Tudo me leva a crer que eles tenham
descoberto e mantenham guardado este precioso segredo a sete chaves. Espero que
não se aborreçam comigo por revelá-lo aqui. O segredo de perpetuar-se é
transmitir o que recebeu a outros. Seus alunos os levarão consigo até às raias
de sua jornada. Sua esperança é que os mesmos repassem para as próximas
gerações tudo quanto houver recebido.
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