sábado, outubro 15, 2016

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Aos mestres com carinho



Por Hermes C. Fernandes

Haveria vocação mais nobre que a de ensinar? Se houver, quem ousaria pronunciar? Qualquer que seja a atividade na qual estamos envolvidos, alguém teve que se dar o trabalho de nos ensinar. 

Portanto, trata-se de vocação primordial, não prescindível, insubstituível.  Afinal, conhecimento não se adquire por osmose.

Professores nos deixam marcas indeléveis.

Quem poderia se esquecer de seu primeiro professor, não é mesmo? Aquele que pacientemente lhe ensinou a juntar as letras do alfabeto e formar palavras.

O que é isso, se não magia? Elementos que se misturam para dar forma ao mundo!

É como se o professor saísse direto dos contos de fada para nos apresentar poções mágicas feitas de letras e números. Palavras que criam mundos. Números exibidos em fórmulas que bailam diante dos nossos olhos desafiando-nos a decifrá-los.

O giz é sua varinha de condão. E a cabecinha de cada pupilo é a cartola de onde ele tira muito mais do que coelho e pássaros. Do alto de sua sapiência, ele (a) não apenas nos entretêm com seus números mágicos, mas nos ensina a reproduzi-los lá fora onde a vida acontece.

Sua missão não se atém a transmitir informação. Seu maior desafio é a formação dos que lhe foram confiados. Para além das palavras e fórmulas, o mestre é aquele que nos oferece ferramentas que nos nortearam pelas sendas da existência. Valores que nos acompanharão até que a vida nos dê sua última lição.

Quão grande vulto é o mestre! Que rei ou imperador não precisou de suas instruções? Ele não é um mito, como querem alguns. Mito é quem se diz autodidata, negando-se a transferir os créditos de sua sabedoria a quem de direito: o professor.

Ele é bem mais que um contador de história. Ele é, por assim dizer, o obstetra e parteiro da história. Aquele que traz ao mundo das ideias os que a protagonizarão. O magistério é o útero no qual um novo mundo é gestado.

Ele bem que poderia estar usando seu vasto conhecimento para se enriquecer. Mas preferiu se deixar guiar por ideais infinitamente mais nobres e elevados. Sua maior riqueza é o progresso da humanidade, e este, impreterivelmente, passa pela sala de aula.  

Desconfio que por trás da obstinação dos professores esteja o inconfessável desejo de viver para sempre. Tudo me leva a crer que eles tenham descoberto e mantenham guardado este precioso segredo a sete chaves. Espero que não se aborreçam comigo por revelá-lo aqui. O segredo de perpetuar-se é transmitir o que recebeu a outros. Seus alunos os levarão consigo até às raias de sua jornada. Sua esperança é que os mesmos repassem para as próximas gerações tudo quanto houver recebido. 

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