quarta-feira, abril 10, 2013

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Não se pode ignorar nosso DNA espiritual!





Por Hermes C. Fernandes

Somos parte da Igreja de Cristo! Esta é a nossa glória! Somos contados entre os que foram eleitos e redimidos por Deus.

A despeito do que pensam alguns, a Igreja começou sua saga em Abel, e não em Pentecostes.

A Galeria da Fé apresentada em Hebreus 11 é uma versão resumida da História do povo de Deus, seus heróis e suas façanhas.

Os cristãos neo-testamentários tinham o desafio de continuar a saga daqueles heróis, dos quais o mundo não era digno.

O Escritor de Hebreus deixa claro que apesar da superioridade da Nova Aliança, o que Cristo oferecia ao Seu povo não era uma ruptura com a História, mas o cumprimento dos anseios daqueles que a anteviram pela fé.

Portanto, os discípulos de Cristo são conclamados a celebrar os feitos dos heróis da fé, enquanto desfrutam do cumprimento das promessas.

A Igreja de Cristo não é um parêntese na História, um improviso, ou uma espécie de Plano B, mas a continuidade do único povo escolhido por Deus na Terra, a saber, a descendência de Abraão, o Israel de Deus. Povo escolhido para que por meio dele todos os demais povos fossem alcançados e beneficiados.

Duas diferentes alianças, porém um só povo, formado de judeus e gentios que abraçam a fé abraâmica, reconhecendo Cristo como o cumprimento da Promessa.

Somos um povo que tem a idade da civilização humana.

Nunca houve um hiato que separasse Israel da igreja cristã. Nunca houve ruptura. O compromisso de Deus não é étnico, mas ético. A fé de Abraão é que conta, não o seu DNA. São os da fé que são contados como filhos de Abraão. Um grupo seleto, escolhido a dedo, para ser bênção para todos.

Houve sim, ruptura com o judaísmo farisaico, mas não com Israel, a herança do Senhor. E quando me refiro a Israel, não me refiro ao Estado Israelense, nem mesmo à cultura semítica, mas à herança espiritual. Sua história é a nossa história. Seus heróis são os nossos heróis.

O mesmo vale para os quase dois mil anos de igreja neo-testamentária. É justo almejar uma revolução que nos traga de volta ao princípio, que nos desperte para uma espiritualidade integral nos moldes da vivida pela igreja primitiva.

O que não me parece razoável é querer inventar a roda, romper com o processo histórico, e simplesmente ignorar todo o legado deixado por tantas gerações de cristãos.

Dá-se a impressão que Deus tirou umas férias desde de Constantino, e somente agora encontrou gente em que possa confiar, para só então restaurar a Sua igreja. Este tem sido o mesmo argumento usado por várias seitas consideradas heréticas, como as Testemunhas de Jeová e os Mórmons.

Imagino que se Deus fizesse a mesma proposta que fez a Moisés de iniciar um novo povo a partir dele, alguns não titubeariam. Porém, o grande legislador preocupou-se mais com a reputação do Deus de Abraão, Isaque e Jacó, do que com sua própria vaidade.

Não me envergonho de ser chamado cristão, nem de me identificar com a história dos últimos dois mil anos de Cristianismo. Houve inúmeros erros dos quais me envergonho; episódios que eu preferia que jamais tivessem acontecido (alguns deles envolvendo gente que muito prezo). As cruzadas, a Inquisição, as indulgências, são alguns dos muitos erros cometidos em nome da Fé Cristã. Embora me envergonhe deles, não é por isso que vou desconsiderá-los, ou tentar tapar o sol com a peneira. Também aprendemos com os nossos erros.

As mesmas Escrituras que apresentam as façanhas dos heróis da fé, também revelam seus fracassos e pecados. Aprecio muito a transparência da Bíblia em se tratando de seus personagens. Tudo está às claras. Aqueles homens não eram personagens míticos, mas gente de carne e osso, que cometia erros como nós.

A revolução que almejamos vai acontecer quando esta geração se converter às gerações que a antecederam, buscando compreender o contexto em que viviam, suas limitações e anseios.

Por mais que a igreja tenha se institucionalizado, se promiscuído com a filosofia platônica ou aristotélica, se aliado aos poderes do mundo, ou se rendido ao sincretismo, Deus sempre manteve um grupo remanescente fiel, cujos joelhos jamais se dobraram.

Temos que fugir daquela síndrome de Elias, que achava que só ele havia restado. O que Elias desconhecia era que sete mil joelhos haviam sido poupados por Deus.

É incalculável a dívida que temos com a gerações de cristãos que viveram antes de nós. Temos o dever de honrá-las.

Que alegria fazer parte da mesma estirpe de gente do calibre de Agostinho, Patrício, John Huss, John Wycliffe, Zwínglio, Lutero, John Owen, Jonathan Edwards, os irmãos Wesley, George Whitefield, Tozer, Spurgeon, C.S.Lewis, Martin Luther King, Jr., Billy Graham, John Stott, John Piper e tantos outros.

Bem faríamos em conhecer mais a biografia e o legado desses homens, em vez de focarmos os aspectos negativos da história da igreja.

Embora a igreja que presido tenha começado 21 anos atrás, ela é apenas mais um afluente nesta bacia hidrográfica que é o Rio de Deus.

Devo a quem um dia confiou em mim, impondo-me as mãos, e ordenando-me ao ministério. Devo aos missionários que deixaram sua pátria para trazer a mensagem do Evangelho ao meu país. Devo aos reformadores protestantes que tiraram as Bíblias das estantes dos mosteiros e as puseram em nossas mãos. Devo aos mosteiros que preservaram e copiaram os textos escriturísticos por séculos. Devo aos pais da igreja que mantiveram acesa a chama apostólica. Devo aos mártires que sacrificaram sua própria vida, regando com sangue o chão desta terra, para que a semente do Evangelho vingasse. Devo aos apóstolos por sua visão e fidelidade à mensagem de Jesus. Devo aos profetas, sacerdotes e reis. Devo às próximas gerações, e espero não desapontá-las, mantendo acesa a chama da tocha que os que me antecederam confiaram à minha geração.

Publicado originalmente em 12/11/2009

P.S.: Amanhã, 11/04, a Igreja Reina celebra o Dia dos Heróis da Fé. Desde a morte do nosso fundador, bispo Cecílio Carvalho Fernandes, ocorrida no dia 11/04/2001, celebramos anualmente a memória daqueles que nos precederam na fé, e deixaram-nos um legado espiritual. A propósito, em Hebreus 11:4 lemos sobre Abel, que encabeça a galeria dos Heróis da Fé, cuja oferta, mesmo depois de morto, não perdeu a eloquência. Assim, consideramos "herói da fé" todo aquele cuja contribuição à causa do Reino siga repercutindo mesmo depois de sua morte. 

Na próxima segunda, dia 15, teremos um Culto em memória aos nossos heróis, desde os santos primitivos, passando pelos reformadores, avivalistas e os contemporâneos. E desta vez, também celebraremos a memória dos que lutaram pelos Direitos Humanos. Venha celebrar conosco. 

2 comentários:

  1. Parabéns pelo belo texto, mais um texto edificante e que traz uma verdade por vez negadas, de que a igreja do Senhor é Una e existe desde o início da criação, e que um dia estará reunida eternamente.

    Grande abraço!

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  2. Louvado seja Deus por tua preciosa vida!

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