terça-feira, novembro 22, 2011

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O papel da Igreja na construção da Paz na Cidade




Por Hermes C. Fernandes


"Jerusalém gravemente pecou (...) ela não pensou no seu futuro." Lamentações 1:8-9.


Mais uma comunidade pacificada na Cidade Maravilhosa. Diferente do que aconteceu no complexo do Alemão, não houve enfrentamento na ocupação da Rocinha. Nem um tiro foi ouvido. Para os moradores da maior favela da América Latina, alívio. Para os que anelavam por uma invasão cinematográfica que resultasse na aniquilação dos bandidos, decepção. Seria este o caminho? Será que isso resolveria de vez a questão da segurança pública no Estado do Rio de Janeiro? 

À época da ocupação do Alemão, assisti a uma entrevista cedida a uma repórter da TV em que um dos traficantes da região disse que se fossem eliminados, já haveria outros para substituí-los. Portanto, engana-se quem imagina que eliminando os atuais agentes criminosos, o problema terá sido resolvido. 

Precisamos, sim, desativar a fábrica de bandidos que continua funcionando a todo vapor, produzindo "Nem" em série. E isso se dará quando as crianças que crescem nestas comunidades passarem a ser assistidas pelo Estado. Quando estas mesmas crianças tiverem outras referências que não sejam os bandidos, tidos por muitos como verdadeiros Robin Hoods da comunidade. 

É triste saber que muitas destas crianças esfarelam o giz usado na escola para que pareçam droga, enquanto brincam de serem traficantes, portando armas de brinquedo.

Infelizmente, nossos governos agem pensando a curto e médio prazo. Por anos, essas comunidades foram negligenciadas pelas autoridades. A preocupação repentina com a questão de segurança se deve à proximidade das Olimpíadas e da Copa do Mundo. Estamos mais preocupados com a imagem do Rio lá fora, do que a segurança de seus cidadãos. Queremos garantir o sucesso desses eventos esportivos, mas não estamos preocupados em implementar medidas que repercutam nas próximas gerações. 

Ao procurarmos por soluções imediatistas para os problemas da cidade, não estaríamos incorrendo no mesmo erro de Jerusalém dos tempos de Jeremias?

- Jerusalém cairá! diziam os profetas em uníssono. Porém, ninguém quis dar ouvidos à advertência. Desde que o povo hebreu entrou na Terra Prometida, os anos sabáticos foram negligenciados. De acordo com a ordem divina, podia-se cultivar a terra por seis anos, mas no sétimo, a terra deveria descansar (Lv.25:3-5).

490 anos se passaram, e a terra continuava sendo cultivada ininterruptamente. Interessante que hoje, milhares de anos depois, a ciência comprova que se a terra não descansar a cada seis colheitas, ela perde a produtividade. Chegara a hora da cobrança. A terra já não suportava mais. E se ela deixasse de produzir, a fome destruiria aquela nação.

Jeremias, em suas Lamentações, afirma que o pecado de Jerusalém foi não pensar no seu futuro. Aquela era uma geração inconseqüente e irresponsável. Nossa sociedade tem incorrido no mesmo erro. Somos uma civilização imediatista. Só pensamos nas necessidades imediatas. Enquanto isso, o futuro está sendo sacrificado no altar das conveniências. Nossos rios estão poluídos. Nosso abastecimento de água potável está ameaçado. Milhares de espécies de animais correm o risco de serem extintas ainda este século. Nosso ar está irremediavelmente comprometido pelos gases tóxicos emitidos pelas chaminés das fábricas e por nossos veículos. Nossas crianças estão sendo educadas pela babá eletrônica (TV), ou estão soltas na rua, sendo recrutadas pelo tráfico. Definitivamente, não temos pensado em nosso futuro. 

Se o que se tem pregado em muitos púlpitos for verdade, não temos com que nos preocupar. Afinal, somos a última geração! Infelizmente, é nisso que a maioria dos cristãos crê em nossos dias. Se continuar nesse ritmo, nossa civilização cairá. 

O papel do profeta não é prever, mas prevenir. Não podemos continuar nessa marcha rumo à aniquilação. Algo precisa ser feito. E o primeiro passo é a conscientização acerca do problema e da responsabilidade que temos como sociedade. Um dia a terra vai cobrar! E já está cobrando. A conta é caríssima. Quem vai pagar? As próximas gerações. Em outras palavras, estamos deixando a conta para nossos filhos e netos.

Nossa dívida com a terra já está rolando há muito tempo. São juros sobre juros. O povo de Jerusalém já devia 70 anos sabáticos à sua terra. Em 490 anos, eles jamais atentaram para esse mandamento. Chegara a hora de cumprir a sua parte no trato feito com Deus. Nabudonozor foi o monarca babilônio usado por Deus para remover os judeus de sua terra. Foram exatos 70 anos de exílio, para que a terra recebesse o descanso devido. Setenta anos sem arado, sem semeadura, sem colheita.

Foi Zacarias quem profetizou já no fim do exílio babilônico: “...Toda a terra está tranqüila e descansada. Então disse o anjo do Senhor: Ó Senhor dos Exércitos, até quando não terás compaixão de Jerusalém, e das cidades de Judá, contra as quais estiveste irado estes setenta anos?” (Zc.1:11b-12). O juízo de Deus não se restringe ao aspecto punitivo, mas sempre traz em seu bojo a manifestação da misericórdia de Deus para com a Sua criação.

Quando os judeus chegaram à Babilônia, muitos profetas se levantaram para consolar seus patrícios, afirmando que seu cativeiro duraria pouquíssimo tempo. Porém Deus levantou Jeremias pra garantir àquela gente, que seu cativeiro duraria pelo menos por duas gerações. Não adiantaria murmurar, reclamar, ou promover algum tipo de levante contra aquela situação. Sua terra precisaria de um descanso de 70 anos.

Destoando completamente de seus colegas, Jeremias diz:

“Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, a todos os que foram transportados, que eu fiz transportar de Jerusalém para Babilônia: Edificai casas, e habitai nelas; plantai pomares, e comei o seu fruto. Tomai mulheres, e gerai filhos e filhas; tomai mulheres para os vossos filhos, e dai as vossas filhas a maridos, para que tenham filhos e filhas. Multiplicai-vos, e não vos diminuais”. Jeremias 29:4-6

Em outras palavras, era hora de desfazer as malas, e programar-se para o futuro. Nada de alienação, nem falsas esperanças. Ali era seu novo lar. Em vez de lamentar-se a vida inteira, eles deveriam edificar, plantar, comer, construir relacionamentos, criar filhos e etc.

Jeremias prossegue: “Procurai a paz e a prosperidade da cidade, para onde vos fiz transportar. Orai por ela ao Senhor, porque se ela prosperar vós também prosperais”. Jeremias 29:7

Quem disse que nossa prosperidade independe da realidade social na qual estamos inseridos? É claro que Deus é poderoso o suficiente pra nos fazer prosperar a despeito da crise econômica em que nosso país esteja mergulhado. Entretanto, em Sua sabedoria, Deus nos permite passar pelas mesmas situações e adversidades que os demais. Salomão reconhece isso ao declarar: “Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao mau, ao puro e ao impuro” (Ecl.9:2). Ninguém está imune às adversidades desta vida. Portanto, em vez de buscar nosso bem-estar particular, devemos buscar incessantemente o bem-estar de todos à nossa volta. Se nosso país prospera, nós também prosperamos. Se ele sofre, nós também sofremos.

Não consigo entender a indiferença de muitos cristãos para com as questões sociais e ambientais. Parecem pessoas de outro mundo. Todos somos igualmente vítimas dos maus tratos sofridos pelo meio-ambiente. Todos somos vítimas das injustiças sociais. Todos somos vítimas da violência urbana.

A alienação constatada no meio cristão é fruto de uma mensagem desequilibrada, que leva as pessoas a acreditarem que esse mundo não tem jeito, e que a única coisa a fazer é esperar pelo dia em que seremos arrebatados ao céu.

Pregadores e teólogos regem o coro que diz: quanto pior, melhor. Para eles, isso aceleraria a volta de Jesus. Para eles, simplesmente não há futuro. Pelo menos, não nesta terra. Por isso, os crentes parecem estar sempre de “malas prontas” pra partir daqui. Eles são constantemente alertados: Vivam hoje, como se fosse o último dia. Até que ponto, esse tipo de postura não faz de nós um povo alienado?

Ora, se somos a última geração, por que deveríamos nos preocupar com questões como a camada de ozônio, a emissão de gases tóxicos, a má distribuição de renda, e outras questões igualmente pertinentes.

Geralmente, os crentes estão mais preocupados com questões de cunho moral, tais como o aborto, o homossexualismo, a liberação das drogas e etc. Não que estas questões não tenham seu grau de importância. Mas o fato é que estamos coando mosquitos, e engolindo camelos o tempo inteiro. Quando Cristo vier, Ele certamente deseja encontrar uma igreja militante, de mangas arregaçadas, trabalhando pela transformação do mundo. Infelizmente, o que vemos hoje, é uma igreja apática, alienada, gnóstica, e descomprometida com a agenda do Reino de Deus.

Se não precisássemos nos preocupar com aquilo que ocorre em nosso mundo, como se isso não nos afetasse, Paulo jamais nos teria admoestado:

“Exorto, pois, antes de tudo, que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens, pelos reis, e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e sossegada, em toda piedade e honestidade.” 1 Timóteo 2:1-2.

Leis que são votadas na surdina no Congresso Nacional, afetam em cheio o nosso cotidiano. Não podemos mais fingir que está tudo bem, nem dar ouvidos aos profetas da comodidade. O mundo não está acabando! Há futuro para a humanidade.

Veja o que a boca do Senhor diz:

“Pois eu sei os planos que tenho para vós, diz o Senhor, planos de paz, e não de mal, para vos dar uma esperança e um futuro.” Jeremias 29:11.

Ora, se há futuro para nós, temos que agir hoje, como se fosse o primeiro dia do resto de nossas vidas.

Temos que pensar naqueles que nos sucederão. Quando ouço alguns pastores afirmando que o mundo está caminhando para um fim iminente e trágico, tenho vontade de perguntar qual a razão de a maioria deles parecer tão preocupada em construir templos suntuosos. Se não há futuro, não há razão pra construir nada. Cruzemos os braços, e aguardemos o pior. Mas se há futuro, arregacemos as mangas, e mãos à obra! E lembremo-nos de que, não é a Terra que será destruída, e sim, aqueles que a destroem (Ap.11:18).

2 comentários:

  1. Anônimo10:52 AM

    Hermes, como sempre seus artigos vão direto ao ponto de nossas indiferenças e mesquinhez teológica.

    É lamentável como pensamos diferente dos nossos irmãos do passado com relação ao papel da Igreja e ao futuro mesmo. Que o Senhor nos ajude a corrigir esse terrível erro.

    Deus te abençoe!

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  2. Barbosa12:17 PM

    Irmão Hermes, graça e paz de Jesus Cristo o Nazareno.
    " A PAZ DE DEUS ".
    A palavra hebraica para " paz " é shalom, denota muito mais do que ausência de guerra e conflito.
    O significado básico de shalom é " HARMONIA, PLENITUDE, FIRMEZA, BEM-ESTAR E ÊXITO EM TODAS AS ÁREAS DA VIDA ".
    1- Pode referir-se à tranquilidade nos relacionamentos internacionais, tal como a paz entre as nações em guerra; leia I Samuel 7.14;
    I Reis 4.24; I Crônicas 19.19.
    2- Pode referir-se, também a uma sensação de tranquilidade dentro de uma nação durante tempos de prosperidade e sem guerra civil; leia
    2 Samuel 3.21-23; I Crônicas 22.9; Salmos 122.6,7.
    3- Pode ser experimentada com integridade e harmonia nos relacionamentos humanos, tanto dentro do lar, quanto fora; leia Provérbios 17.1; I Coríntios 7.15; Romanos 12.18; Hebreus 12.14; I Pedro 3.11.
    4- Pode referir-se ao nosso senso pessoal de integridade e bem-estar, livre de ansiedade e em paz com a própria alma, e com Deus; leia Salmos 4.8; 119.165; Jó 3.26; Números 6.26; Romanos 5.1.
    5- Finalmente, embora a palavra shalom não seja empregada em Gêneses 1 e 2, ela descreve o mundo originalmente criado, que existia em perfeita harmonia e integridade.
    Quando Deus criou os céus e a terra, criou um mundo em paz.
    O bem-estar total da criação reflete-se na breve declaração: " E viu Deus tudo quanto tinha feito,e eis que era muito bom " leia Gêneses 1.31.
    Mas quando Adão e Eva deram atenção à voz da serpente(Satanás), e comeram da árvore proíbida, sua desobediência introduziu o pecado e se interrompeu a harmonia original do universo, e harmonia entre Deus e o homem.
    O pecado interrompeu a harmonia e a unidade entre a raça humana e a natureza.
    Antes de Adão pecar, trabalhava alegremente no jardim do Éden, e andava livremente entre os animais, dando nome a cada um; leia Gêneses 2.15; 2.19,20.
    Parte da maldição divina após a queda envolveu a inimizade entre a serpente e Adão e Eva, bem como uma nova realidade: o trabalho produziria suor e labuta para o ser humano; leia Gêneses 3.15; 3.17-19.
    Antes havia " HARMONIA E PAZ "entre a raça humana e o meio-ambiente "a natureza".
    Agora nos seres humanos temos: " LUTAS E CONFITOS "de modo que:
    " TODA A CRIAÇÃO GEME E ESTÁ JUNTAMENTE COM DORES DE PARTO ATÉ AGORA "; leia Romanos 8.22.
    Embora o resultado da queda de Adão e Eva fosse a destruição da paz da humanidade e do bem-estar para a raça humana, e até mesmo para a totalidade do mundo criado, Deus planejou a restauração do " shalom "logo, e rapido, na
    história da reconquista da paz e da redenção do ser humano em Jesus Cristo.
    Mas apenas saber que Jesus Cristo veio como príncipe da paz não garante que a paz se tornará automaticamente parte da vida do ser humano; para experimentar a Verdadeira paz há que se estar unido com Jesus Cristo numa fé ativa.
    O primeiro passo é crer no Senhor Jesus Cristo; quando assim faz, a pessoa é justificada pela fé e assim tem paz com Deus; leia Romanos 3.21-28; 4.1-13; Gálatas 2.16; Romanos 5.1.
    Juntamente com a fé, deve-se andar em obediência aos mandamentos divinos de Deus a fim de viver-se em paz; leia Levítico 26.3,6.
    Os profetas do Antigo Testamento declaram frequentemente que não paz para os ímpios; leia Isáias 57.21; 59.8; Jeremias 6.14; 8.11; Ezequiel 13.10,16.
    A fim de que os cristãos conhecam sua paz perpétua, Deus lhes tem dado o Espírito Santo, que começa a operar em nós um aspecto do fruto, que é a " paz "; leia Gálatas 5.22; Romanos 14.17; Efésios 4.3.
    Com a ajuda, e a presença do Espírito Santo, devemos orar pedindo a paz, e deixar que a Verdadeira paz que é Jesus Cristo governe o coração dos homens, devemos buscar a paz e segui-la, e esforçar-mos por viver em paz com o próximo; leia Salmos 122.6,7; Jeremias 29.7; Filipenses 4.7 Colossenses 3.15; Salmos 34.14; Jeremias 29.7; 2 Timóteo 2.22; I pedro 3.11; Romanos 12.18; 2 Coríntios 13.1;
    I Tessalonicenses 5.13; Hebreus 12.14.
    Só em Jesus Cristo encontraremos a Verdadeira
    " PAZ ".

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