quarta-feira, novembro 02, 2011

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Afinal, pra onde vamos ao morrer? Parte 1



Hermes C. Fernandes

Infelizmente, só nos importamos com a vida pós-morte, quando perdemos alguém a quem muito amamos. Quando perdi meu pai há quase 9 anos, refleti muito sobre o tema. Queria entender o que se passa conosco depois que partimos. Li vários livros, mas nenhum me satisfez. Então, resolvi pesquisar os textos bíblicos em busca de respostas. Com a perda de minha querida sogra, resolvi republicar minhas reflexões acerca disso. Não deixe de ler a continuação. Creio que vai trazer muito conforto àqueles que perderam alguém a quem amavam, como também àqueles que temem à morte.

O escritor de Hebreus afirma taxativamente que “aos homens está ordenado morrer uma só vez, vindo depois disso o juízo” (Hb.9:27). Este versículo tem sido fartamente usado para contestar a doutrina da reencarnação. A primeira parte dele é clara. Se só se morre uma vez, logo inferimos que só se vive uma vez. Não há migração de espírito de um corpo para outro. Entretanto, faz-se vista grossa à segunda cláusula do verso, onde se diz que a morte é sucedida imediatamente pelo juízo. Não há hiato entre os dois eventos.

Ao deixarmos essa vida, somos transportados ao Tribunal de Cristo, e à Sua presença imediata. Deixamos o tempo, e entramos em uma esfera atemporal, chamada também de eternidade.

Não há estado intermediário entre a morte e a ressurreição, ou entre a morte e o juízo. Foi a doutrina do estado intermediário que proveu um terreno fértil para o surgimento de doutrinas como a do purgatório, e da intercessão dos santos, que não possuem qualquer respaldo bíblico consistente.

Não devemos esperar que ao morrermos sejamos levados ao Seio de Abraão, para ali esperarmos o momento da ressurreição. Muita confusão tem havido nesse campo. Por isso, devemos buscar respostas inequívocas na Palavra de Deus.



Até a morte de Cristo, todos os que morriam na fé nas promessas de Deus, eram conduzidos a um lugar chamado Seio de Abraão. Não se trata do paraíso, nem de uma sala de espera no céu. Trata-se, antes, de uma espécie de repartição especial dentro do Hades, região dos mortos, também chamada de Sheol pelos judeus. Todos, independentes de sua fé, eram conduzidos a essa região. Ela, porém, dividia-se em duas partes: Havia um lugar de tormento, e um lugar de descanso. A esse, a Escritura denomina Seio de Abraão. Ambos, porém, compunham os dois lados de um mesmo cenário. Basta uma conferida na parábola de Lázaro, e veremos ali que o rico que fora para o inferno, “estando em tormento, ergueu os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio” (Lc.16:23). E não só o viu, como também se comunicou com ele, embora houvesse um grande abismo entre eles. Era essa a condição de quem morria antes que Cristo viesse ao mundo e nos escancarasse a porta do paraíso. O escritor dos Hebreus dá testemunho disso, ao declarar: “E todos estes (os que viveram antes da Nova Aliança), embora tendo recebido bom testemunho pela fé, contudo não alcançaram a promessa (de gozar da presença imediata de Deus). Deus havia provido coisa superior a nosso respeito (os que vivem na Nova Aliança inaugurada na Cruz)" (Hb.11:39-40a).

Ao morrer na Cruz, Jesus inaugurou o paraíso para os homens. Por isso, Ele pode garantir ao ladrão penitente: “Hoje estarás comigo no paraíso” (Lc.23:43b). A partir de então, todos os que morrem na fé, são imediatamente levados à presença do Senhor. Para esses, a volta do Senhor se dá no exato momento em que deixam esta vida. Por isso Paulo confessa ter “o desejo de partir e estar com Cristo, o que é muito melhor” (Fp.1:23b). Não era por menos, pois nas palavras do apóstolo, é preferível “deixar este corpo e habitar com o Senhor” (2 Co.5:8). Não diz que deixamos esse corpo para habitar com Abraão, ou para descansarmos em algum tipo de sala de espera do céu. Ao deixarmos este corpo, somos conduzidos à presença do Senhor, para habitarmos com Ele para sempre.

Alguns crêem que ao deixarmos nossos corpos, experimentaremos um estágio intermediário, em que seremos tão-somente espíritos desencarnados. Isso é um absurdo. Nosso espírito não deseja viver, senão em um corpo através do qual possa glorificar a Deus. Daí a importância da ressurreição corporal. Paulo chega a afirmar que nós “gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu, porque estando vestidos, não seremos achados nus. Pois também nós, os que estamos neste tabernáculo (o corpo físico atual), gememos angustiados, não porque queremos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida” (2 Co.5:2-4).

O crente em Jesus jamais deve desejar ser despido, isto é, viver sem um corpo, através do qual possa servir e louvar ao Seu Deus. Há uma espécie de angústia em cada um de nós, que nos faz suspirar pelo momento em que Jesus Cristo “transformará o nosso corpo de humilhação, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” (Fp.3:21; ver também Rm. 8:23).

Não haverá um tempo em que viveremos fora do corpo. O homem é um ser psicobioespiritual. A idéia de que o homem é apenas um espírito residindo em um corpo não é bíblica. Ainda que o corpo seja apresentado como habitação do espírito, sem ele, o ser está incompleto. Se pudéssemos viver sem um corpo, não haveria necessidade de que a redenção o incluísse (Rm.8:23).Veja o que Paulo escreve aos Tessalonicenses acerca da unidade corpo-alma-espírito:



“O mesmo Deus de paz vos santifique completamente. E todo o vosso espírito, alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”.
1 TESSALONICENSES 5:23

Mas o que dizer do momento entre a nossa morte e a vinda do Senhor? Quando morremos, nosso espírito é conduzido imediatamente ao último dia, também conhecido como o Dia da Eternidade. Ali será o entroncamento entre o kronos e o kairós. Num “piscar de olhos” ouvimos o veredicto divino, e somos imediatamente revestidos de nosso novo corpo. Tão logo deixemos esse ‘tabernáculo’, recebemos um ‘edifício’ incorruptível, no qual habitaremos para sempre com o Senhor. Foi isso que Paulo disse: “Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus” (2 Co.5:1).

Continua...

6 comentários:

  1. Pastor,

    Sei que não é o seu caso, mas ao começar lendo sobre perda de um ente querido, me lembrei de um caso que um pastor da minha igreja falou sobre um gerente de banco muito crente cujo filho ainda criança havia morrido e aí um cliente amigo ficou indagando em pleno gabinete deste sobre sua fé, cadê seu Deus, pra que aquilo tudo se ele havia perdido o filho e blá blá bla´. Então ele respondeu tristemente, mas com serenidade, que não o havia "perdido". Quem perde não sabe onde está e ele sabia onde estava o filho dele. O amigo cliente ficou em silêncio meio de queixo caído, sem argumento.

    No mais, muito boa explanação, necessária e super oportuna. Vou copiar lá no meu blog, pode ser? Mas vou aguardar a parte dois rsss

    Mas...

    Cá pra nós, que feriado mais sem propósito esse. :)

    Abs,

    R.

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  2. Barbosa1:20 PM

    IRMÃO AMADO EM CRISTO JESUS HERMES,JESUS CRISTO DE NAZARÉ MUITO EM BREVE VIRÁ NOS BUSCAR! SANTIFICAI-VOS AS VOSSAS VIDAS POIS SUA VINDA É REAL,QUEIRA O HOMEM OUE NÃO!
    Meu irmão novamente vou pegar um gancho deste belo texto oK? 2 Coríntios 5.1.
    "SE A NOSSA CASA TERRESTRE SE DESFIZER".
    O apóstolo Paulo usa a expressão condicional: "Se a nossa casa terrestre se desfizer",porque sabia que Jesus Cristo poderia voltar logo,e,neste caso,não experimentaria a morte;pelo contrário,seu corpo seria imediatamente transformado. Essa mesma dupla possibilidade,a saber: A morte e a transformação,existe para o cristão de hoje. Jesus Cristo declarou que não sabemos o dia nem a hora da sua volta; ler Mateus 24.36,42,44;esse evento,portanto,é sempre iminente e enseja uma motivação poderosa para uma vida Santa; ler Mateus 24.42; I João 3.2,3.
    A expressão "casa terrestre"refere-se ou ao corpo terreno do cristão ou à sua vida terrena.
    "Temos de DEUS um edifício,uma casa não feita por mãos,eterna nos céus". Isto provavelmente refere-se a um corpo temporário preparado para o cristão no céu,enquanto ele aguarda o seu corpo da ressurreição;ou refere-se ao ambiente da vida celestial. Alguns entendem que esse trecho difícil ensina que os cristãos,depois da morte,e enquanto aguardam a ressurreição,existem como espíritos desincorporados,como sombras,sem corpo. Notamos,no entanto,que Moisés e Elias,no monte da transfiguração,aparecem revestidos de corpo celestial,embora ainda aguardassem seu corpo ressurreto. Além disso,em Apocalipse 6.9,11 que diz: E,havendo aberto o quinto selo,vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram.
    E a cada um foi dada uma comprida veste branca e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo,até que também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos que haviam de ser mortos como eles foram.
    Descrição das almas no céu revela que elas podem ser vistas,que usam vestes brancas cumpridas,e não são almas sem corpo.
    Em termos gerais,o corpo ressurreto do cristão será semelhante ao corpo ressurreto do Nosso Senhor Jesus Cristo; ler Romanos 8.29;
    I Coríntios 15.20;,42,44,49; Filipenses 3.20,21; I João 3.2.
    Mais especificamente,o corpo ressurreto será:
    (a) Um corpo transformado em corpo celstial,apropriado para o novo céu e a nova terra; ler I Coríntios 15.42,44,47,48; Apocalipse 21.1.
    (b) Um corpo imperecível,não sujeito à deterioração e à morte; ler I Coríntios 15.42.
    (c) Um corpo espiritual(e,não natural,mas sobrenatural),não limitado pelas leis da natureza; ler Lucas 24.31; João 20.19;
    I Coríntios 15.44.
    FINALIZANDO: Quando os cristãos receberem seu novo corpo se resvestirão da imortalidade; ler
    I Coríntios 15.53. As Escrituras indicam pelo menos três propósito nisso:
    - Para que os cristãos venham a ser tudo quanto DEUS pretendeu para o ser humano,quando o criou ler I Coríntios 2.9.
    - Para que os cristãos venham a conhecer a DEUS de modo completo,conforme Ele quer que eles o conheçam; ler João 17.3.
    - A fim de que DEUS expresse o seu amor aos seus filhos,o seu povo santo confome Ele deseja; ler João 3.16; Efésios 2.7;
    I João 4.8,16.
    Os fiéis que estiverem vivos na volta de Jesus Cristo de Nazaré,para buscar os seus,experimentarão a mesma transformação dos que morreram em Cristo antes do dia da ressurreição; ler I Coríntios 15.51,54.
    Receberão novos corpos,idênticos aos dos ressurretos nesse momento da volta de Jesus Cristo. Nunca mais experimentarão a morte física.
    Jesus Cristo fala de uma ressurreição da vida,para o cristão,e de uma ressurreição de juízo,para o ímpio; ler João 5.28,29.

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  3. Hermes, excelente seu texto. Já acompanho você desde março, quando conheci a Genizah por meio de um amigo comum: o Rubinho. Deus te abençoe tremendamente. Um grande abraço! Samuel Costa

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  4. Oh irmão,
    esse é o primeiro texto seu que discordo com quase tudo q escreveu. A palavra grega traduzida por “seio” é hades. Seio de Abraão significa apenas a posição que Lázaro estava no banquete celeste.
    Os cristão reformados Geralmente crêem na doutrina do estado intermédiario e na comunhão dos santos, mas rejeitam o purgatório (como também a igreja Oriental rejeita), e da intercessão dos santos.
    A primeria obra teologica de Calvino foi a Psicopaniquia, na qual ele combate a doutrina do sono da alma e ensina a existencia do estado intermédiario.

    Mas achei o seu texto interessante,é sempre muito bom explorar novas possibilidades.

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  5. Depois de Jesus, você tem sido um psicólogo e tanto pra mim...
    Agradeço a Deus pela sua vida!
    Obrigada por textos tão explicativos e sensatos..

    @danysussa

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  6. Nossa, todo meu ser estremeceu aqui! O Espírito testemunha ao meu espírito que é isso ai mesmo. Na nossa meninice a gente fica imaginando como seria o julgamento de tanta gente. Quais nações seriam primeiro... rs. Obrigado amado por ter aceitado a verdade de Cristo e ouvir a voz do Espírito Santo e edificar os irmãos.

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