Agora, comprometido com o Deus de Betel, Jacó se põe a caminhar, até que chegou à terra dos filhos do Oriente.
Pelo jeito, a pedra era pesada demais. Três homens seriam insuficientes para levantá-la da boca do poço.
Depois de uma breve abordagem, Jacó opinou: “Olha, ainda vai alto o dia; não é hora de se ajuntar o gado. Daí de beber às ovelhas, e ide apascentá-las” (v.7). Era como se Jacó se oferecesse para ajudá-los a saciar seus rebanhos. Mas eles retrucaram: “Não podemos, até que todos os rebanhos se ajuntem, e seja removida a pedra da boca do poço, para que demos de beber às ovelhas”(v.8).
Qual a graça de ficar protelando em vez de dar logo de beber ao rebanho? Não era hora de deixar o rebanho parado, descansando à espera de água. Era hora de conduzir as ovelhas lá fora, entre vales e montanhas, pelos pastos verdejantes. Aprisco, só para descansar seguras e voltar a caminhar no outro dia. Porém, para que elas pudessem caminhar livremente, antes teriam que ser saciadas.
Pra quê ficar esperando por uma ocasião especial, um evento, um encontro, pra então saciar as ovelhas? Por trás disso há sempre algum interesse excuso.
Lembro de ter conversado com um pastor amigo meu que era um dos mais respeitados líderes de uma denominação brasileira. De repente, aquela igreja resolveu adotar o esquema conhecido como G12, onde os membros eram levados a um encontro num sítio, para lá terem uma experiência maior com Deus. Este pastor (na verdade era bispo), resolveu deixar a denominação, pois seu líder havia orientado os demais pastores a não pregarem mensagens mais profundas nos cultos, para deixar o rebanho faminto, à espera de algo mais. Assim, eles poderiam oferecer o tal “encontro” como o prato principal da igreja. Detalhe: quem quisesse participar teria que desembolsar 400 reais! Por não concordar com isso, meu amigo preferiu deixar aquela denominação.
Era mais ou menos isso que aqueles pastores estavam fazendo. Só poderiam remover a pedra quando houvesse o tal encontro.
E quando chega um enfermo à procura de oração? Muitas vezes é orientado a voltar no dia propício, dedicado à cura divina. Ora, se a água está disponível, por que deixar que o rebanho padeça de sede? Por que deixar pra depois o que se pode fazer agora?
As igrejas oferecem uma espécie de cardápio aos seus fiéis (ou seriam clientes?). Há um dia dedicado a isso, e outro dedicado àquilo. E quando se anuncia a vinda do grande homem de Deus, que recebeu poder para curar os doentes? E se o doente não sobreviver até o dia de sua vinda?
Congressos, convenções, encontros, se tornaram engrenagens da indústria religiosa. Cada evento com sua panelinha própria. Cartas marcadas! Depois se reúnem para dividir os depojos.
Não sou contra qualquer tipo de evento. Há lugar para retiros, congressos, conferências. Desde que não sejam usados para tosquiar o rebanho de Deus.
Infelizmente, em muitos desses eventos as ovelhas saem tosquiadas, e com a mente lavada, repetindo o jargão feito papagaio de pirata: Foi tremendo!
Tremendo ficam as ovelhas tosquiadas, morrendo de frio.
Alguns saem convencidas de que aquilo lhes fez algum bem. Mas a médio e longo prazo, percebem o mal que fora feito à sua alma.
Se antes sua vida era dividida entre "antes e depois de Cristo", agora passa a ser dividida entre "antes e depois do encontro", ou "antes e depois" de ter conhecido aquela igreja. Outros são orientados a não contar a ninguém o que aconteceu no tal encontro. O nome disso? Marketing! A alma do negócio! Tudo isso não passa de argumentação fútil para ludibriar o rebanho. Não foi isso que aprendemos de Jesus. Veja o que Ele mesmo diz: "Falei abertamente ao mundo; sempre ensinei nas sinagogas e no templo, onde todos os judeus se reúnem. Nada disse em segredo" (Jo.18:20). Algumas vezes Jesus pediu discrição quanto à divulgação de Seus milagres, como também pediu que os discípulos não contassem o que viram no monte da Transfiguração. Quanto àquilo que dizia e ensinava, Ele disse: "O que escutais ao ouvido, pregai-o sobre os telhados" (Mt.10:27b). Quem gosta de segredos é a Maçonaria e as seitas secretas. Devemos adotar a postura de Paulo, que diz: "Pelo contrário, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam; não andamos com astúcia, nem falsificamos a palavra de Deus" (2 Co.4:2a).
O papel dos pastores é remover a pedra, tornar o poço acessível às ovelhas. A preocupação de Jacó era com o rebanho. Não era justo deixá-lo esperando mais.
“Enquanto Jacó ainda lhes falava, chegou Raquel com as ovelhas de seu pai, pois ela era pastora” (v.9).
“Quando Jacó viu a Raquel, filha de Labão, irmão de sua mãe, e as ovelhas de Labão, irmão de sua mãe, chegou-se, revolveu a pedra da boca do poço e deu de beber às ovelhas de Labão, irmão de sua mãe” (v.10).
Não sei se inspirado pela beleza de Raquel e querendo impressioná-la, ou se inspirado pelo encontro que havia tido com Deus na noite anterior. Talvez fosse uma combinação das duas coisas. Só sei que Jacó fez sozinho o que supunha-se que fosse feito por quatro homens, ou pelo menos, por três homens e uma mulher.
Ele não precisou de uma alavanca, nem mesmo um ponto de apoio. Bastou que usasse a força que adquiriu em Betel.
Hoje em dia, pastores se reúnem para buscar estratégias que visam extrair do rebanho tudo que puderem. Se há água disponível, procuram uma maneira de torná-la inacessível. Se Cristo é o Caminho, eles são os responsáveis pelo pedágio.
- Vamos levar seu pedido para o monte! Argumentam eles. – Vamos fazer uma ponte entre Deus e você! Basta fazer um sacrifício! Basta pagar tanto pra participar de um encontro com Deus!
Tudo isso deve causar náuseas em Deus.
O que a igreja precisa não é de novas estratégias evangelísticas para crescer. Nem de pontos de contacto, amuletos, campanhas mirabolantes. Ela precisa de líderes comprometidos com a verdade, que não usem de astúcia para ludibriar as ovelhas. Ela precisa de pastores segundo o coração de Deus, que inspirados pelo Espírito Santo, se atrevam a remover as pedras e deixar que as ovelhas bebam livremente, sem que isso lhes custe nada.
Excelente! Constatação perfeita!
ResponderExcluirNão fique insinuando coisas absurdas não, BISPÃO. O que tem pra dizer diga na cara, mas não fique postando em seu blog não. Se não concorda com a maneira que Deus permite que nos encontremos com ele, só lamento, e com isso fique quieto na sua.
ResponderExcluirBeijinhos, bispo Hermes.
Meu caro Anônimo, o que escrevo leva sempre meu nome. E se quiser ouvir pessoalmente, é só participar de um culto nosso quando eu estiver no Brasil. Sou responsável por tudo o que escrevo aqui. Jamais me escondi atrás de um comentário anônimo. Ameaças são me assustam. O Deus com quem encontrei é quem me garante e me guarda. Só não posso garantir que seja o mesmo "deus" com quem você tem se encontrado, que ainda não lhe removeu o espírito de covardia e intimidação.
ResponderExcluirQue Deus tenha misericórdia de ti, e daqueles caminham contigo.
E mais: Ameaças anônimas por internet ou por telefone já podem ser rastreadas pela polícia.
ResponderExcluirSe quer debater, vamos usar a Palavra, as idéias, e não expedientes completamente reprováveis.
Obrigado pelo comentário, Pr. Julio Zamparetti.
ResponderExcluirAbraço nos irmãos do Sul.
Sou admirador da sua integridade diante de Deus H.C.F. O cuidado discursivo dedicado aos seus leitores testificam sua honestidade para com Cristo.
ResponderExcluirA liturgia é que impede que a pedra seja removida na hora devida. A política secular usa estratégias de poço fechado intencionadas, mas, nós que conhecemos a Cristo não podemos nos submeter a tais recursos.
Cristo está presente!