quinta-feira, maio 07, 2009

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Saudade de mim mesmo...

Esses dias, enquanto brinco com meus filhos, tenho sido pego de surpresa por uma onda de nostalgia. Tenho tido saudade. Não me refiro aqui à saudade da pátria, ou mesmo dos amigos que lá deixei. Mas falo agora de uma saudade diferente. Saudade de mim mesmo. Saudade daquela criança que fui, sonhadora, que vivia num mundo de fantasia, e que hoje está dormindo dentro de mim, ninada pelo ceticismo da vida adulta.

Neste ano completo 40 anos. Receio que daqui por diante, minhas memórias de infância se percam. Por isso, decidi registrá-las neste blog. Ninguém é obrigado a lê-las. São coisas de criança, ou melhor, de marmanjo com saudade da infância.

Hoje, por exemplo, enquanto brincava na piscina da casa de Gene com meus filhos, fui tomado de súbito pela lembrança dos anos em que vivi no bairro de Piedade, na Rua Gomes Serpa 455. Mudamos para lá em 1981. Foi nossa primeira casa própria. O que mais me encantava naquela casa era o coqueiro que havia em frente à varanda (depois falo mais sobre ele), as duas amendoeiras na calçada e, principalmente, a piscina. Não era nenhuma "brastemp", apenas uma piscina de 3 mil litros. Mas aos olhos de uma criança sonhadora, era como uma piscina olímpica.

Algumas coisas me aborreciam nela. Primeiro, demorava muito pra enchê-la. Era necessário um dia e meio. Eu ficava impaciente. Segundo, tínhamos que "pescar" as lacraias que apareciam por lá, antes de mergulhar. E terceiro, não conseguia entender porque a água não ficava azul como nas piscinas que via pela televisão.

Alguém me contou que aquele efeito provinha do cloro. Um dia, de tanto insistir com meu pai, ele permitiu que eu e um irmão lá da igreja fôssemos a uma casa especializada comprar o tal "cloro milagroso". Nunca havia andado tanto em minha vida. De Piedade a Cascadura, eram como três quilômetros (para uma criança de onze anos é o suficiente pra tirar o fôlego).

Cheguei em casa ansioso para ver o que aconteceria quando lançasse o cloro na água da piscina. Que decepção. A água continuava verde como antes, porém agora, cheirava a água sanitária.

Uma frustração minha é que jamais aprendi a mergulhar. Gostava de ver meu primo Úldei e alguns poucos amigos, como o Daniel, filho do Pr. Waldomiro, dando saltos mortais. Mas toda vez que tentava, batia com o peito n'água, e saía morrendo de dor.

Hoje me lembrei disso enquanto via Rhuan mergulhando de cabeça e dando mortais.

Só havia algo em que ninguém me superava: ficar debaixo d'água sem respirar. Ainda hoje venço meus filhos nesta proeza, inspirada na série "O homem do fundo do mar", exibida pela Bandeirantes no final dos anos 70.

Também nunca aprendi a boiar. Eu sempre afundo! Mas pelo menos, sei nadar. Nado até de costas! Cachorrinho. Borboleta. Peito. Mas mergulhar que é bom, neca de pitibiriba.

Glória a Deus por esses dias com meus filhos. Não tem sido fácil, pois ainda não conseguimos uma casa para alugar aqui nos EUA. Mas pelo menos, tenho passado mais tempo com eles. Daqui a pouco, eles estarão adultos, e só restará a saudade. Saudade deles quando crianças, saudade de mim.
Meu conselho para eles talvez sirva pra mais alguém: não tenha pressa de crescer. Viva intensamente sua infância, pois é, sem dúvida, a melhor fase de sua vida.


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