A alternativa à explicação biológica seria uma origem geoquímica, a partir de uma reação envolvendo rocha aquecida do interior do planeta e água, ou da liberação de metano antigo congelado, aprisionado no subsolo. Segundo Mumma, apenas missões com astronautas ou robôs, enviadas aos locais da onde o metano parece se originar, poderão eliminar a dúvida.
Ao comentar a descoberta em um evento realizado pela Nasa, a geóloga Lisa Pratt, da Universidade de Indiana, disse que o metano de origem geológica na Terra é tão raro que considera que a origem biológica para o gás em Marte "pode até ser mais plausível". Ela lembrou que existem seres vivos que se alimentam de metano, e que poderiam se acumular junto a fontes do gás. "Essa descoberta nos dá um alvo. O metano é também um recurso".
Ela disse que para confirmar a presença de vida nesses locais seria preciso escavar vários metros abaixo da superfície.
Os pesquisadores obtiveram a confirmação realizando uma análise espectroscópica da luz solar refletida por Marte em direção à Terra, e encontraram a assinatura do metano. A análise das flutuações na intensidade dessa assinatura fez com que concluíssem que o gás é emitido nos meses quentes - primavera e verão - e que se origina, provavelmente, em três regiões do hemisfério norte: Arabia Terra, Nili Fossae e Syrtis Major. Junto com o metano, a equipe de Mumma também viu a assinatura de água, que é um ingrediente essencial para a vida.
Esse caráter sazonal da emissão indica que há algo mais ocorrendo, para além de uma simples produção geológica do gás. "Se o efeito é geológico, a variação com as estações poderia ser resultado do aquecimento do ambiente próximo à superfície. Esse aquecimento poderia derreter o gelo, com um aumento da água disponível no primeiro metro do solo e a abertura de poros nas encostas. Esses poros ficariam lacrados durante o inverno e o outono".
O artigo que descreve a descoberta, publicado online na tarde desta quinta-feira, 15, pelo serviço ScienceExpress, da revista Science, cita, como um modelo para a possível fonte biológica do gás, algumas comunidades de micro-organismos encontradas vivendo a quilômetros de profundidade, na Terra, e que se alimentam de hidrogênio, desligado das moléculas de água pela radiação natural das rochas, e gás carbônico. Esses organismos produzem metano.
Fonte: Estadão
Nenhum comentário:
Postar um comentário