quinta-feira, janeiro 15, 2009

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"A Favorita", o fim de um engano

Esta semana a Rede Globo exibe os últimos capítulos da novela "A Favorita". Mesmo quem não acompanha novelas assiduamente (como é o meu caso!), já ouviu inúmeros comentários acerca deste fenômeno da dramaturgia nacional.

Lembro que logo nas primeiras semanas de exibição, os telespectadores foram pegos de surpresa quando descobriram que estavam torcendo pela personagem errada. Todos imaginavam que a mocinha era Flora (magistralmente representada pela atriz Patrícia Pillar), enquanto a vilã era Donatela (Claudia Raia). Sentimo-nos todos enganados, traídos. O diretor conseguiu nos ludibriar. Fomos todos vítimas de uma pegadinha.

As pessoas comentavam no salão de beleza, no supermercado, na fila do banco. A maioria dizia que não daria mais audiência àquela novela.

Muitos acharam que o diretor havia cometido uma espécie de suicídio autoral. Como ele poderia resgatar a credibilidade de sua obra?

Por incrível que pareça, a segunda metade da novela alcançou índices ainda maiores de audiência.

Todos queriam saber que fim teria a maligna Flora, aquela que conseguiu nos enganar a todos.

Não foi preciso muita criatividade para que João Emanuel Carneiro, o autor de "A Favorita" elaborasse um enredo tão surpreendente. Bastaria olhar para a História para verificar a freqüência com que as pessoas optam pelo lado errado.

Entre Jesus e Barrabás, quem foi o "favorito" daquela turba enraivecida?

Muitos também se deixaram ludibriar por Absalão, o filho ingrato de Davi, que além de seduzir boa parte da população de Jerusalém, fez com que seu próprio pai fosse visto como um vilão.

Falta espaço para relatar tantos outros casos em que o mocinho se tornou vilão, e o vilão se fez passar por mocinho.

Por isso, não podemos julgar preciptadamente. Nosso coração costuma ser susceptível ao engano.

Por trás de muitas caras angelicais, se escondem verdadeiros demônios. Enquanto que por trás de muitos rostos sisudos, se escondem seres humanos incríveis e amorosos.

Cuidado para que você jamais se deixe enganar, e tome partido pelo erro. Peça que o Espírito Santo lhe conceda discernimento de espíritos. Voz macia, olhos piedosos, jeito carinhoso, muitas vezes servem de disfarce para lobos vorazes.

Confesso que já me enganei inúmeras vezes. Já me surpreendi com pessoas que eu julguei mal, como também já me decepcionei com outras em quem acreditei de todo o meu coração.

Com isso, tenho aprendido a observar mais e a ler nas entrelinhas, buscando discernir as intenções do coração.

Não tenho mais favoritos, tampouco quero ser favorito de ninguém.

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