segunda-feira, janeiro 05, 2009

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Atingindo alvos além do nosso alcance

Uns dos mais fantásticos e criativos inventos bélicos são o arco e flechas. Acredita-se que os seres humanos começaram a usá-los há cerca de 20 mil anos.Para confirmar este fato, basta ver as pinturas rupestres mais antigas que mostram os homens primitivos caçando com arco e flecha.

O arco e flecha têm sido desde sempre uma ferramenta fundamental para a sobrevivência da humanidade. Graças a estes o homem se converteu em caçador. A caça com arco era bastante mais segura do que outros métodos utilizados naquela altura porque permitia manter uma certa distância em relação à presa.

Grandes Impérios foram construídos e caíram, tendo como arma o arco e flecha. Os primeiros a utilizá-los foram os Egípcios no Ano 3500 a.C. Seus Arcos eram tão altos como eles. As flechas tinham pontas de pedra ou de bronze. Até 1800 a.C., os Sírios introduziram um novo desenho, um arco construído com couro e madeira conseguindo assim um perfil recurvo. Estes Arcos eram muito mais potentes que os utilizados pelos Egípcios e tinham a vantagem de poderem ser disparados de cima de um cavalo. Foi uma peça chave para expandirem o seu Império. A superioridade de manejar esta arma durou vários séculos. Por exemplo, os Romanos, que tinham fama de ter um dos melhores exércitos do mundo, não puderam fazer nada quando confrontados com arqueiros Persas. Os Mongoles conquistaram grande parte da Europa e os Turcos demonstraram a sua valia nas Cruzadas, em parte devido à superioridade dos seus Arcos Recurvos e de uma grande técnica de tiro.

No Século XI, os Normandos desenvolveram um arco grande (conhecido como Longbow) que utilizavam para se defenderem dos Ingleses na batalha de Hastings, no ano 1066 d.C. A partir daí os Ingleses adotaram o Longbow como arma principal.

O valor do Arco como arma de guerra só declinou com o aparecimento das armas de fogo no século XVI. Hoje em dia, é usado na caça por tribos primitivas, e como modalidade esportiva.

Há um interessante episódio bíblico envolvendo este elegante e poderoso instrumento de guerra:

O profeta Eliseu estava enfermo, quando recebeu a inusitada visita de Jeoás, rei de Israel. Antes que o velho profeta partisse, Jeoás queria saber como reagir às ameaças dos Siros.

Quase sem forças, Eliseu pediu que o rei providenciasse um arco e flechas.

“Então disse Eliseu ao rei de Israel: Põe a mão sobre o arco. Pegando ele o arco, Eliseu pôs as suas mãos sobre as mãos do rei...”
(2 Reis 13:16).

A esta altura, o profeta não tinha muito fôlego para um discurso, então resolveu apelar para um gesto simbólico. Pôr as mãos sobre as mãos do rei signficava que aquela luta seria assumida por Deus. As flechas de Jeoás, seriam as flechas do próprio Deus. Tal gesto deveria ter alimentado a confiança do rei.

Eliseu, então, o orientou: “Abre a janela para o oriente, e ele a abriu. Disse mais Eliseu: Atira! E ele atirou. Prosseguiu Eliseu: A flecha do livramento do Senhor é a flecha do livramento contra os siros! Tu ferirás os siros em Afeque, até os consumir” (v.17).

Abrir a janela para o oriente era mirar na direção dos adversários. Toda flecha precisa ser bem direcionada, antes de ser atirada. Não se pode simplesmente atirar à esmo.

A palavra profética foi precisa: Jeoás deveria ferir os siros até os consumir, e o cenário escolhido por Deus era Afeque.

Pronto! Jeóas recebera o que viera buscar. A palavra proferida pelos lábios do profeta moribundo era tudo o que ele precisava ouvir.

Porém, Eliseu não havia terminado...

“Disse mais: Toma as flechas. E o rei as tomou. Então disse ao rei de Israel: Fere a terra. E ele a feriu três vezes, e cessou...” (v.18).

Ora, atirar sua flecha na direção do Oriente fazia sentido. Mas ferir a terra? Jeoás obedeceu, porque não queria contrariar o profeta. Ele a feriu três vezes, descarregando toda a sua adrenalina. Porém, parou por aí.

Ele não entendeu a mensagem. Mirar na terra significava que o livramento viria de cima, e não apenas da força dos seus braços. Era Deus que estava trazendo juízo àquela nação ímpia. Não se tratava apenas de vingança de Israel contra os Siros. Nem de uma descarga de adrenalina. Os braços de Jeoás eram apenas os instrumentos pelos quais Deus queria dar um "chega pra lá" nos Siros.

Quando somos motivados por nossas emoções, assim que elas diminuem, nós fraquejamos. Sentimo-nos desanimados a prosseguir. O que deve nos motivar são os propósitos de Deus. Enquanto não se cumprirem cabalmente, não podemos relaxar nossos braços.

Veja a reação de Eliseu:

“O homem de Deus se indignou muito contra ele, e disse: Cinco ou seis vezes deverias tê-la ferido: então terias derrotado os siros até os consumir. Mas agora só três vezes ferirás
os siros”
(v.19).

De fato, Jeoás derrotou os Siros por três vezes, e retomou as cidades que haviam conquistado (v.25). Porém, não os consumiu, como poderia ter feito. Sua obra ficou pela metade. Coube a seu filho Jeroboão restabelecer todas as fronteiras de Israel (14:25). E é interessante frisar que Deus escolheu justamente o arco e flecha para derrotar os Siros, porque eram as principais armas nas quais eles se vangloriavam. Suas grandes conquistas eram creditas ao uso de arco e flechas.

Embora vivamos em plena Nova Aliança, e temos aprendido a perdoar nossos inimigos, em vez de enfrentá-los, há preciosas lições a serem aprendidas neste episódio.

Não basta estar munido com as melhores armas. Precisamos saber contra quem lutamos, com que lutamos, pelo que lutamos, e até onde temos que chegar.

Se não soubermos contra quem lutamos, corremos o risco de despender nossas energias em vão, contra o adversário errado. Paulo diz aos Efésios que a nossa luta não é contra gente de carne e osso, mas contra adversário espirituais (Ef.6). E com quê lutamos? Ora, se os inimigos são espirituais, devemos enfrentá-los com armas igualmente espirituais. Não podemos depender de nossos próprios recursos, pois são escassos. Temos que aprender a depender dos inesgotáveis recursos disponíveis da espiritualidade.

E pelo quê lutamos? Não lutamos por posição, por interesses pessoais, por território. Lutamos por uma causa: o Reino de Deus e a Sua justiça.

E até onde temos que chegar? Até que não haja mais injustiça na terra.

Deus não nos escolheu e chamou para amealharmos fortunas, para nos tornarmos ricos. Ele nos chamou para sermos defensores dos pobres e oprimidos. Não para concentrar recursos, mas para distribuí-los.

Ainda que nossa geração venha a falhar, o propósito de Deus não correrá qualquer risco. Outras gerações emergirão para dar prosseguimento ao projeto do Reino.

Um comentário:

  1. Anônimo5:37 PM

    Não percamos de vista o projeto de Deus.
    A Guerra é de Deus e o campo de batalha é no mundo invisível da espiritualidade humana

    PAIXÃO, Edson.

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