quinta-feira, dezembro 18, 2008

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Minha família no olho do furacão

O ano de 2005 será lembrado pela mais intensa temporada de furacões vivida pelos Estados Unidos. Foi nesse ano que o Katrina arrasou a cidade de New Orleans.

Pois foi justamente esse o ano em que eu e minha família moramos naquele País.

Foi um ano muito cansativo para mim, pois tinha que retornar ao Brasil mensalmente. Passava parte do mês aqui, e a outra parte lá, ao lado dos meus filhos e esposa.

Por causa dos furacões, tivemos alguns contratempos.

Lembro que meu vôo em Outubro de 2005 tinha escala em SP. Lá chegando, fui comunicado que havia um overbooking, isto é, havia mais passageiros do que lugares no avião. E isso por causa de um furação. O vôo do dia anterior fora cancelado, e os passageiros transferidos para o dia seguinte. Resultado: não havia lugar pra todo mundo. Alguém teria que desistir ou adiar sua viagem.

O tumulto era grande. Eu estava muito cansado, pois não dormira bem na noite anterior, e ao mesmo tempo, estava ansioso para rever minha família.

Geralmente, quando há overbook, a linha aérea oferece ofertas ou vantagens para estimular a desistência ou o adiamento da viagem de alguns passageiros. Numa outra vez, em Nova York, a Continental Airlines ofereceu mil dólares para quem aceitasse viajar no outro dia. Embora me sentisse tentado a aceitar, preferi viajar naquele mesmo dia, porque tinha que pregar em uma cruzada em Inhoaíba, zona oeste do RJ. Mas agora, eu não tinha compromisso urgente. Fiquei na expectativa de que a American Airlines nos oferecesse alguma quantia em dinheiro, ou algum desconto em uma viagem posterior, o que me ajudaria muito, haja vista minha necessidade de viajar mensalmente. Minha expectativa foi frustrada. Eles apenas ofereciam hospedagem em hotel e comida. Como eu estava muito cansado para viajar naquele, ponderei sobre a possibilidade de deixar pra viajar no dia seguinte em um vôo diurno (menos cansativo!). Mas veio-me uma idéia: e se eles me desse um lugar na primeira classe? Resolvi fazer minha proposta em tom de brincadeira. E não é que eles aceitaram!

Tomei um táxi pago pelas empresa aérea, fui para um hotel pago por eles, comi uma boa refeição, e no outro dia, fiz a melhor viagem da minha vida. Não sabia que era tão bom viajar de primeira classe. Além do espaço bem maior, nada se compara ao cardápio e ao atendimento diferenciado.

Cheguei em Miami, fiz minha conexão para Orlando, e lá cheguei descansado e bem disposto para ficar mais duas semanas com minha família.

Assim que mudamos para Florida (Deltona), passei uma noite inteira acordado por causa de um alerta emitido na TV, sobre a possibilidade de sermos visitados por um tornado naquela noite. Que tormento! Qualquer ventinho nos deixava assustados. Depois descobrimos que tais alertas eram comuns.

Outra vez, enquanto estava no Brasil, acompanhando pela internet a aproximação de um furacão na região em que morávamos, pus-me a orar, pedindo que Deus poupasse a minha família em minha ausência. Incrivelmente, o furacão se manteve parado próximo à praia de Daytona, e não avançou sobre a terra.

Mas de outra vez, a coisa foi bem diferente.

Tânia me ligou desesperada, dizendo que a casa estava tremendo por causa de uma grande ventania. Chequei pela internet, e vi que se tratava da rebarba de um furacão. Não era dos maiores, categoria 4 ou 5, mas era um furacão! O que eu poderia fazer? Estava a milhares de quilômetros da minha família, e me sentia impotente para ajudá-la. Como gostaria de me teletransportar para estar ao lado deles!

Pus-me de joelhos, e pedi que Tânia reunisse as crianças e de joelhos começamos a orar, eu no Brasil, e eles lá, no meio de um furacão.

Depois de orarmos, orientei a Tânia a levá-los para dentro do banheiro, pois li em algum lugar que era o lugar mais seguro da casa em caso de furacões.

Algum tempo depois, Tânia me ligou contando que repentinamente o céu ficou azul, sem nenhuma nuvem, e que aparentemente estava tudo bem. Rhuan fora para a rua, verificar os estragos, e sentir a sensação da bonança. Ao retornar pra casa, disse que fazia muito frio. Lembrei que assisti em algum lugar que o furacão passa em três estágios: no primeiro estágio, o vento sopra numa direção, e no último estágio, sopra na direção inversa. E entre um estágio e outro, há o olho do furacão. Na passagem do olho do furacão, tem-se a impressão de que o pior já passou, e que finalmente se fez bonança. Ledo engano. O pior ainda está por vir, quando os ventos sopram na direção contrária. Pedi que Tânia mantivesse as crianças dentro de casa, até que passasse o último estágio do furacão.

Graças a Deus, tudo ficou bem. Não houve perdas. Apenas a sensação de depender diretamente da proteção de Deus.

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