quarta-feira, outubro 22, 2008

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Gabeira, Obama e seu estigma maldito

Depois de promover um encontro entre líderes cristãos e o Deputado Fernando Gabeira, candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, noticiado nos principais meios de comunicação do País, tenho sido sabatinado por muitos irmãos, bem como por alguns colegas de ministério. Eles me indagam como eu poderia apoiar um candidato que defende os direitos dos homossexuais, o aborto e a legalização das drogas.

Primeiro, quero esclarecer que não 'fechamos' apoio com qualquer candidatura, pois acredito no livre exercício da cidadania, e que a igreja não deve ser usada como curral eleitoral. Apenas me propus promover um encontro em um lugar neutro (fora da igreja) onde o candidato Gabeira pudesse expor seus pensamentos, e dirimir dúvidas quanto às suas propostas de governo.

Apesar disso, quero dar uma resposta àqueles que me indagam.

O Deputado Fernando Gabeira é um homem público, que está engajado há cinqüenta anos na vida política do País. Embora tenha posições polêmicas sobre certos assuntos, tem demonstrado ser um homem digno, comprometido com a ética e a transparência.

Por causa de sua postura polêmica, muitos evangélicos nutrem enorme preconceito à sua pessoa. Até que ponto não estamos coando mosquitos e engolindo camelos, como denunciou Jesus?

Por que nos preocupamos tanto com questões morais, enquanto negligenciamos questões concernentes à ética e à justiça social?

Certos assuntos acabam sendo usados como verdadeiros bois de piranha. Enquanto focamos neles, a boiada vai passando à salvo pelo outro lado.

Alguns colegas chegaram a me advertir que eu deveria me envergonhar de ser visto ao lado de Gabeira. Alguns pastores que estiveram conosco no encontro, pediram para que seus nomes e imagem não fossem divulgados em jornais ou TV. Entendo a preocupação dos meus colegas, e até me solidarizo com eles. Sei que eles estariam expostos a todo tipo de julgamento, caso tivessem sua imagem ligada à de Gabeira.

Mas sinceramente, não sinto qualquer constrangimento em ter minha imagem vinculada à dele, pois respeito seu background político. Eu me sentiria incomodado se tivesse minha imagem vinculada à de homens descaradamente corruptos, e que sacrificassem sua consciência no altar das conveniências políticas.
Os votos do povo reinista (membros da REINA, igreja que presido), não foram negociados na surdina, como infelizmente tem sido feito por muitos líderes evangélicos reconhecidos. Em momento algum introduzimos Gabeira ou qualquer outro candidato no púlpito de nossa igreja, apresentando-o como uma espécie de Messias, como também tem sido feito com freqüência em alguns currais gospels.

Embora não apoie diretamente qualquer candidatura, confesso que tenho esperança de que uma eventual eleição de Gabeira resgate o sentimento de esperança em nossa população tão sofrida. Assim como devo confessar minha simpatia pela candidatura de Barack Obama nos EUA (Ainda que meus melhores amigos lá sejam confessadamente republicanos!).

Tanto Gabeira, quanto Obama são vítimas de nosso preconceito, por carregarem consigo um estigma. E isso é um dos motivos que fazem ter empatia por ambos. Por muitos anos nós, cristãos, temos sido vítimas de todo tipo de preconceito. Sabemos na pele o que é ser estigmatizado. Portanto, sejamos sábios e justos, e jamais julguemos precipitadamente quem quer que seja.
Lembremo-nos da parábola do Bom Samaritano: justamente aquele por quem os judeus nutriam todo tipo de preconceito, se aproximou do moribundo, e o socorreu, sem se importar com sua raça ou religião.

Oremos para que a vontade de Deus seja feita, e que nosso Rio de Janeiro viva dias melhores.

E quanto às eleições, fiquem tranqüilos para votar de acordo com a sua consciência, sem deixar que ninguém lhes diga o que fazer. Exerçamos cabalmente nossa cidadania.

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