quarta-feira, setembro 13, 2006

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Duas Árvores, duas Cosmovisões
Por Hermes C. Fernandes

Segundo o texto bíblico, dentre as árvores do Éden, duas sobressaíam: a Árvore da Vida e a do Conhecimento do Bem e do Mal. Apenas a segunda foi vetada ao homem. A Árvore da Vida é o próprio Cristo, que nos oferece uma visão integrada da vida. É a Vida em sua plenitude, sem rupturas, sem dualismo. Enquanto o homem se alimentasse de seus frutos, a eternidade lhe estaria garantida.

Já a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal lhe abriria os olhos para uma realidade dualista. Ao comer do seu fruto, o homem teve a sua consciência afetada, e passou a fazer uma nova leitura da realidade.

A natureza, antes aliada do homem, passou a ser encarada como hostil.

Se antes tudo era tido como sagrado, depois de ingerir o fruto do conhecimento do bem e do mal, tudo foi dividido entre “sagrado” e “profano”. A ruptura, porém, não era no mundo exterior, mas no interior do homem.

Surgia o dualismo, no lugar da dualidade. Céu e terra, em vez de serem dois lados de uma mesma realidade, passaram a ser entendidos como duas realidades distintas e excludentes. Eis a diferença entre dualismo e dualidade. A dualidade comporta duas faces de uma mesma realidade, e que se complementam. Enquanto o dualismo aponta a existência de duas realidades opostas.

De certa maneira, poderíamos dizer que não apenas o homem foi expulso do Paraíso. O Paraíso foi expulso do homem. A realidade harmônica na qual fora criado, tornou-se utopia. O Estado Eterno no qual vivia o homem, onde imperava a estabilidade, deu lugar à sucessão de conflitos que chamamos de História. O homem passou a viver em uma realidade ordenada pela lógica dialética. Caberia à consciência tentar produzir uma síntese de opostos, a fim que a realidade se tornasse compreensível. A harmonia tornou-se conflito, a ordem revelou-se como caos. Seus fantasmas interiores se projetavam diante dos seus olhos, assombrando-o dia e noite.

Jesus veio desfazer a obra do diabo, que é a personificação da Ruptura. Dia-bólico é tudo aquilo que divide, que antagoniza, que desarmoniza.

É o sangue de Cristo, derramado na Cruz, que purifica nossa consciência, e a restaura do estrago causado pela Queda. Uma vez restaurada, nossa consciência passa a perceber o mundo com outros olhos, e passamos a nos relacionar de maneira sadia com o ambiente do qual somos parte. O conflito dualista dá lugar à harmonia. O que se digladiava, passa a complementar-se. O profano dá lugar ao sagrado. Não há mais lugares mais santos do que outros, onde devamos adorar a Deus. Antes, é o coração santificado, e a consciência purificada, apaziguada e unificada que oferece o cenário onde o homem pode adorar a Deus “em espírito e em verdade”.

Cabe à Igreja de Cristo, que é a comunidade formada por aqueles cuja consciência foi reconciliada com Deus, agir no mundo para reduzir os conflitos, pacificando através das melhorias das condições de vida; da redução das desigualdades sociais, e da restauração da natureza. Enquanto trabalha, a Igreja conclama os homens a serem também reconciliados com Deus e com seus semelhantes.

2 comentários:

  1. Anônimo4:24 PM

    A cosmovisão produzida pela árvore do conhecimento do bem e do mal é uma cosmovisão dialética ad infinita regida pela tese antítese e síntese num processo cíclico interminável. A luta dos contrários não cessa no tempo Eterno. Não existe um ponto estável que permaneça na produção do conhecimento dialético.
    A árvore da vida acompanha o procedimento natural na reprodução de marcos fundados em bases de natureza Eterna. As verdades produzidas pela árvore da vida não modificam sua eficácia e não sede às revoluções rotativas das estações Universais. Os seus pilares são plásticos à limitada e distorcida percepção humana, mas, soldados a ferro e fogo e cravados no madeiro aos olhos fiéis da balança da "Realidade" Eterna.

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  2. A cosmovisão produzida pela árvore do conhecimento do bem e do mal é uma cosmovisão dialética ad infinita regida pela tese antítese e síntese num processo cíclico interminável. A luta dos contrários não cessa no tempo Eterno. Não existe um ponto estável que permaneça na produção do conhecimento dialético.
    A árvore da vida acompanha o procedimento natural na reprodução de marcos fundados em bases de natureza Eterna. As verdades produzidas pela árvore da vida não modificam sua eficácia e não sede às revoluções rotativas das estações Universais. Os seus pilares são plásticos à limitada e distorcida percepção humana, mas, soldados a ferro e fogo e cravados no madeiro aos olhos fiéis da balança da "Realidade" Eterna.

    PAIXÃO, Edson.

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