Por Hermes C. Fernandes
A morte de George Floyd pela polícia de Minneapolis desencadeou numa série de protestos que varreu os EUA. Carros e edifícios foram incendidos, barricadas erguidas e lojas saqueadas. A delegacia onde o policial trabalha foi totalmente destruída. Não é a primeira vez que a morte de um negro por um policial branco provoca comoção e revolta em todo o país. Mas desta vez, judeus, muçulmanos, latinos, asiáticos e brancos se uniram em protestos anti-racistas e contra a truculência policial que atinge as minorias.
Para completar o clima de hostilidade racial, milícias armadas de extrema-direita patrulham a cidade.
Igrejas se solidarizaram com os manifestantes, abrindo suas portas pra abrigá-los durante os ataques de gás lacrimogênio da polícia.
Enquanto isso, o presidente da maior potência do mundo ameaça encerrar o funcionamento das redes sociais ou regulamenta-las. Tudo porque recebeu um selo em sua postagens no Twitter que sugeria que continham inverdades.
Estamos na era do ódio e das fake news. Não se pode ser tolerante com a intolerância. Esta onda que varre o mundo, atentando contra minorias, promovendo calúnias e difamações, defendendo o armamento da população, tirando direitos conquistados a duras penas, precisa ser enfrentado por uma tsunami de protestos e solidariedade. Calar-se é ser conivente.
Toda vida importa.
Se tivéssemos tal consciência, a morte do menino João Pedro deflagraria uma onda de protestos semelhante a dos EUA. Mas ele era só mais um menino negro da periferia.
Enquanto nos calamos, cidadãos do bem, defensores da família tradicional e dos valores judaico-cristãos, se reúnem em manifestações por um governo que está pouco se lixando para a vida de seu povo.
Nosso povo não precisa ser armado como defende o presidente. Nosso povo precisa ser conscientizado.
Quem dera nossas igrejas se posicionassem pelas minorias exploradas e oprimidas em vez de se posicionarem cegamente por um governo que conspira contra sua própria gente.
* O menino que oferece seu canto solitário e solidário como protesto contra o genocídio do povo negro deve ter a mesma faixa etária de João Pedro que provavelmente também cantava na igreja em que congregava.
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