quinta-feira, março 02, 2017

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Lambuzados pela graça



Por Hermes C. Fernandes

Saul já havia sido reprovado por Deus. Seu reino estava com os dias contados. Tudo porque se atreveu a exercer algo para o qual não estava habilitado. Em vez de esperar por Samuel, o sacerdote-profeta, Saul resolveu oferecer sacrifícios a Deus por conta própria. Talvez por ter achado que como rei, tinha o direito de fazer o que lhe desse na gana. - Por quê me submeter à liderança de um profeta, se sou unanimidade entre o meu povo?

Por causa desta ousadia, teve que ouvir dos lábios do velho profeta: "Agora, porém, não subsistirá o teu reino; o Senhor já buscou para si um homem segundo o seu coração, e já lhe ordenou que seja príncipe sobre o seu povo, porque não guardaste o que o Senhor te ordenou" (1 Sm.13:14). Saul se tornara como uma árvore desarraigada, mas que ainda ostentava uma viçosidade passageira. Depois de ser rejeitado por Deus, ainda reinou por mais 38 anos em Israel. Davi, o homem segundo o Seu coração, escolhido por Deus para reinar em seu lugar, sequer havia nascido. Mesmo reprovado, logrou vencer várias batalhas.

Logo em seu segundo ano de reinado, Saul comprou briga com os filisteus. Os israelitas já estavam cansados da exploração que aquele povo lhe impunha. Sabendo que a qualquer momento Israel poderia se levantar contra eles, os filisteus mantiveram o monopólio da fabricação de espadas e de tudo o que fosse de ferro. Desarmados, não constituiriam problema maior. O texto diz que "em toda a terra de Israel não se achava nem um ferreiro, porque os filisteus tinham dito: Para que os hebreus não façam espada nem lança. Pelo que todo o Israel tinha que descer aos filisteus a fim de amolar cada um a sua relha, a sua enxada, o seu machado e a sua foice. O custo era de dois terços de siclo pelas relhas e enxadas, e de um terço de siclo par afiar machados e aguilhões. Assim, no dia da peleja não se achou espada nem lança na mão de todo o povo que estava com Saul e com Jônatas; só Saul e seu filho Jônatas as tinham" (1 Sm.13:19-22).

Vejo neste episódio, algo análogo ao que está acontecendo na educação em nosso país atualmente. A reforma proposta pelo governo tem como objetivo impedir a ascensão das classes mais baixas, como vinha ocorrendo nos últimos anos. Enquanto as escolas públicas terão que se submeter à nova grade escolar, privando os alunos de matérias que mais tarde lhes serão cobradas para que possam ter acesso ao ensino superior, as escolas privadas manterão a grade atual. Como disse certa vez Darcy Ribeiro, "a crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto." A lógica perversa que guia este projeto é a mesma que levava os filisteus a monopolizarem a fabricação de ferramentas e armas. A mesma que fez com que Faraó ordenasse a matança de todos os hebreus recém-nascidos, para que, em se multiplicando não se tornassem numa ameaça à classe dominante egípcia.  Sem acesso às armas, o que restaria aos hebreus para defender-se da exploração filisteia? Até para amolar suas ferramentas de cultivo, eles tinham que recorrer aos préstimos dos que os oprimiam.

Talvez por isso, mais tarde, Davi tenha desenvolvido a habilidade com a funda, uma arma artesanal que usava pedra como munição. Jônatas, filho de Saul, era seu herdeiro natural. Homem destemido, valente, e que não hesitava em tomar posição. Vendo que somente ele e seu pai dispunham de espadas, resolveu tomar pra si a responsabilidade, e partir sozinho contra uma guarnição filisteia, acompanhado apenas de seu escudeiro (14:1).

Não se pode cobrar de quem não tenha o recurso disponível para assumir uma responsabilidade. Porém, quem dispõe de recurso não tem o direito de se excusar. A quem muito é dado, muito é cobrado. Todo privilégio constitui-se também numa obrigação. 

Jônatas teria sido um grande monarca, se não houvesse compreendido que o homem escolhido por Deus para ocupar o trono era Davi, do qual se tornou o melhor amigo. Em posse de sua espada, e consciente de sua responsabilidade, "disse Jônatas ao seu escudeiro: Vem, passemos à guarnição destes incircuncisos. Porventura operará o Senhor por nós, porque para com o Senhor nenhum impedimento há de livrar com muitos ou com poucos"(v.6).

Deus não está condicionado às nossas limitações. Seja através de muitos ou de poucos, Ele fará o que Lhe apraz. A iniciativa tomada por Jônatas foi motivada pela fé e confiança que tinha no Deus de Israel. Seu escudeiro poderia ter amarelado, e dito: Tô fora! Não vou arriscar meu pescoço com você. Mas em vez disso, sua resposta demonstrou que ele estava no mesmo espírito e propósito de Jônatas: "Faze tudo o que te aprouver. Segue; estou contigo, a tua disposição será a minha"(v.7). É imprescindível que nos façamos acompanhar de pessoas com a mesma disposição e disponibilidade.

Quando se apresentaram ante à guarnição dos filisteus, foram ridicularizados. "Vede, os hebreus já estão saindo das cavernas em que se tinham escondido. Os homens da guarnição gritaram a Jônatas e ao seu escudeiro: Subi a nós, e vos daremos uma lição" (vv.11-12). Qual foi a reação deles diante do desprezo dos inimigos? "Disse Jônatas ao seu escudeiro: Sobe atrás de mim; o Senhor os entregou nas mãos de Israel" (v.12b). Sua confiança não estava em sua habilidade como guerreiro, mas em Deus. E mais: ele não fala por si, mas por Israel, seu povo. Se sua coragem nos soa surpreendente, mais ainda é a maneira como ele os venceu.
"Então subiu Jônatas de gatinhas, e o seu escudeiro atrás dele. Os filisteus caíram diante de Jônatas, e o seu escudeiro os matava atrás dele" (v.13).
Imagine que humilhação para aqueles vinte guerreiros filisteus serem vencidos por um homem engatinhando  Jônatas parecia uma bola de boliche derrubando os pinos, enquanto seu escudeiro liquidava a fatura. Embora tivesse uma espada, não foi nela que ele confiou, preferindo deixá-la a cargo de seu companheiro de batalha. Nossa confiança deve estar invariavelmente na graça capacitadora de Deus. Os recursos de que dispomos nos exigem uma postura de responsabilidade, porém, não devemos depender deles, mas d'Aquele que no-los confiou.

De repente o jogo virou. Os temíveis filisteus agora temiam por sua própria vida. "Houve tremor no arraial, no campo e em todo o povo; a guarnição e os saqueadores tremeram de medo. A terra também tremeu, e houve grande pânico" (v.15). Geralmente, quando um grande exército marchava, a terra parecia tremer sob os seus pés. Mas agora, era apenas um homem engatinhando... Mas um homem cuja confiança estava em Deus e não em si mesmo. Tanto que sequer chegou a usar sua espada, repassando-a ao seu escudeiro. Sua arma foram os joelhos.

De longe, Saul percebeu que algo estava acontecendo. Que tumulto era aquele?
"Olharam as sentinelas de Saul em Gibeá de Benjamim, e viram que a multidão se dissolvia, fugindo para cá e para lá. Disse então Saul ao povo que estava com ele: Ora, contai e vede quem é que saiu dentre nós. Contaram, e viram que nem Jônatas nem o seu escudeiro estavam ali" (vv.16-17).
Confuso, sem saber ao certo o que fazer, Saul manda trazer a Arca da Aliança, mas antes que o Sacerdote consultasse a Deus, "o alvoroço que havia no arraial dos filisteus crescia mais e mais, pelo que disse Saul ao Sacerdote: Retira a mão" (v.19). Era como se Saul dissesse ao sacerdote: Deixa pra lá! Não há tempo a perder consultando o Senhor.
"Então Saul e todo o povo que estava com ele se ajuntaram, e vieram à peleja. Encontraram os filisteus em grande tumulto, uns lutando contra os outros" (v.20).
Não havia qualquer necessidade de que Saul se envolvesse naquela batalha. Era Deus quem estava pelejando por Israel, mesmo estando descontente com o seu rei. Vendo a vitória que Jônatas obtinha sobre os filisteus, os hebreus que já haviam se aliado aos inimigos tomaram coragem e trocaram de lado, juntando-se novamente às fileiras de Israel. Aqueles que estavam escondidos nas cavernas da região montanhosa, também se encorajaram e perseguiram de perto os filisteus que fugiam (vv.21-22). E assim, "o Senhor livrou a Israel naquele dia" (v.23). Tudo porque aquele que tinha a espada tomou pra si a responsabilidade e agiu. Numa só tacada, Jônatas conseguiu o que o seu pai jamais conseguira: Unir Israel.

Líder não é quem manda, quem dá ordens, mas quem inspira, desafia e encoraja. Não é quem tem a coroa na cabeça, mas quem tem a espada na mão. Não é quem assiste à batalha de camarote, do alto de seu trono inatingível, mas quem sai à frente dos seus soldados. Tomando uma analogia dos desfiles de Carnaval, líder é como a comissão de frente, sendo os primeiros a serem avaliados por seu desempenho.

Após aquela memorável batalha, "os homens de Israel estavam exaustos" (v.24). E não bastasse o cansaço, estavam famintos e proibidos de comer. Tudo porque "Saul conjurara o povo, dizendo: Maldito o homem que comer pão antes da tarde, antes que eu me vingue de meus inimigos. Pelo que todo o povo se absteve de provar pão" (v.24). Que diferença gritante entre Saul e seu filho Jônatas. Enquanto Jônatas falava por Israel, Saul falava por si mesmo. Para ele, a guerra era algo pessoal. Era sua honra que estava em jogo, e não a glória do Deus de Israel. Por causa disso, todos deveriam jejuar. Repare: Jônatas toma pra si a responsabilidade de uma batalha em que o bem de seu povo e a glória do seu Deus estavam em jogo. Saul toma para si a ofensa, e lança sobre os ombros do seu povo a obrigação de jejuar. Saul era chefe, Jônatas era líder. 

Ninguém se atrevia a comer naquele dia. Se Saul soubesse de alguém que lhe houvesse desobedecido a ordem, certamente o mataria. Todos o temiam e por isso o obedeciam cegamente.

O verdadeiro líder é quem não necessita usar do artifício da recompensa nem da punição para ser seguido. As pessoas o seguem porque se inspiram em seu exemplo. O texto diz que "todo o povo chegou a um bosque, onde havia mel à flor da terra. Chegando o povo ao bosque, viram o mel que corria, mas ninguém chegou a mão à boca, porque o povo temia a conjuração. Jônatas, porém, não tinha ouvido quando seu pai conjurara o povo, e estendeu a ponta da vara que tinha não, e a molhou no favo de mel. Levando a mão à boca, aclararam-se-lhe os olhos" (vv.25-27).

Quantas coisas são feitas na mais pura ingenuidade? Esta santa ingenuidade parece incomodar a muitos. Daí se levantam os profetas agoureiros, com suas palavras intimidadoras, enxergando maldade onde não há maldade. Muitos pastores mantém seu povo à rédeas curtas, não por zelo para com a santidade de Deus, mas simplesmente pelo prazer de controlar as pessoas. E infelizmente é esta mesma ingenuidade que as leva a se submeterem a tais energúmenos. Paulo os denuncia, exortando-nos:
“Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo (...) Se estais mortos com Cristo quando aos rudimentos do mundo, por que vos sujeitais ainda a ordenanças, como se vivêsseis no mundo, como: não toques, não proves, não manuseies? Todas estas coisas estão fadadas ao desaparecimento pelo uso, porque são baseadas em preceitos e ensinamentos dos homens” (Cl.2:8,20-22).
Em algumas comunidades, as Escrituras são usadas apenas para respaldar todo tipo de manipulação e abuso de poder. No fundo, o que está em jogo é tão-somente a autoridade pastoral, e não a verdade da Palavra. Não se pode ouvir música secular, ir à praia, frequentar festas de incrédulos, levar os filhos ao cinema, e por aí vai... Há líderes que acham que têm ingerência até na vida conjugal de seus fiéis. 

Quando Jônatas levou o mel à boca, seus olhos aclaram-se. Por quê? Porque estava exaurido, precisando da energia que o mel poderia lhe fornecer. Imediatamente vieram as censuras.

- O que você está fazendo? Você acaba de desafiar a autoridade do seu pai!

Pelo que Jônatas lhes respondeu:
“Meu pai turbou a terra. Vede como se me aclararam os olhos por ter provado um pouco deste mel. Quanto mais se o povo hoje tivesse comido livremente do despojo, que achou de seus inimigos. Não teria sido maior a derrota dos filisteus?” (v.29).
Há quem não se atreva a questionar qualquer que seja a atitude de seu líder, temendo incorrer no horrendo pecado de tocar no ungido do Senhor. Jônatas não tocou na unção de seu pai, mas apenas discordou de sua precipitação ao proibir que seus soldados comessem. Ao comer do mel, o príncipe de Israel foi comedido. Mesmo faminto, não quis expor-se aos olhos dos seus soldados. Porém, quando o povo percebeu que aquele gesto lhes abria um precedente, não esperou mais.
“O povo lançou-se ao despojo e, tomando ovelhas, bois e bezerros, degolaram-nos no chão, e os comeram com sangue” (v.32).
Enquanto um foi comedido, os demais se lambuzaram. Este é o efeito colateral do legalismo. Já diz o adágio: Quem nunca comeu melado quando come se lambuza. Proibição gera compulsão. É como esticar o elástico e, de repente, soltá-lo. Quando os líderes vêem as pessoas abusando da liberdade que lhes é conferida pela graça, usam isso como pretexto para mantê-las em cativeiro.

Paulo é claro: “Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis, porém, a liberdade para dar ocasião à carne” (Gl.5:13a). O povo faminto não teve noção do que estava fazendo. Comeu a carne sem extrair o sangue, conforme ordenava a Lei. Entra, então, em cena, os fofoqueiros de plantão.
“Então o anunciaram a Saul: Vê, o povo peca contra o Senhor, comendo carne com sangue. Disse ele: Procedestes deslealmente. Revolvei-me para aqui hoje uma grande pedra. Disse mais Saul: Espalhai-vos entre o povo, e dizei-lhes: Trazei-me aqui cada um o seu boi, e cada um a sua ovelha, e degolai-os aqui, e comei. Não pequeis contra o Senhor, comendo com sangue” (1 Sm.14:33-34a).
Pronto, a situação parecia remediada. O controle voltara para as mãos de Saul. Já que não havia como impedir que o povo se alimentasse, então, que o fizesse na sua frente. Esta tem sido a linha de raciocínio de muitos líderes. Já que não se pode impedir que as pessoas tenham vida social, então, que a tenham na igreja, aos olhos de seus pastores, para que não cometam abuso. Daí surgem os blocos carnavalescos evangélicos, as night gospel, e similares, que nada mais são do que uma maneira de manter o controle. Foi este raciocínio que originou a subcultura evangélica, com suas imitações grotescas de tudo o que acontece lá fora. Antes que nossos jovens se desviem para os bailes funk, vamos criar um baile funk gospel, e assim, os manteremos sob controle. Ora, o estilo de liderança bíblico dispensa qualquer tipo de controle. As pessoas têm que aprender a lidar com a liberdade que a graça lhes confere, sem cometer lambanças. Em vez de controle, o caminho é a conscientização.

Saul aproveitou o momento em que o povo se esbaldava na comilança, e edificou “um altar ao Senhor; este foi o primeiro altar que ele edificou ao Senhor” (v. 35). Talvez quisesse conferir um aspecto mais espiritual ao que estava acontecendo. É como querer transformar um baile funk num culto de adoração. A turma se esbalda, se lambuza na sensualidade, mas depois, a gente lê a Bíblia, faz um apelo, e se porventura alguém se ‘converter’, pronto, está tudo justificado. É sinal de que Deus aprovou a estratégia.

Agora que todos estavam alimentados, Saul imaginou que seria uma ótima oportunidade de voltar para o campo de batalha. Só que desta vez, o protagonista seria ele, e não Jônatas. Enquanto o povo arrotava carne, Saul propôs: “Desçamos de noite atrás dos filisteus, e despojemo-los, até o amanhecer, e não deixemos de resto um homem sequer deles. Responderam: Faze tudo o que bem te parecer. Disse, porém, o sacerdote: Consultemos aqui a Deus. Então Saul perguntou a Deus: Descerei atrás dos filisteus? Entregá-los-á nas mãos de Israel? Porém naquele dia Deus não lhe respondeu” (vv.36-37). Quem mandou aquele sacerdote se meter onde não era chamado? Pra não ficar mal na fita, Saul concordou em consultar ao Senhor, porém este não o respondeu. Meio sem-graça, Saul diz: “Chegai-vos para aqui, todos os chefes do povo, e informai-vos, e vede qual o pecado que hoje se cometeu. Tão certo como vive o Senhor que salva a Israel, ainda que esteja em meu filho Jônatas, será morto. Porém ninguém de todo o povo lhe respondeu” (vv.38-39).

Se você voltar ao início do meu texto, verá que Saul já havia sido rejeitado por Deus para ser rei em Israel. Se havia ali alguém em pecado, este alguém era o próprio Saul. Depois de lançada sorte entre sua casa (representada por ele e seu filho) e o resto do povo, chegou-se à conclusão que a culpa estava em um dos dois. Por fim, acabou sobrando pra Jônatas.

- Ufa! Escapei por pouco. Deve ter imaginado o rei.

Se as coisas não vão bem, achamos que alguém deve ser o culpado. Qualquer um, menos nós. Se as coisas vão bem, queremos os créditos só para nós. Se estão ruins, buscamos um bode expiatório. Ninguém aceitar arcar com a responsabilidade de um eventual fracasso. Mas de quê fracasso estamos falando aqui? Israel acabara de experimentar uma vitória contra os filisteus. Aquele que fora responsável pela vitória, agora era tido por culpado, pelo fato de Deus não responder a uma consulta do rei. Que estranho isso, não? Como Saul conseguiu manipular o jogo!
“Disse então Saul a Jônatas: Declara-me o que fizeste. E Jônatas lhe disse: Tão-somente provei um pouco de mel com a ponta da vara que tinha na mão. E agora devo morrer?” (v.43). 
Suspense... Saul está tenso... nunca se vira numa saia justa daquelas... Disse Saul: “Assim me faça Deus, e outro tanto, que com certeza morrerás, Jônatas”(v.44). A vida do filho lhe valia menos que sua reputação.

- Alguém terá que arcar com isso, e este alguém definitivamente não sou eu! Imaginou o rei.

Há pessoas que para preservar sua reputação são capazes de sacrificar amizades de anos, casamento, e até os filhos. Tudo vai pro lixo, mas sua imagem tem que ser mantida imaculada. Era hora do povo corresponder com gratidão ao livramento que Deus lhes dera por intermédio de Jônatas.
“Porém, o povo disse a Saul: Morrerá Jônatas, que operou tão grande salvação em Israel? Tal não suceda. Tão certo como vive o Senhor, não lhe há de cair no chão um só cabelo da sua cabeça, pois com Deus fez isso hoje. Assim o povo livrou a Jônatas, para que não morresse” (v.45).
Neste caso em particular, a voz do povo foi a voz de Deus. Não se podia permitir que um herói fosse tido por vilão de uma hora pra outra, só porque o rei não obtinha resposta de Deus. Caso Jônatas houvesse sido executado, Saul se tornaria num tirano, carregando consigo para sempre a mácula da injustiça.

Que Deus conceda igual sabedoria ao Seu povo hoje para distinguir os verdadeiros vilões, que seduzem o povo com seu carisma, enquanto os usa para atingir seus sórdidos objetivos.

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