quarta-feira, março 02, 2016

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Rastros da Graça nos Mamonas Assassinas



Por Hermes C. Fernandes

Hoje completa vinte anos desde que aqueles cinco rapazes debochados deixaram este mundo num trágico acidente aéreo na Serra da Cantareira, interrompendo um meteórico e estrondoso sucesso que durou sete meses e que foi responsável pela venda de mais de dois milhões de discos. Os meninos de Guarulhos eram onipresentes em programas de auditório. Era raro um domingo em que não apareciam até simultaneamente em canais concorrentes.

À época, eu cursava Psicologia na Universidade Gama Filho, e cego em minha religiosidade, não conseguia entender a razão da unanimidade que a banda alcançou entre os colegas universitários. Aos poucos, fui percebendo que por trás das performances espalhafatosas e das letras repletas de duplo sentido, havia algo que contagiava a todos: alegria.

Naquele fatídico dia, tive uma noite insone provocada por uma tristeza inexplicável. Ao tomar conhecimento da tragédia, senti um pesar semelhante ao que tive com a morte de Ayrton Senna. O Brasil chorou.

Alguns pregadores consagrados espalharam em seus sermões e programas radiofônicos e televisivos que Deus havia julgado os integrantes da banda por ensinarem nossas crianças a falarem palavrão. Quanta insensibilidade! Eles simplesmente cantavam o que todos já tinham o costume de falar. Puseram melodia em nossas piadas picantes. E por incrível que pareça, ouvindo dos lábios deles, aquilo soava ingênuo. As crianças cantavam sem ao menos perceber a 'maldade' por trás das frases. E, sinceramente, em comparação ao que era cantado por grupos como É o tchan, suas canções eram inofensivas.

Os Mamonas não deixaram só saudade, mas também uma lacuna que jamais foi preenchida.

Quando comentei os 20 anos de sua morte, um amigo do facebook insinuou em tom de brincadeira que sentia cheiro de "rastros da graça" com as músicas do Mamonas. Não sei se cantaria na igreja algumas das canções que mais fizeram sucesso, porém, não faz muito tempo que durante um luau que promovemos com a juventude na praia de Copacabana, os jovens puxaram algumas delas e ninguém recriminou. Só vê maldade, quem tem maldade instalada em sua alma. Se os olhos e os ouvidos forem bons, ninguém fica da cor daquela brasília ao ouvir suas músicas.

E pra quem acha que os rapazes só cantavam bobagens, confira as canções abaixo:






E o sucesso "Chopis Centis":

Um comentário:

  1. Anônimo8:40 AM

    Hermes presta atenção meu caro no que fala.
    As letras desse conjunto aí era totalmente sem noção, como o robô cop gay uma discriminando com deboche aos homossexuais, outras letras que é um rastro de bosta, roda vira, roda vem já me passaram a mão na bunda e não comi ninguém que é fezes e vai por aí, e vc diz que é normal isso?
    Tenha paciência Hermes, não sejais hipócrita no que fala meu caro.
    E o pior que o vocalista dos Mamonas assassinas o Dinho era crente desviado, deu o que deu.

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