Por Hermes C. Fernandes
Sempre que se aproxima o fim de mais um ano, proponho em
meu coração que me empenharei ao máximo para que no novo ano que estar por
nascer eu tenha cada vez menos motivos para me arrepender.
Sim, eu sei que as Escrituras nos exortam ao
arrependimento constante (e aqui, não me refiro ao arrependimento simplesmente
como metanoia, expansão de
consciência, mas à tristeza que sentimos pelos erros cometidos, seguida pela
determinação em não mais cometê-los). Todavia, se eu buscar errar menos, terei
menos motivo de me arrepender, não é verdade? Não deveria ser este o nosso
propósito, errar menos?
Geralmente, destacamos dois grandes motivos pelos quais
devemos nos arrepender: pelo mal que fizemos e pela oportunidade de fazer o bem
que desprezamos. Dizem que os piores
arrependimentos são justamente por aquilo que poderíamos ter feito, mas não o
fizemos. Ambos os arrependimentos são legítimos e plenamente compreensíveis.
Todos conhecemos e já usamos alguma vez a expressão “se
arrependimento matasse, eu já estava morto”, o que parece contrastar com a
verdade bíblica de que Deus nos concede “arrependimento
para a vida” (Atos 11:18) e de que “a
tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação” (2 Coríntios
7:10). Porém, há um tipo de arrependimento que, de fato, pode nos levar à
morte, ainda que espiritual. Trata-se, na verdade, de um arrependimento que chega
a ser ofensivo a Deus. Mas por incrível que pareça, é justamente este
arrependimento que nos ocorre com maior frequência (ainda que não admitamos!).
Em Jeremias 34, a partir do verso 8, lemos que Deus havia
feito um pacto com o Seu povo em Jerusalém através do rei Zedequias, exigindo
que todos os escravos recebessem alforria.
Ninguém mais poderia se servir de seu próximo como escravo.
Imediatamente, todos os príncipes e o povo em geral concordaram com os termos
do pacto e libertaram seus escravos. Finalmente, uma mazela social que acompanhava
a nação judaica desde sua formação estava com os dias contados. Judá seria a primeira nação a abolir a
escravidão, servindo como modelo para todas as nações da terra.
Pode imaginar o sorriso no rosto de Deus?
O Criador de todas as coisas deu-lhes uma ordem, e eles,
sem questionar, obedeceram... “mas depois
se arrependeram, e fizeram voltar os escravos e as escravas que haviam
libertado, e tornaram a escraviza-los” (v.11).
Como assim? Se arrependeram de haver obedecido a Deus? É
isso mesmo? Como é possível isso?
Este é o tipo de arrependimento que mata, pois nos afasta
da fonte da vida, na medida em que nos desconverte, isto é, nos converte de
volta a nós mesmos.
Toda conversão é resultado de arrependimento. Se há um
arrependimento que nos leva de volta à fonte, há outro que nos aliena,
provocando-nos uma conversão inversa.
Ninguém se arrepende de um bem que faz quando este lhe
proporciona um bem ainda maior, principalmente se for imediatamente. A gente
até se dispõe a obedecer, desde que esta obediência nos gere dividendos. Que benefício imediato adviria da libertação dos escravos?
Nenhum! Pelo contrário, só prejuízo.
Sem os escravos a seu serviço, eles teriam que contratar
mão-de-obra paga, ou arregaçar as mangas e trabalhar.
Triste constatar que as pessoas só fazem o bem que lhes
traga vantagem. Por isso, pregadores se veem obrigados a prometer mundos e
fundos, céu e terra, àqueles que se disponham a se submeter às regras. Para contribuir com as obras da igreja, seja
através de dízimos ou ofertas, precisam de garantias de que serão abençoados.
Sem que tenham vantagem, não movem uma palha. Ninguém faz nada exclusivamente
por amor. Quão distantes estamos de Deus, não?
O trabalho dos pregadores é convencer a seus respectivos
rebanhos das vantagens obtidas por se fazer o bem. Antes, as pessoas se contentavam com promessas
que só seriam cumpridas na vida após a morte. Agora, não mais. Se o resultado
de se fazer o bem não for imediato, não tem negócio!
Abolir a escravidão seria uma revolução que, antes de
tudo, promoveria o bem dos próprios escravos. De início, os que se achavam seus
donos só teriam prejuízo. Por isso, se arrependeram. Enquanto eram exortados
por Zedequias e pelos profetas levantados por Deus, na emoção do momento, todos
toparam sem titubear. Mas quando a ficha caiu, deram para trás.
Jamais se arrependa de um bem que você faça, ainda que
não resulte em qualquer benefício pessoal, nem mesmo num gesto de
reconhecimento e gratidão. Às vezes,
fazer o que é certo lhe trará muita dor de cabeça, prejuízo e ingratidão. Ainda
assim, posso lhe garantir que terá valido a pena. Nada é mais gratificante do
que saber que um gesto foi capaz de extrair um sorriso da face de Deus. E isso
geralmente acontece quando tal gesto produz o bem de outros para além de nós mesmos.
Será que Jesus, o único que jamais pecou, alguma vez se arrependeu? Teria Ele se arrependido de haver escolhido Judas como um dos Seus apóstolos? Estou convencido de que não, mesmo levando em conta a traição de que fora vítima.
Será que Jesus, o único que jamais pecou, alguma vez se arrependeu? Teria Ele se arrependido de haver escolhido Judas como um dos Seus apóstolos? Estou convencido de que não, mesmo levando em conta a traição de que fora vítima.
Dentre os textos atribuídos a Madre Teresa de Calcutá,
nenhum me emociona mais do que o que nos admoesta a fazer o bem, ainda que nos
custe caro.
Entre você e Deus
Muitas vezes, as pessoas são egocêntricas, ilógicas e
insensatas.
Perdoe-as, assim mesmo.
Perdoe-as, assim mesmo.
Se você é gentil, as pessoas podem acusá-lo de egoísta,
interesseiro.
Seja gentil, assim mesmo.
Seja gentil, assim mesmo.
Se você é um vencedor, terá alguns falsos amigos e inimigos
verdadeiros.
Vença, assim mesmo.
Vença, assim mesmo.
Se você é honesto e franco, as pessoas podem enganá-lo.
Seja honesto e franco, assim mesmo.
Seja honesto e franco, assim mesmo.
Se você tem paz e é feliz, as pessoas podem sentir inveja.
Seja feliz, assim mesmo.
Seja feliz, assim mesmo.
O bem que você faz hoje pode ser esquecido amanhã.
Faça o bem, assim mesmo.
Faça o bem, assim mesmo.
Dê ao mundo o melhor de você, mas isso pode nunca ser o
bastante,
Dê o melhor de você, assim mesmo.
Dê o melhor de você, assim mesmo.
Veja você que, no final das contas é entre você e Deus e não
entre você e os homens.
Portanto, ao fazer um eventual balanço existencial em
mais um fim de ano, não se arrependa de haver doado, amado, perdoado, acolhido,
pois o bem que fazemos durante o tempo de nossa vida terrena, ecoa por toda a
eternidade. E lembre-se: a recompensa de quem ama é o bem de quem é amado.
"E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem." 2 Tessalonicenses 3:13
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"E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem." 2 Tessalonicenses 3:13
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Showwwwwww!
ResponderExcluirQue isso ? que isso ? que isso mano muito bom.
ResponderExcluirQue isso ? que isso ? que isso mano muito bom.
ResponderExcluirEsse texto fará parte da minha meditação . Muito bom ! Alimento e vitamina para a alma!
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