Por Hermes C. Fernandes
O mundo religioso assistiu estatelado
a mais uma edição da Marcha das Vadias. Além dos seios desnudos, o que mais
chamou a atenção da opinião pública foi o uso irreverente de símbolos
religiosos protagonizado por alguns participantes. Imagens foram quebradas.
Crucifixos usados como tapa-sexo. Talvez,
se acontecesse em outra data e lugar, não teria despertado tanta
revolta. Mas o cenário e o momento escolhidos foram os mesmos onde acontecia a
Jornada Mundial da Juventude com a presença do líder da maior religião do
planeta.
Como líder de uma comunidade
cristã, devo manifestar minha repulsa por qualquer sinal de intolerância
religiosa. Todavia, minha consciência me impõe analisar tais protestos sob
outros ângulos.
A Marcha das Vadias (em inglês: SlutWalk) é um movimento que surgiu a partir de um
protesto realizado no dia 3 de abril de 2011 em Toronto, no Canadá, em reação aos diversos casos de abuso sexual ocorridos na
Universidade de Toronto em janeiro do mesmo ano. O estopim que deflagrou a onda
de protestos foi a sugestão do policial Michael Sanguinetti que “as mulheres
evitassem se vestir como vadias, para não serem vítimas”. Ficou subentendido
que as mulheres eram culpadas por serem estupradas. O primeiro protesto levou
três mil pessoas às ruas de Toronto, e desde então se espalhou pelo mundo afora.
A primeira Marcha das Vadias no Brasil
ocorreu em São Paulo, em 4
de junho de 2011, organizada pela publicitária
curitibana Madô Lopez, e a escritora paraguaia Solange De-Ré. Apesar de mais de
6 mil pessoas terem confirmado presença através das redes sociais, somente
cerca de trezentas pessoas. No entanto, diferentemente das versões em outros
países, somente cerca de 300 pessoas atenderam à convocação. A última edição da
marcha anterior à visita do papa Francisco ao Brasil aconteceu no dia 21 de
junho de 2013, reunindo mais de três mil pessoas.
A Marcha das Vadias protesta contra a
crença de que as mulheres que são vítimas de estupro teriam provocado a violência por um comportamento
supostamente libidinoso. Como reação à tal crença comuns entre muitos homens, muitas
mulheres saem às ruas usando roupas consideradas provocantes, como blusinhas transparentes, lingerie, minissaias, salto
alto ou apenas sutiã ou até com os seios desnudos.
Para a antropóloga Julia Zamboni, o movimento é feito por feministas que buscam a igualdade de gênero. "Ser chamada de
vadia é uma condição machista. Os homens dizem que a gente é vadia
quando dizemos sim para eles e também quando dizemos não", afirmou. "A gente é vadia porque a
gente é livre", destacou.
No Brasil, a marcha também chama atenção
para o crescente número de estupros ocorridos no país, onde, segundo estatísticas,
cerca de quinze mil mulheres são estupradas anualmente. A violência doméstica e
o turismo sexual também são denunciados com veemência. Portanto, a motivação original da marcha é
legítima e deveria contar com a solidariedade de toda a sociedade.
Entretanto, como cristãos, sentimo-nos
ofendidos com a nudez expostas nas marchas, ao passo que perdemos de vista o
objetivo delas. Deveríamos nos sentir muito mais ofendidos por aquilo que marcha pretende denunciar. Mas preferimos alinhar-nos com os opressores, com os que exibem um
discurso machista que por séculos vitimou a mulher, relegando-a ao papel de
objeto sexual ou de escrava doméstica.
Em reação a isso, grupos feministas que
engrossam as fileiras da marcha resolveram dar o troco, denunciando a
promiscuidade envolvendo setores religiosos com os poderes opressores da
sociedade.
Triste perceber que símbolos tão caros à fé
da maioria da população brasileira foram desrespeitados por serem associados a
todo tipo de preconceitos que se impõe contra a mulher. Em vez de simplesmente censurá-las, por que
não fazemos mea culpa? Por que não
admitimos que temos lutado na trincheira dos opressores, enquanto Jesus sempre
se manteve ao lado dos oprimidos?
Não quero dizer que devemos nos alinhar a
todas as reivindicações feitas nas marchas, mas ao menos deveríamos demonstrar alguma
empatia, já que, historicamente, sofremos na pele todo tipo de discriminação.
Nenhum credo elevou tanto a mulher quanto o
evangelho anunciado por Jesus. Ele mesmo não tinha qualquer pudor em se fazer
acompanhar pelas consideradas vadias de sua época. Provavelmente deve ter
causado muito mal estar nas elites religiosas ao declarar-lhes: “Em verdade vos digo que os publicanos e
as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus” (Mt.21:31). Apesar de sabermos disso, preferimos nos
posicionar ao lado de fariseus como Simão que descaradamente censurou a “vadia”
que entrou em sua casa sem pedir licença e derramou sobre Jesus o mais precioso
perfume.
Repito: não apoio qualquer tipo de
sacrilégio cometido contra símbolos religiosos, assim como não apoio vandalismo
ocorridos nas manifestações recentes em todo o Brasil.
Porém, não me vejo em condição de recriminá-las
por sua reação exacerbada. Solidarizo-me com o sofrimento de mulheres que
poderiam ser minhas irmãs, filhas, mãe ou esposa. E ainda que me sentisse
ofendido, aprendi com Jesus a ser um promotor da paz e não um provocador de
rixas. Caso contrário, não poderia orar: "Perdoai as nossas ofensas, assim como temos perdoado os nossos ofensores".
Totalmente subversivo. Contudo, os fariseus do nosso tempo, não entenderão. Deus abençoe!
ResponderExcluirEntender é muito diferente de aceitar. Tenho como certo que Jesus muitas vezes deve ter se assentado com as quengas, mas duvido que ficasse conversando sacanagem. Entender os motivos não é justificativa. Quando os muçulmanos matam os cristãos no oriente que devemos fazer, entender seus motivos ou nos posicionarmos contra? Para tudo há e sempre haverá explicação. Mas não é motivop pra tolerância. A postura do crente não deve ser diferente da do seu mestre. Não taco pedras, mas digo vá e não peques mais. Devemos dizer, "Cara, sei o pq disso e entendo, mas não é asim que se resolvem as coisas.
ResponderExcluirSó te digo uma coisa caro Hermes:
ResponderExcluirContinue assim!!!!!!!!!!
Não elogio o que eles fizeram, mas sabe o que eu acho interessante? Diante de um fato como esse, chamamos os objetos de culto católico de "símbolos religiosos". Na hora de pregar contra o culto aos mesmos, chamamos de idolatria, de imagens de escultura (há uns que chamam de demônios), pregamos que é um erro prestar culto às imagens de santos, é errado o uso de crucifixo com a imagem de Jesus crucificado, etc, etc. Sim, a Bíblia condena isso! Porém, o diabo está de artimanha para mexer com a nossa emoção e fazer-nos abrir mão da verdade da Palavra de Deus. Não é á toa que eu tenho visto muitos evangélicos se calando e caindo no ecumenismo. Acho que vocês entenderam onde é que eu quero chegar...
ResponderExcluirHermes, sem comentários esta barbaridade de texto péssimo!
ResponderExcluirAgora será que vc poderia mencionar ou propor a marcha dos vadios, vagabundos, bandidos, pois eles merecem também esta passeata.
Não eles não vão quebrar nada, pois jamis eles fazem isto, apenas vão roubar tudo que passar em sua frente, por fogo em loja, e de quebra assaltam e matam alguém .
Fala sério Ó!
Este país o tal de brasil, virou um país de putaria sem comando de governos, está uma zorra total.