Homofobia é pecado e pode virar crime

Por Hermes C. Fernandes

Hoje a Comissão de Direitos Humanos e Minoria está votando o PF 6418/2005 que propõe a criminalização da homofobia. O que significa que o que já é pecado, poderá tornar-se crime. Ou será que alguém seria capaz de afirmar o contrário? 

Cada vez que direitos são assegurados, deveríamos comemorar. Infelizmente não é assim que alguns irmãos enxergam a questão.  Para os tais, ser contra a homofobia é o mesmo que ser favorável à prática homossexual.

Ora, se tal prática é pecaminosa, o preconceito também o é. Não podemos coar mosquitos e ficar engasgados com camelos.

Acredito que homens como Martin Luther King, Jr., se estivessem aqui, se posicionariam em favor do direito.  Prefiro cerrar fileiras com os que defendem o direito, a coligar-me com os que considero a versão cristã dos xiitas muçulmanos, os quais chamo carinhosamente de crentes chaatos, com dois “a”.  Estes são severos com os outros, mas complacentes consigo mesmos.

Para estes, ser favorável ao direito da prostituta é o mesmo que ser a favor da prostituição. Falta-lhes o discernimento.

Imagine se o pai do filho pródigo negasse a parte da herança que lhe foi reivindicada. Mesmo sabendo que o filho a desperdiçaria com prostitutas, o pai lhe atendeu a reivindicação.  Aqui está o espírito do Evangelho: Viva e deixe viver.  Nosso trabalho como igreja não é privar-lhes de seus direitos ou reivindicações, mas de manter-nos de braços abertos para recebê-los. Em vez de dedos a riste, eles deveriam encontrar em nós mãos estendidas.

Se não queremos ser tratados com desrespeito, devemos igualmente respeitar os que pensam diferente de nós. Que haja discordância, mas não intolerância. Diálogo, não bate-boca. 

Creio que devemos participar da discussão sobre este e qualquer outro projeto de Lei. Há pontos que precisam ser revistos, sob pena de colocar-se em risco a liberdade de expressão ou outros direitos tão caros assegurados pela Constituição. O que não podemos é nos entrincheirarmos contra os gays ou qualquer outro segmento da sociedade, elegendo-os como nossos inimigos.

Sei dos riscos que corro ao colocar-me nesta posição. Sei que portas poderão fechar-se para mim. Poderei sofrer retaliações (e na verdade, já as tenho sofrido). Mas não posso ser conivente com o erro. Prefiro ser uma voz profética e solitária  no deserto, a ser aclamado em congressos e eventos violando a minha consciência. Prefiro defender o direito das minorias, dos excluídos, dos marginalizados, a posicionar-me ao lado dos poderosos, dos guardiões do status quo. 

* A propósito, sou responsável por tudo que escrevo. Favor não tentar atacar a igreja a que sirvo, nem a qualquer outra organização a que presto alguma contribuição, quer em debates, ou serviços sociais, etc. É de muito mal tom, e revela total falta de caráter.