sábado, setembro 17, 2016

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Eleições chegando: Com o futuro não se brinca!



Por Hermes C. Fernandes

Mais uma eleição se avizinha e duas opiniões antagônicas e radicais têm sido adotadas por muitos cristãos.  Dois extremos que precisam ser evitados para que a igreja não caia no fosso entre a alienação e o comprometimento.

De um lado estão os que se envolvem no processo, apoiando candidatos indicados pela liderança da igreja. Qualquer que ouse questionar é reputado por rebelde.

Do outro lado estão os que defendem o distanciamento da igreja do processo político eleitoral.

Há que se buscar o ponto de equilíbrio. A igreja, enquanto instituição, deve manter-se isenta, permitindo que seus membros exerçam cabalmente sua cidadania. Porém isso não lhe tira a responsabilidade de orientá-los quanto ao uso consciente do direito de votar.

Não confundamos isenção com alienação, nem engajamento com comprometimento.

Uma igreja pode engajar-se no processo de conscientização, desempenhando o papel de agente politizador. Mas jamais deve comprometer-se com qualquer que seja a ideologia, partido ou candidatura, sob pena do prejuízo de seu papel profético.

Cada membro deve ser estimulado a pensar por si mesmo, e fazer suas próprias escolhas. Portanto, a função da igreja é pedagógica, não ideológica.

A despeito disso, um número cada vez mais expressivo de cristãos tem se engajado em campanhas políticas. Uns até movidos por ideais (ainda que ingenuamente), outros por interesses pessoais.

Aproveitando-se disso, candidatos ávidos pelos votos dos fiéis assediam sistematicamente as igrejas durante a época de eleições.

O que para alguns líderes pode ser traduzido como provisão de Deus em tempo de crise, para outros menos ingênuos, tal assédio revela o caráter oportunista e desonesto de nossa classe política, e por isso, deve ser rechaçado.

Para fazer a ponte entre pastores e políticos surge a figura do pulpiteiro, geralmente alguém pertencente ao meio evangélico ou egresso dele, e que domina o evangeliquês. Num País de 46 milhões de evangélicos, o pulpiteiro pode pesar mais para uma candidatura do que o marketeiro profissional.

Mesmo alguns líderes tidos como referência ética no meio, acabam cedendo ao assédio do pulpiteiro. A lógica é simples: se a maioria se beneficia disso, por que ficar de fora? Que mal haveria em aceitar uma oferta generosa para apoiar publicamente um candidato?

Ademais, parece mais simples (e conveniente) apontar um candidato, do que ensinar o povo a votar com consciência.

Não é debalde que durante esta época muitas igrejas concluem suas obras, adquirem equipamento novo de som, ou aquela tão sonhada propriedade para a construção do novo templo. É também nesta época que muitos líderes eclesiásticos desfilam de carro novo, ou anunciam à igreja que depois de tanto tempo de trabalho ininterruptos, finalmente sairá em férias com a família logo após os festejos de fim de ano.

O que está em jogo, afinal?

Não é apenas a postura ética que escorre pelo ralo da conveniência. Um candidato capaz de oferecer propina (este é o nome correto) em troca de votos, do que será capaz depois de eleito?

E mais: de onde ele consegue tanto dinheiro para bancar esta compra de votos no atacado? Que grupos estariam por trás de sua candidatura? Que interesses têm?

Portanto, líderes que se rendem (ou se vendem) às propostas destes políticos estão cometendo traição. Traem seu povo, sua consciência, seus votos ministeriais, e o pior, seu Deus.

Deveriam ler atentamente a advertência proferida pelos lábios do profeta Isaías:

“Os teus príncipes são rebeldes, companheiros de ladrões; cada um deles ama o suborno, e corre atrás de presentes. Não fazem justiça ao órfão, e não chega perante eles a causa das viúvas”. Isaías 1:23

Está na hora de darmos um basta nesta famigerada prática. Púlpito não é palanque, e igreja não é curral eleitoral, mas aprisco das ovelhas de Cristo.

Pastores, preparem-se para prestar contas ao dono da Igreja.  Deus não os terá por inocentes. Portanto, “apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente, não por torpe ganância, mas de boa vontade, não como dominadores dos que vos foram confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando se manifestar o sumo Pastor, recebereis a imarcescível coroa de glória” (1 Pe. 5:2-4).

Embora reconheçamos a postura antiética e vexatória de muitos líderes no que tange à política, não podemos nos afastar do processo político, mas nos engajar no afã de produzir entre as ovelhas de Cristo uma consciência política sadia e honrosa.

Cidadania celestial e cidadania terrena não são necessariamente excludentes. Como cristãos comprometidos com o futuro da humanidade, precisamos encarnar os valores e princípios do reino de Deus e expressá-los através de nossa conduta no processo político/eleitoral.

Movido exclusivamente por este interesse, resolvemos assumir a responsabilidade pela produção de uma pequena cartilha para os cristãos. Chamamo-la de Cartilha Reinista pelo Voto Consciente, pois não está vinculada a qualquer denominação, e sim aos ideais do Reino de Deus e a sua justiça.

Confira e compartilhe a Cartilha.



VOTO DO CAJADO - Por Hermes C. Fernandes 

Profanaram nosso altar 
Violaram os seus votos 
Tentam nos manipular 
Induzindo nossos votos 

Quem lhes deu procuração 
pra pensar pelo seu povo? 
Já cansei desta armação 
Nesta marcha não me envolvo 

Quem abriu nossa porteira 
para que entrasse o lobo? 
Armadilha traiçoeira 
pra fisgar só quem for bobo 

Esta guerra contra gays 
Não convence mais ninguém 
Seus decretos, suas leis 
Já não me fazem refém 

Sai pra lá seu impostor! 
Aqui você não se cria 
Assedia meu pastor 
e lhe oferece porcaria 

Ainda que isso fosse 
Por dinheiro ou por cargo 
O que hoje é tão doce 
Amanhã será amargo 

Boas obras podem até 
driblar sua consciência 
Será mesmo que sua fé 
justifica a conivência? 

Mais cedo ou mais tarde 
Suas máscaras cairão 
Imagine o alarde... 
Pra que tanta exposição? 

Na busca por relevância 
fere-se a credibilidade 
Mas no fundo é a ganância 
que negocia a verdade

4 comentários:

  1. Missionário Luiz7:12 AM

    Hermes voce diz com o futuro não se brinca!
    Com toda certeza concordo com o irmão.
    Mas a Palavra de Deus diz em Romanos 12.2 o seguinte: E não vos conformeis com este século, mas trasfomai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa,agradável e perfeita vontade de Deus.
    Devemos reconhecer que o presente sistema mundano é mau, e que está sob o controle de Satanás; veja em At 2.40; Gl 1.4; Jo 12.31; I Jo 5.19.
    Devemos resistir às formas prevalecentes e populares do proceder deste mundo e em lugar disso proclmar as Verdades Eternas e os padrões justos da Palavra de Deus, por amor a Jesus Cristo; veja em I Co 1.17-24.
    Devemos desprezar e aborrecer aquilo que é mau, amar aquilo que é justo; veja em Rm 12.9; I Jo 2.15-17; Hb 1.9 e não ceder aos vários tipos de mundanismo que rodeiam a igreja, tais como cobiça, egoísmo, oportunismo, conceitos humanistas, doutrinas antibíblicas, artifícios políticos visando ao poder, inveja, ódio, vingança, impureza, linguagem imunda, diversões ímpias, vestes imodestas e provocantes, imoralidade, e companhias mundanos, e não se assentar na roda dos escarnecedores.
    Devemos conformar nossa mente à maneira de Deus pensar, mediante a leitura da Palavra de Deus e sua metitação; veja em I Co 2.16; Fp 2.5; Sl 119.11,148; Jo 8.31-32; 15.7.
    Devemos permitir que nossos planos, alvos e as aspirações sejam determinados pelas Verdades celestiais e Eternas e não por este mundo este presente século mau, que é profano aos princípios de Deus e passageiro.
    JESUS CRISTO ESTÁ VOLTANDO ESTÁS TU PRONTO AMIGO! VAI ACONTECER EM BREVE!

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  2. Bispo
    Muito me constrange, como servo do Altíssimo, saber (não que eu já não soubesse!), ou melhor, ser confrontado com esta vexatória realidade. Trocamos o papel de profetas do Deus vivo para nos tornarmos cabos eleitorais de "homens de Deus" fabricados às vésperas das eleições. Vivo na Baixada Fluminense desde que nasci e me surpreendo com a quantidade de candidatos que se converte no ano eleitoral.
    Somos cidadãos, assim como somos profissionais de diferentes áreas. Da mesma forma que nos portamos em nossos trabalhos como servos (sem esquecermos que estamos naquele ambiente que estamos ali porque somos pagos para desenvolver tal função), também precisamos enxergar a política: agirmos com a certeza de que fazemos o que fazemos pensando na coletividade e não apenas em nossa "panelinha gospel".
    Acredito que (fora os voluntários envolvidos com os programas sociais da igreja) ninguém leva seu trabalho para dentro da igreja, mas nos fazemos de bobos e queremos levar nossas convicções político-partidárias (ou mesmo o panfleto do candidato que nos subornou) para dentro da congregação.

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  3. Anônimo2:59 PM

    "Ele comunga de uma crença que afirma que o Estado é a salvação para todos os males que há no mundo. Defende piamente a revolução venezuelana (acha que o que ocorre por lá, na verdade, é boicote de uma elite demoníaca empresarial). Tem fé na inocência de Lula e Dilma, mártires da democracia tupiniquim. E acredita que o paraíso só será alcançado na terra através da concessão de autoridade a determinados pastores iluminados com a graça da consciência social (caberá a eles estabelecer o valor de um grande "dízimo" obrigatório em lei, recolhido muito além de uma décima parte, para a própria salvação do reino).
    Mais do que isso: crê que está ao lado do bem, que concentra todas as doses possíveis de amor, que é um agente da Verdade e que atua como um salvador dos mais pobres contra as forças satânicas dos hereges que pensam diferente dele. Acredita também que se as suas crenças e dogmas forem impostas a todos, ninguém mais viverá longe da bonança e da bondade.
    Ele vota em Marcelo Freixo. E acha que só Marcelo Crivella é um religioso." - Rodrigo da Silva

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  4. Anônimo3:04 PM

    "Acho que nunca foi tão difícil votar no Rio. Um dos candidatos é demagogo, populista, reacionário, só enxerga suas crenças, possui uma visão apocalíptica do mundo, abusa da boa vontade do seu eleitorado, e faz da política uma profissão de fé. O outro é o Crivella." - Paulo Cursino

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