Por Hermes C. Fernandes
Acordei atordoado naquele fatídico dia. Sonhara que dois aviões vinham contra o prédio em que eu morava na Vila da Penha, Zona Norte do Rio. Assistia da varanda da sala, e ficava paralisado, com meu braço grudado à grade da sacada. Quando um dos aviões se aproximou, consegui soltar meu braço. Havia sido um pesadelo e tanto.
Fui para uma agência bancária próxima de casa, quando meu celular tocou. Era Gleibe, um amigo, que perguntava se eu estava assistindo ao telejornal. Disse que não. Foi quando recebi a notícia dos atentados em Nova York. Corri pra casa assustado para acompanhar os acontecimentos.
Enquanto assistia à queda da segunda torre, lembrei de minha irmã Odília que à época morava em New Jersey. Fiquei aflito. O sonho parecia ter sido profético. Aterrorizado, tentei contatá-la, mas sem sucesso. As linhas estavam congestionadas. Foram longos três dias até que conseguimos notícias dela.
Naquela manhã, Odília tinha uma entrevista de emprego justamente lá, onde aconteceram os atentados. Porém, ela perdeu a hora, e ao acordar, assistiu da janela do seu quarto o maior atentado terrorista da história americana.
Agora meu sonho fazia sentido. Meu braço direito representava minha maninha, que na hora "h" recebera um grande livramento.
Muitas outras histórias semelhantes surgiram nas páginas dos jornais e revistas. Odília, por sua vez, ajudou a somar esforços para doar sangue para os sobreviventes das torres gêmeas.
Meses depois, eu e aquele meu amigo que me tefonara avisando sobre os atentados fomos a Nova York visitar minha irmã. Ainda na fila de embarque de Orlando para Nova York, sentimo-nos constrangidos com a revista a que fomos submetidos. Mas o que mais assustou-nos foi presenciar um homem de turbante que embarcou na aeronave sem ser revistado. Todos na fila ficaram igualmente incomodados. Para nossa surpresa, ao passar por ele já dentro do avião, vimos seu distintivo de policial federal. Ufa!
As aeromoças, percebendo o clima de nervosismo dos passageiros, ligaram um microfone e improvisaram um stand up comedy. Apesar das fartas gargalhadas que deram, suas piadas não foram capazes de impedir que todos engolissem a seco ao avistarem Manhattan pela janela. Quando o avião pousou, irrompemos em palmas, um misto de alegria e alívio.
Onze anos se passaram, e hoje, ao vê-la casada e mãe de dois lindos filhos, louvo a Deus por tê-la livrado, ao mesmo tempo em que me solidarizo com a dor de todos que perderam pessoas queridas na queda das torres gêmeas, bem como em todos os atos terroristas ocorridos ao redor do mundo na última década.
Onze anos se passaram, e hoje, ao vê-la casada e mãe de dois lindos filhos, louvo a Deus por tê-la livrado, ao mesmo tempo em que me solidarizo com a dor de todos que perderam pessoas queridas na queda das torres gêmeas, bem como em todos os atos terroristas ocorridos ao redor do mundo na última década.
Nossa,que história Bispo!
ResponderExcluirEu também já tive sonhos assim,mas evito compartilhar porque percebi que as pessoas não acreditam e até riem da nossa cara,mas eu creio que Deus usa sim os sonhos para falar conosco e dou Glórias a Ele por isso!
Graça e Paz!
Lembro-me bem desse dia.
ResponderExcluirEu estava dando aula para uma turma de ensino médio quando o celular de uma aluna tocou e ela pediu para atender dizendo que era sua mãe. Apesar de ser contra as regras da escola, consenti que ela atendesse a ligação no corredor, segundos depois, ela voltou para a sala atônita e com os olhos úmidos (parece-me que a família dela tinha parentes em Nova Iorque)dizendo repetidamente:
- Professor, bombardearam Nova Iorque!
Poucos minutos depois, as turmas foram liberadas para o lanche e na praça de alimentação havia televisores que exibiam incessantemente as cenas do impacto do primeiro avião, quando fomos surpreendidos pelo segundo impacto.
Mesmo sabendo que as atrocidades dos Estados Unidos contra todos os países oprimidos por seu imperialismo pudesse ser a causa de tamanha violência, senti um misto de misericórdia e tristeza pela tragédia que se abatera sobre aquela nação.
Nunca esquecerei aquele dia em que presenciamos toda a nossa fragilidade diante do inevitável, diante daquilo que nos mostra que nada está sob nosso controle. Nossas vidas são, de fato, como a erva que pela manhã está verde e pela tarde seca-se.
Infelizmente, pouca gente se lembra de outro ataque ocorrido em 11 de setembro, só que no Chile, em 1973, quando os mísseis americanos encontraram o palácio presidencial não dando aos seus ocupantes a menor chance de defesa.
Que Deus tenha misericórdia de todos nós!