quinta-feira, outubro 07, 2010

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O Beijo do Todo-Poderoso

Toda história da revelação é a da conversão progressiva de um Deus visto como Deus de poder a um Deus adorado como amor. E dizer que Deus é amor é dizer que Deus é todo amor.

Tudo está neste “É TODO”. Eu os convido a passar pelo fogo da negação, pois só além dele é que a verdade realmente se destaca. Deus é Todo-poderoso? Não. Deus é todo Amor, não me venham dizer que ele é Todo-poderoso. Deus é infinito? Não, Deus é todo Amor, não me falem de outra coisa. Deus é sábio? Não. Eis o que chamo atravessar o fogo da negação: é absolutamente necessário passar por isso. A todas perguntas a mim dirigidas, responderei: não! não! Deus é todo Amor.

Dizer que Deus é Todo-poderoso é propor como pano de fundo um poderio que se pode exercer pela dominação, pela destruição. Há seres suficientemente poderosos para a destruição (vejam Hitler, que matou seis milhões de judeus). Muitos cristãos propõem o Todo-poderoso como pano de fundo e depois acrescentam: Deus é amor, Deus nos ama. Isso é falso! O amor é que é todo-poderoso. Se Deus é Todo-poderoso, ele o é pelo amor, o amor é que é Todo-poderoso.


Às vezes dizemos: “Deus pode tudo!” Não, Deus não pode tudo, Deus só pode o que o amor pode. Pois ele é todo amor. E todas as vezes que saímos da esfera do amor erramos sobre Deus e estamos em vias de fabricar algum tipo de Júpiter.

Espero que vocês captem a diferença fundamental que há entre um todo-poderoso que nos ama e um amor todo-poderoso. Um amor todo-poderoso não só é incapaz de destruir seja o que for, como é capaz de enfrentar a morte. Em Deus não existe outro poder além do poder do amor, e Jesus nos diz (ele é que nos revela quem é Deus): “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (João 15:13). Ele nos revela o poder total do amor ao consentir em morrer por nós. Quando Jesus, no Jardim das Oliveiras, foi flagrado pelos soldados, preso e amarrado, ele mesmo nos disse que poderia ter apelado para legiões de anjos, que o arrebatariam das mãos dos soldados. Absteve-se de fazê-lo, pois nos teria assim revelado um falso Deus, teria revelado um todo-poderoso, ao invés de nos revelar o verdadeiro, aquele que vai até a morte pelos que ama. A morte de Cristo nos revela o que é o poder total de Deus; não um poder de esmagamento, de dominação; não é um poder arbitrário, do qual diríamos: “Que estará ele tramando lá em cima?” Não, ele é todo amor, e esse amor é todo-poderoso.

Reintegro os atributos de Deus (poder absoluto, sabedoria, beleza…), mas esses são atributos do amor. Daí a fórmula que lhes proponho: “O amor não é um atributo de Deus, entre outros, mas os atributos de Deus são os atributos do amor”. 

O amor é todo-poderoso. 

O amor é sábio. 

O amor é belo. 

O amor é infinito. 

Que é um amor todo-poderoso? É aquele que atinge o ápice do amor. E o poder total do amor é a morte: ir até o ápice do amor é morrer por quem se ama. É igualmente perdoá-lo. Se há entre vocês quem haja passado pela dolorosa experiência de uma rixa em família, ou num grupo de amigos, saberá até que ponto é difícil perdoar verdadeiramente. É preciso um amor rudemente poderoso para perdoar, perdoar realmente. É preciso o poder de amar! 

[...] E podem torcer as coisas como quiserem, mas o amor é dom e uma acolhida. O beijo é um belo símbolo de amor: é ao mesmo tempo sinal de dom e de acolhida. Um beijo não acolhido não é verdadeiramente um beijo. Uma estátua de lábios de mármore não recebe beijos, só lábios vivos. E lábios vivos são os que acolhem e dão ao mesmo tempo. O beijo é um gesto admirável e, exatamente por isso, é preciso não prostitui-lo, não brincar com ele; é preciso preservá-lo como sinal de algo extremamente profundo (e aqui chegamos ao âmago de tudo o que a Igreja pensa em matéria de moral sexual). O beijo é troca de sopros que significa a troca de nossas profundezas; sopro-me em ti, expiro-me em ti, aspiro-te em mim, de tal modo que estou em ti e tu em mim. Ou seja, descentro-me para que meu próprio centro não mais me pertença; de agora em diante, sejas tu o meu núcleo. A ti é que amo, a ti que és meu centro, vivo para ti e por ti; sei que tu também te descentras, não és mais o centro para ti mesmo, estás centrado em mim. Estou centrado em ti, vivo por ti. Estás centrado em mim, vives por mim e vivemos os dois um pelo outro. Amar é viver para outro (dom) e viver pelo outro (acolhida). Amar é renunciar a viver em si, por si e para si. 

Eis o mistério da Trindade: se o amor é acolhida, é necessário que haja diversas pessoas em Deus. Ninguém se dá a si mesmo, nem a si mesmo acolhe. A vida de Deus é essa vida de acolhida e dom. O Pai é movimento para o Filho. Ele não é senão pelo Filho. São realmente os filhos que dão às mulheres a condição de mães; sem eles, não o seriam. Ora, o Pai, sendo paternidade, não o é senão pelo Filho. O Filho é Filho para o Pai e pelo Pai. E o Espírito Santo é o beijo entre eles. 

Sendo essa a vida de Deus – de acolhida e dom –, se devo tornar-me o que Deus é, não desejarei ser um ser solitário. Se sou um solitário, não me assemelho a Deus. E se não me assemelho a Deus, a questão de compartilhar eternamente de sua vida não me será proposta. É a isto que se chama pecado: não assemelhar-se a Deus, não tender a tornar-se o que ele é, dom e acolhida. 

François Varillon em Crer para viver (Via Pensador Compulsivo)

2 comentários:

  1. muito bom post amigo

    Aqui, vamos ser parceiros!?

    Seu banner, já está no meu blog...

    use o meu...

    http://prmarcello.blogspot.com/

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  2. Barbosa4:56 PM

    Irmão HERMES,GLÓRIAS A DEUS O TODO PODEROSO,O SENHOR DOS EXÉRCITOS!
    Meu irmão gostaria de comentar alguns assuntos oK?
    No livro de Romanos 5.5 diz: E a esperança não traz coufusão porquanto o AMOR DE DEUS está derramado em nosso coração pelo ESPÍRITO SANTO que foi dado.
    O ÚNICO E VER VERDADEIRO "O AMOR DE DEUS EM NOSSO CORAÇÃO".
    Os cristãos experimentam a AMOR de DEUS nos seus corações,pelo ESPÍRITO SANTO;especialmente em tempos de aflição. O VERBO "DERRAMAR" está no tempo pretérito perfeito contínuo,significando que o ESPÍRITO SANTO continua a fazer o AMOR transbordar em nossos corações. É essa experiência sempre presente do AMOR DE DEUS,que nos sustenta na tribulação desta vida; ler Romanos 5.3,e nos assegura que nossa esperança da glória futura não é ilusória; ler
    Romanos 5.4,5. E A volta de Jesus Cristo de Nazaré para nos buscar é "CERTA"; ler
    Romanos 8.17; João 14.3.
    Continuando:No livro de Romanos 8.38,39 diz: Porque estou certo de que nem a morte,nem a vida,nem os anjos,nem os precipados,nem as potestades,nem o presente,nem o porvir,nem altura,nem profundidade,nem alguma criatura nos poderá separar do AMOR DE DEUS,que está em CRISTO JESUS.
    QUE PROMESSA LINDA DEUS DEIXOU PARA NOS,SENDO PECADORES,ISTO É AMOR DE DE DEUS PARA COM OS HOMENS!
    Se alguém fracassar na sua vida espiritual,não será por falta da graça e AMOR DIVINOS; ler Romanos 8.31,34,nem por causa de poderes do mal ou adversidades demais,mas porque tal pessoa foi negligente na sua comunhão com Jesus Cristo; ler Romanos 8.35,39; João 15.6.
    Somente "EM JESUS CRISTO" é que o AMOR DE DEUS foi manifestado e somente em Jesus o desfrutamos. Somente à medida em que permanecemos em Jesus Cristo como "NOSSO SENHOR"é que poderemos ter a certeza de que nunca seremos separados do "AMOR DE DEUS".
    concluindo:No livro de João 3.16 diz: Porque DEUS amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito,para que todo aquele que nele crê não pereça,mas tenha a vida eterna.
    ESTES É O VERDADEIRO AMOR!
    DEUS AMOU O MUNDO DE TAL MANEIRA.(O SER HUMANO)
    Este versículo revela o coração e o propósito de DEUS para toda humanidade. O AMOR de DEUS é suficientemente imenso para abranger todos os homens a humanidade,o mundo;DEUS deu seu Filho Amado como oferenda na CRUZ por nossos pecados. A expiação procede do CORAÇÃO AMOROSO DE DEUS. Não foi algo que DEUS foi obrigado a fazer; mais foi por "AMOR A NOS PECADORES" ler
    I Timóteo 2.4; I João 4.10; Romanos 8.32.
    NO LIVRO DE I CORÍNTIOS 13.13 DIZ:
    Agora,pois,permanecem a fé,a esperança,e o AMOR,estas três;mas a maior é o AMOR.
    Este capítulo deixa claro que um caráter semelhante ao de Jesus,DEUS o enaltece acima do ministério,da fé ou do da posse dos dons espirituais.
    Os maiores no Reino de DEUS serão aqueles que aqui se distinguem em piedade interior e no AMOR A DEUS,e não aqueles que se notabilizam pelas realizações exteriores; ler
    Lucas 22.24,30. O AMOR DE DEUS derramado dentro do coração do cristão pelo ESPÍRITO SANTO,é sempre maior do que a fé,a esperança,ou qualquer outra coisa; ler Romanos 5.5.
    Em I Coríntios 13.2 diz: E ainda que tivesse o dom de profecia,e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência,e ainda que tivesse toda fé,de maneira tal que transportasse os montes,e não tivesse AMOR,nada seria.

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