terça-feira, setembro 11, 2012

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O leão, o jumento e os pastores políticos

Este post destoa, a princípio, do pensamento geral das lideranças evangélicas de nosso tempo. Digo a princípio, porque no meu entender há dois tipos de exercício da política: representação e ação política. Para mim a atuação política de um pastor diante de seu rebanho é muito mais valiosa que sua representação solitária em uma casa legislativa. Trocar as funções ministeriais pela representação política é desprezar e pisar no mandamento do Senhor.

Um Pastor com chamada de Deus é semelhante ao profeta novo que apareceu em Betel para anunciar o nascimento de Josias, da Casa de Davi, diante do Rei Jeroboão, profetizando contra o altar. E estendendo o Rei a mão contra o profeta, sua mão secou-se imediatamente. Humilhado, pediu oração ao profeta, e sua mão ficou curada. E disso Rei ao profeta novo: Vem comigo a minha casa e conforta-te. e dar-te-ei um presente.

Porém o profeta disse: Ainda que me desses a metade da sua casa, não iria contigo, nem comeria pão, nem beberia água neste lugar, porque assim me ordenou o Senhor: Não comerás pão, nem beberás água, nem voltareis pelo caminho por onde foste. E o profeta se foi, voltando por outro caminho.

E morava em Betel um profeta velho. E o profeta velho, muito experiente nas palavras, albardou o jumento e foi à procura do varão de Deus. E encontrando-o sentado à sombra de um carvalho, perguntou:

--É tu o homem de Deus que veio de Judá?

--Eu sou.

--Então vem comigo à minha casa e come pão.

-- Não Posso. O Senhor me disse que não.

-- Ah! também sou profeta como tu, e um anjo me falou pela palavra do Senhor dizendo: "Faze-o voltar contigo para tua casa, para que coma pão e beba água." Mentindo.

E sucedeu que depois que comeu pão e bebeu água, o homem de Deus, o profeta novo, foi -se embora montado no jumento. E um leão o encontrou no caminho e o matou. E tanto o jumento quanto o leão estavam junto ao cadáver, quando foi encontrado.

Como contextualiza bem o momento político atual com este trágico acontecimento do passado, que está registrado em no capítulo 13 do primeiro Livro dos Reis. Ele traz um alerta aos homens de Deus que hoje estão assentados à sombra do carvalho. À sombra da ociosidade. Orgulhosos das conquistas que já fizeram à frente do ministério. A sombra do carvalho é muito parecida com o terraço do palácio onde Davi estava, já cheio de tantas vitórias, no dia da tentação.

É à sombra deste carvalho que muitos homens de Deus, pastores, evangelistas e bispos, têm sido tentados de uns 15 anos para cá. Ali naquela penumbra, escondidos do sol, tem se ouvido muitos convites semelhantes, convincentes, baseados em discursos de profetas velhos cheios de argumentos ardilosos... Olha eu também sou pastor, bispo, homem de Deus como você, seu lugar não é no Deserto, você precisa ir para Brasília - para defender o "POVO", a Igreja Evangélica... volta, vem comer o pão e beber a água do Planalto!

De onde está vindo os muitos escândalos, contradições, fisiologismo, de homens que antes andavam calçados com os sapatos do evangelho, e os trocaram pelos "jumentos" do secularismo. Há muitas Igrejas de luto, olhando o que restou dos homens que antes cuidavam do rebanho do Senhor: cadáveres espirituais cercados de leões e jumentos.

A representação política está ao alcance de os todos cidadãos deste país. Mas não para o homem que tem uma chamada real para o santo ministério do Senhor. Se voltar atrás, a alma do Senhor não terá mais prazer nele. É sempre bom lembrar disso.



João Cruzué (Via Olhar Cristão)


Título original: À sombra do Carvalho

3 comentários:

  1. Anônimo6:45 AM

    \\concordo!!!!Exelente!!!!

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  2. Irmão João Cruzué
    Concordo com a ideia de que não devemos beber da água nem comer do pão da corrupção instalada em nossa classe política. Mas discordo da afirmação de que aqueles com uma chamada real ao ministério não devem se envolver em representação política. Afinal, somos ministros do Senhor onde quer que estejamos. Podemos "jejuar" como Daniel fez na Babilônia não nos contaminando com os "manjares de Brasília". Mas aquele servo de Deus que aspira à representação política deve fazê-lo com a consciência de que não foi eleito para legislar ou defender um setor da sociedade, antes, ele é representante do povo, mesmo que este povo não tenha sido aquele que o elegeu.

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  3. Marcelo, a paz. Acho que Daniel não foi parar na Babilônia por vontade própria. Ele era um dos cativos de Judá. As circunstâncias eram bem diferentes.

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