quarta-feira, outubro 03, 2012

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Que tal um Talibã Evangélico no Brasil?




Por Hermes C. Fernandes



"Religião é um excelente meio de manter as pessoas comuns calmas".
Napoleão Bonaparte


Karl Marx
tinha suas razões para classificar a religião como o ópio do povo. Quando a religião serve a agendas políticas, a interesses ideológicos de subjugação econômica, com o fim de domesticar e dominar as massas, então, de fato, ela se torna numa poderosa droga.

As duas bestas do Apocalipse nos revelam a dinâmica existente entre os poderes secular e religioso. A Besta que emerge do mar representa o poder do Império Romano, que busca consolidar-se perante as camadas populares através do respaldo da Besta que vem da Terra, o poder religioso. Esta Besta tinha a aparência de um cordeiro, “mas falava como dragão” (Ap.13:11b). As duas bestas se acasalam, provendo a união entre Religião e Estado, entre o que se convencionou chamar de poder temporal e poder atemporal.

A experiência vivida pelo Império Romano tem sido repetida ao longo dos séculos. Os poderosos buscam legitimar seu domínio através da Religião, e a Religião busca consolidar-se através do apoio dos poderes constituídos.

O cristianismo ia bem, expandindo-se por todos os rincões, até que o Imperador Constantino resolveu anunciar sua conversão. A partir daí, o cristianismo deixou as camadas populares, para habitar nos palácios. O que parecia um avanço foi, na verdade, um irreparável retrocesso. Por mais de mil anos, a Igreja, antes subversiva, marginal, andou de mãos dadas com o Estado, desviando-se tanto da doutrina, quanto da práxis apostólica.

A Reforma Protestante resgatou, pelo menos parcialmente, a autonomia da igreja. Digo parcialmente, pelo fato de ainda hoje, algumas igrejas consideradas reformadas serem igrejas oficiais em seus respectivos países, como no caso da Igreja Presbiteriana na Escócia, a Luterana, mantida pelo Estado Alemão, e a Igreja Anglicana, que mantém sua subserviência à Coroa Inglesa.

E por aqui, do lado de cá do Equador, as coisas não estão muito diferentes. A cada dia assistimos à aproximação das igrejas evangélicas do Poder Público. Pastores e Bispos trocam seus púlpitos por uma cadeira no Parlamento.

Quem tem um pouco de conhecimento de História tem a sensação de já ter visto este filme antes. E sabe muito bem aonde isso vai parar.

Lutero dizia que Deus usa dois braços no Governo do Mundo: o braço esquerdo é a Lei, e representa o Estado; o braço direito é a Graça, e representa a Igreja. Ora, se esses dois braços se cruzarem, não poderão trabalhar livremente. Governo e Religião precisam manter a distância entre si. Diálogo, tudo bem. Comprometimento, jamais. A Igreja deve comprometer-e com a Justiça, com o bem-estar do ser humano, mas não com uma agenda política em particular.

Se o Brasil continuar neste caminho, corremos o risco de em breve termos que conviver com uma espécie de Talibã Evangélico.

A Igreja pode
até auxiliar o Estado em seus projetos sociais, porém, deve cuidar para que não seja usada como um instrumento de propaganda política. A bem da verdade, a igreja jamais precisou da ajuda do Estado para desempenhar seu papel social.  Comprometer-se partidária ou ideologicamente seria um suicídio. 

Mantendo certa
distância, a Igreja preserva sua autonomia para desempenhar seu ministério profético, denunciando os erros e abusos do Estado, e trabalhando livremente nas áreas em que lhe falte competência ou eficiência.

Se cristãos sinceros e íntegros demonstrarem alguma vocação política, não vejo qualquer razão para que eles não devam envolver-se no processo político. Mas eles devem responder por si, e não falar em nome de uma denominação religiosa.

De fato, precisamos de políticos cristãos, comprometidos com os valores do Reino de Deus. O que não precisamos é de quem represente a igreja na política. O advogado da igreja é Cristo. Um político cristão deve lutar pela causa dos menos favorecidos, dos excluídos, da Justiça Social, da Educação, e não pelos interesses de um grupo, ou de uma denominação.

Geralmente, a chamada bancada evangélica parece muito mais preocupada com questões de cunho moral, como aborto, casamento homossexual e liberação de drogas. Infelizmente, tais pautas são usadas apenas com fins marketeiros, para justificar perante os eleitores a sua atuação. São, de fato, bois de piranha, para desviar a atenção da opinião pública das falcatruas cometidas em suas legislaturas.

Dificilmente encontramos um político evangélico que demonstre preocupação sincera com questões sociais, como a distribuição de renda mais justa, a reforma agrária e o crescimento sustentável da economia.

Vergonhosamente, a maioria deles está lá para lutar por concessões de TV e de Rádio, por verbas de programas sociais, e principalmente, por cargos.

É por essas e outras que, na classe política, ninguém leva a sério a igreja evangélica. Ela é vista apenas como um vigoroso curral eleitoral.

Recentemente assisti a uma entrevista de um bispo-senador evangélico, que defendia que uma determinada verba destinada à Cultura, deveria ser usada na reforma de igrejas. A igreja de Cristo jamais precisou de verba do Estado. Ela é dignamente mantida pelas contribuições de seus fiéis. Tirar verba da Cultura para investir na igreja é, no mínimo, um motivo de chacota para os incrédulos.

Não são poucos
os casos de políticos, discípulos de Constantino, que ensaiam uma conversão fajuta ao Evangelho às vésperas das eleições. O povo cristão precisa deixar de ser ingênuo, e parar de acreditar nesses políticos hipócritas, que nada mais querem, senão aproveitar do seu potencial eleitoral.

Escândalos envolvendo políticos evangélicos só servem para afetar a credibilidade da mensagem do Evangelho. “Ai de onde vêm os escândalos”, advertiu Jesus.

A Igreja de Jesus não deve ser usada para se alcançar objetivos políticos. Ninguém está apto a exibir procuração pra falar em nome da igreja nos ambientes político-partidários.

Cada membro do Corpo místico de Cristo deve exercer sua cidadania com consciência, e jamais votar em alguém simplesmente por ter sido indicado por seu líder religioso.

Faz-se muito
terrorismo psicológico para forçar os cristãos a votarem no candidato apoiado pela denominação. Fala-se em casamento homossexual, como se a igreja fosse obrigada a realizá-lo, caso tal lei tramitasse e fosse aprovada pelo Congresso Nacional. Se o pastor se negasse a celebrar tal boda, seria preso, enquanto a igreja teria suas portas cerradas. Quanta imaginação! Tudo para convencer os crentes a darem seu voto ao candidato comprometido com a “visão” da igreja. Que visão é essa? Expansão do Reino de Deus e de sua justiça? Não! Expansão dos negócios da denominação. Infelizmente, esta tem sido a verdade, quase que sem exceção

Poucos políticos evangélicos têm demonstrado compromisso com a agenda do Reino de Deus. Alguns estão mais comprometidos com a ideologia partidária, do que com o Reino e a sua justiça. Em vez de fazerem da Bíblia o seu livro de cabeceira, preferem “O Príncipe” de Maquiavel, de onde aprendem que os fins justificam os meios.

7 comentários:

  1. Agradeço a visita ao meu blog, a honra com certeza é minha poder seguir o seu.

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  2. Obrigado pela visita e fico muito enaltecido pelo seu elogio.
    "Lí uma vez em um jornal;Que Jesus Cristo foi e é o único arnaquista que deu certo."
    Já estou lhe seguindo,como faço para acessar e obter seus livros.

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  3. A pior herança, sem dúvida, são os ensinos pagãos que o protestantismo insistiu em guardar no baú teológico. Que este avivamento que a igreja diz estar grávida, nasça, mas ela, morra nesse parto. Venha o Teu Reino _o/

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  4. Anônimo11:41 PM

    Parabéns pela excelente explanação. Não sou uma pessoa religiosa, embora tenha sido educada de acordo com a doutrina católica apostólica romana. Respeito o direito das pessoas professarem a sua fé do modo como quiserem, apesar de saber que em alguns casos, os clérigos se aproveitam da ignorância do povo.
    Mas fico contente em saber que há no mundo pessoas lúcidas e honestas que se dedicam a lançar luz sobre a questão da diferença entre estado e religião.

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  5. " fico contente em saber que há no mundo pessoas lúcidas e honestas que se dedicam a lançar luz sobre a questão da diferença entre estado e religião."

    faço minhas, as palavras do cidadão acima, muito sensato o seu artigo, parabéns!!!!

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  6. Hermes falam mal deles, e com certeza eles não maus.
    Mas eles tem o que os cristãos de hoje não tem, e o que Jesus Cristo quer dos cristãos que é lutar pela doutrina original, está sendo o contrário, são eles os Islã que fazem isto, lutam por sua doutrina com a guarra que Cristo quer que sua igreja lute e não está fazendo, está dormindo e o Espírito Santo do lado de fora de igrejas e corações humanos.
    Está tudo errado no meio evangélico de maquiagem e de palhaços vestidos que são os pastores, ou seja a maioria deles.
    O Islanismo, lutam por sua religião até os dentes, o que o cristão atual não faz, são froxos, não lutam pela sã doutrina de Cristo, Pelo evangelho de salvação só querem prosperidade, e mordomias.
    É por estas coisas que Jesus Cristo diz em Ap 3.16 que está vomitando da sua boca os cristãos mornos na fé que são milhões ou a maioria.
    Como diz o sábio rei Salomão: Vai ter com a formiga o cristão preguiçoso.

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  7. Resumindo:
    "Alo voce, que é líder eclesiástico e anda metido com política partidária e assuntos de governo: Voce é um filho da BESTA do Apocalipse!"

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