sexta-feira, fevereiro 26, 2010

1

Justos por natureza?

Pesquisa garante que o ser humano traz um senso de justiça embutido em sua natureza

A desigualdade que vemos mundo afora não tem a cumplicidade de nosso cérebro. Um estudo publicado pela revista "Nature" mostra que, dentro de nós, a satisfação é muito maior quando todos têm direito a benefícios. Cientistas do Instituto Californiano de Tecnologia (Caltech) e do Trinity College, de Dublin, reuniram imagens de ressonância magnética que comprovam como o cérebro humano aprecia a igualdade. A descoberta põe em xeque a ideia de que a noção de justiça seria cultural.

O material obtido comprova que o centro de recompensa existente no órgão responde mais fortemente quando vemos uma pessoa pobre receber algum benefício do que quando o mesmo ocorre com um rico. Para surpresa dos estudiosos, a conclusão é a mesma até na análise do cérebro de endinheirados.

- Esta é a figura mais recente em nosso álbum sobre a natureza humana. Temos, agora, muitas ferramentas para estudar as reações do cérebro - comemora Colin Camerer, professor de Economia Comportamental da Caltech e um dos co-autores do artigo.

Resposta além da regra social

Há muito se sabe que nós, humanos, não gostamos da desigualdade, especialmente no que se refere a dinheiro. Diga a duas pessoas com o mesmo emprego que seus salários são diferentes, e vai haver descontentamento. Não se sabia, porém, o quanto esse desgosto é embutido.

- A aversão à desigualdade não é regra social ou fruto de uma convenção - rejeita John O'Doherty, professor de psicologia da Caltech. - Há realmente algo a ser considerado no processamento de recompensas em nosso cérebro.

Áreas cerebrais como o córtex pré-frontal ventromedial e o estriado ventral, que criam respostas positivas no corpo, foram analisadas em 40 voluntários, submetidos a uma série de situações envolvendo transações financeiras.

Antes de começar o processamento de por ressonância magnética, os participantes foram divididos em duplas. Um ganharia o que era chamado de "grande doação financeira" (US$ 50); outro começaria a experiência de bolsos vazios. O modo como os voluntários - ou, mais especificamente, os centros de recompensa de seus cérebros - reagiram aos vários cenários apresentados dependia fortemente de sua riqueza no início do estudo.

- Quem começou pobre tinha uma reação cerebral mais forte a situações em que recebia dinheiro, e quase nenhuma resposta a cenários em que os ganhos eram para outras pessoas - explica Camerer.

Até aqui, nenhuma surpresa. O que chamou atenção foi o outro lado da moeda.

- Os ricos do início da pesquisa reagiam mais fortemente quando outros ganhavam dinheiro do que nas situações em que eles mesmos eram beneficiados - lembra Camerer. - Em outras palavras, seus cérebros achavam melhor ver os outros enriquecendo.

O'Doherty também se encarregou de resumir o estudo: o cérebro não responde apenas ao interesse próprio do organismo. Os centros de recompensa também reagem à premiação de outros indivíduos.

- Reagimos de forma muito diferente às desigualdades vantajosas e às desvantajosas - conclui. - Somos sensíveis a diferenças sutis no contexto social. De certa forma, isso é contrário às visões prevalecentes que temos sobre a natureza humana. Como psicólogo e neurocientista cognitivo que trabalha com recompensa e motivação, vejo o cérebro como um dispositivo feito para maximizar nosso próprio interesse. O fato de que essa estrutura parece tão adaptada em responder aos benefícios obtidos por outros dá uma nova referência.

Camerer, economista, assume no artigo que sua visão foi derrubada. Também acostumado a pensar que as pessoas estão mais interessadas em seu próprio benefício, o pesquisador admite que, "se isso fosse verdade, não teríamos as reações apontadas pelo artigo quando outras pessoas ganham dinheiro".

Leia a matéria inteira aqui.

Fonte: O Globo

Comentário de Hermes Fernandes: Mais uma vez pesquisas científicas esbarram com verdades há muito reveladas nas Escrituras Sagradas. O senso de justiça não é aprendido culturalmente, como defendiam as ciências humanas, mas é um item de fábrica. Fomos feitos à imagem e semelhança de Deus, e é diretamente d'Ele que recebemos tal senso. Paulo discorre sobre isso em sua célebre epístola dirigida aos Romanos: "Quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei. Eles mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os" (Rm.2:14-15). Tal fato se deve inteiramente à Graça comum, e não serve para defender a bondade inata do ser humano. Embora tragamos em nossa natureza traços d'Aquele que nos criou, também trazemos a indelével marca do pecado. Por isso, nosso senso de justiça é incapaz de nos salvar. Ele possibilita o convívio humano em sociedade, mas não possibilita seu convívio com a Deidade. Daí a necessidade de que recebamos a justiça de Cristo, sendo justificados pela fé, mediante à Graça.

Um comentário:

  1. Anônimo1:28 PM

    O método positivista que entronizou o conhecimento científico sobre a verdade Teológica é um método 'eficaz' para operar com indicadores estatisticamente mensuráveis. O conhecimento contido no meio extraordinário foi e sempre será objeto da teologia.
    Este conflito que movimenta o século dentro da Eternidade é parte do saber holístico que congrega a subjetividade e objetividade num Mundo único de informações estáveis e informações que se movimentam.

    ResponderExcluir