sexta-feira, novembro 27, 2009

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Thanksgiving e Black Friday















Ontem tive a oportunidade de experimentar uma imersão mais profunda na cultura norte-americana. Explico:

Eu e minha família fomos convidados a participar da celebração do Thanksgiving (Ação de Graça) na casa de meu grande amigo Bispo Bill Mikler. Além dos pratos típicos da época (destaque para o chessecake de abóbora e os Perus, um frito e outro assado), alguns costumes foram zelosamente observados. Uma mesa grande, com lugares para treze pessoas (deveríamos ser em doze, mas de última hora convidamos o Rafa, colega dos meus filhos no High School). Em cada prato havia cinco grãos de milho. Lisa, esposa de Bill, nos contou como foi o primeiro Thanksgiving celebrado pelos peregrinos em comemoração à colheita, depois de vários anos de penúria. Aqueles grãos de milho eram para relembrar aquele tempo. Havia também em cada prato um papel com a oração que instituiu o Thanksgiving. Foi o Bispo Bill quem a leu para nós, explicando-nos o seu contexto.

Depois da oração de gratidão, cada um deveria levantar-se da mesa, ir à cozinha e servir-se (um jeito bem americano, traduzido na expressão "Self-service"). Após o banquete, ainda ficamos por muito tempo papeando ao redor da mesa. Havia muita alegria no ar.

Embora a comida estivesse deliciosa, tinha que deixar espaço para a comemoração do Thanksgiving na New Hope Presbyterian Church em Ocoee, pastoreada pelo meu amigo Pr. Wesley.

A igreja esperava 240 pessoas, mas foi surpreendida com a presença de 320. Louvor, mensagem, oração, testemunhos, jantar... e finalmente: um show de talentos. Foi divertido ver os irmãos cantarem, dançarem, declamarem poemas, etc.

Em meu sermão, lancei dois desafios: primeiro, buscar sempre uma razão para agradecer a Deus, mesmo nas adversidades. Segundo, buscar tornar-se numa razão para que outros agradeçam a Deus.

Fiquei feliz em ver Rhuan, meu filho, se esbaldando na bateria, depois de sete meses de jejum. rs

Os olhos da Revelyn, minha caçula, brilhavam enquanto assistia aos grupos de dança. Rayane, como sempre, entusiasmada, sentiu-se em casa. Tânia, minha esposa, também ficou muito contente de estar no meio de tantos brasileiros. Rafa, nosso convidado, tocou baixo conosco à base do improviso, enquanto entoávamos uma canção de louvor a Deus.

Chegando em casa, Rafa nos convidou para que saíssemos às 3:30 da madrugada para a chamada "Black Friday". Resisti ao convite, alegando que estava muito cansado. Mas o Rhuan insistiu, ao saber das imperdíveis ofertas que as lojas promoviam. Aleguei que não tinha dinheiro para aproveitá-las. Mas daí, o Rafa deu a última cartada: uma das maiores lojas da região (Bells) estaria distribuindo Gifts Cards (vale compras) de até 500 dólares para os 250 primeiros clientes que chegassem. Fiz tudo pra resistir. Mas Rhuan não parava de insistir, pedindo para ir sozinho com o Rafa. Pra evitar mais dor de cabeça, lá fui eu, sentindo-me aquele juiz da parábola de Jesus, que atendeu ao clamor da viúva depois de sua persistência.

Dormi de 1:30 até às 3:30 da manhã. Saí de casa meio incrédulo. Estava tão frio... Como as ruas estavam tranqüilas, pensei: Quem deixaria o conforto de sua cama num frio desses para correr atrás de promoções?

Quando chegamos ao centro comercial de Sanford... surpresa! Nunca vi tantos carros... Todos os estacionamentos estavam superlotados. Wal-mart, Sears, J.C.Penney, Target, etc.

Primeiro fomos à Bells atrás do tal Gift Card. Propaganda enganosa. Ganhos um penduricalho de árvore de natal com um Gift Card de 10 dólares. Pelo menos era alguma coisa!

Fomos para a Best Buy, maior loja de eletro-eletrônicos dos EUA. Uma fila quilométrica. Muitas pessoas haviam se acampado desde o dia anterior. Eu tinha 61 dólares no bolso (equivalente a 100 reais) e achei que poderia aproveitar alguma oferta. Ficamos na fila até às 5:30 da manhã. A loja ficou entupida de clientes. TV's, computadores, câmeras, tudo abaixo do preço. Alguns ítens muito abaixo. Tinha laptop sendo vendido a 198 dólares! (cerca de 350 reais!)

Confesso que estava com tanto sono, que não me dispus a gastar meus soados 61 dólares quando vi que a fila do caixa parecia tão grande quanto a que enfrentamos pra entrar.

Pelas crianças a gente prosseguia em nossa andança. Mas pra mim, já era suficiente. A experiência da Black Friday não foi o que eu esperava, mas pelo menos pude constatar a fúria do mercado americano na busca de lucros, e o incontido anseio da população em busca de novas aquisições materiais. Li num jornal que esse dia representa 20% dos lucros do ano inteiro.

Agora sei por que houve tantas garages sales nas últimas semanas. As famílias americanas esvaziaram suas casas de produtos já ultrapassados, para substituí-los pelos lançamentos.

Algumas horas antes, ação de graça. Pela madrugada adentro, consumo incontrolável.

Pelo menos, escapei! Meus 61 dólares estão intactos. E meu coração repleto de gratidão a Deus pelo Seu dom inefável.

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