domingo, março 01, 2009

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Não quero ser como Zaqueu

Um dos hits atuais da música gospel conseguiu a proeza de ser tocado em rádios seculares, ficando entre as mais pedidas.

A letra começa dizendo:

Como Zaqueu eu quero subir
No mais alto que eu puder
Só pra Te ver, olhar para Ti
E chamar Sua atenção para mim

A bem da verdade, esta estrofe da canção não passa de um clichê. Outras canções consagradas pelo público gospel usam palavras semelhantes. Está na moda "subir mais alto", "alcançar as alturas", etc.

De fato, Zaqueu subiu para ver Jesus. Achou que devido à sua posição social, não deveria se expor, e preferiu a camuflagem das folhas de uma árvore, que lhe serviu de camarote. Subir aquela árvore foi decisão sua. Porém, o que ele menos queria era chamar atenção. Para sua surpresa, Jesus o identificou entre a folhagem, e ordenou: Desce depressa!

Ledo engano achar que se pode alcançar a Deus subindo. E o que não falta é árvore pra isso. Há , por exemplo, quem prefira freqüentar megatemplos para que a multidão lhe preserve o anonimato. Poucos querem se expor, descer do pedestal, buscar relacionamento.

E quem somos nós para querer chamar a atenção de Deus?

Outra parte problemática da canção é a que diz "quero amar somente a Ti". As Escrituras são enfáticas em dizer que se não amarmos ao nosso semelhante a quem vemos, como amaremos a Deus a quem não vemos? Melhor seria se o compositor dissesse: "Quero amar PRIMEIRO a Ti", em vez de "somente a Ti".

Esta canção, como tantas outras, é sintomática, e revela o estado espiritual em que se encontra a igreja evangélica.

A igreja sofre de um narcisismo doentio, e tenta curá-lo buscando a atenção do mundo. Tocar em rádios seculares tornou-se o maior aferidor de sucesso para a música cristã.

Jesus disse que somos o Sal da Terra. Já reparou que o sal não chama atenção para si mesmo? Sua missão é realçar o sabor da comida, e não atrair a atenção para si. Como Luz do Mundo, a igreja deve refletir a glória de Deus em vez de buscar atrair os refletores para si.

É triste ver os crentes cantando um amontoado de frases desconexas, sem ao menos refletir.

Por essas e outras que tenho encontrado verdades compatíveis com a Revelação das Escrituras em canções seculares, mais do que em muitas consideradas cristãs.

Perdoem-me a sinceridade!

A música cristã está sofrendo de nanismo, e Zaqueu tornou-se a referência perfeita de sua estatura atual. Tá na hora de crescer! Chega dos mesmos temas, dos mesmos vícios de linguagem, das mesmas frases musicais. Mas pra isso, temos que descer da árvore (e de pressa!), deixarmos os rótulos ("gospel"! argh!), submeter-nos a uma auto-crítica sincera, buscando novos horizontes.

4 comentários:

  1. O povo esta alienado neste mundo GOSPEL não atentam para o que estão escutando.

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  2. Uau! Excellent, my bishop!

    Sorte minha já ter repudiado essa música por aqui! hehehe

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  3. Anônimo12:27 AM

    desculpe! Bispo como alguém ,pode ver tanto defeito em um hino como este e se deleitar, com uma musica do u2 dizendo que ela é um verdadeiro hino de louvor ao Senhor. Me parece que todos os teus diplomas, e titulos etão te enganando peço a Deus que teus olhos sejam abertos assim com Eliseu pedi para que o do seu moço fossem abertos.

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  4. Meu caro anônimo, se me apontar um erro na música do U2 que postei, eu me retratarei. O que me aborrece é este espírito provinciano da igreja evangélica. Por conta disso, muitos artistas seculares têm forjado uma conversão, só para aproveitar o nicho.
    Os integrantes do U2 são cristãos, e ainda assim, preferem explorar o mercado secular, a explorar os próprios irmãos. Suas músicas sempre chamam a atenção do mundo para causas nobres, entre elas, a causa do Reino de Deus e de Sua justiça. O contrário do que se vê no meio evangélico de um modo geral (com raríssimas excessões!), onde se explora a ignorância bíblica e se investe na alienação.
    Mil vezes o U2!
    Não falo como bispo, mas como ser humano que tem seu próprio gosto, e que assina o que diz.
    Na paz.

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